sábado, 29 de maio de 2010

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE VIII (assuntos:mocambos e cemitérios)

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CEMITÉRIO DA MASSARANDUBA
“Em 1877 obteve a Ordem Terceira da Santíssima Trindade e Redenção dos Cativos a doação do Cemitério de Bom Jesus, situado na periferia, hoje bairro de Massaranduba. Na ocasião era o único cemitério na região para escravos e indigentes. E fez também, essa Ordem Religiosa a aquisição da Capela de Nª. Sª. Das Candeias no arraial desse nome. Doação do Tenente Coronel Miguel de Teive e Argolo, em escritura pública, passada pelo Tabelião José Augusto Abrantes, em março de 1833 quando tomou posse juridicamente dessa instituição.
Conforme depoimento de historiadores da nossa Salvador, O Cemitério da Massaranduba, assim chamado pelo povo e que “ a água do mar ia perto do local em maré cheia, quando vazante transformava-se o local em manguezal.”
Havia já nesta época, o Cemitério dos Ingleses, afastado da cidade, perto da fazenda Gonçalo. Até 1833 era simples e abrigava outros estrangeiros. Depois foi reformado no ano de 1857, perto do Cemitério do Campo Santo como existe até hoje.
A religião católica não consentia de bom agrado, enterrar estrangeiros nas igrejas que não fosse católico, os Luteranos, Presbiterianos, Judeus e outros nem pensar. Já o Cemitério dos ingleses ou como era chamado pelo povo de Cemitério dos Estrangeiros, não era permitido enterramento dos filhos da terra. Antes os defuntos eram jogados no Cemitério do Campo da Pólvora, local dos escravos, indigentes e injustiçados Fechado em 1844. Como também, todos aqueles que foram mortos vindos do Hospital da Santa Casa da Misericórdia. Geralmente esses defuntos, tinham enterro simples, sem missa, com benção do padre e carregados em bangüê por familiares e amigos. Os ricos católicos ou aqueles que podiam pagar faziam aterramento nas igrejas de sua devoção, com muito luxo e ostentação, e o transporte do defunto vinha na “patusca” carro mortuário movido a tração animal com ornamentos pretos.
É BOM LEMBRAR
Que em 1855 foi proibido o enterramento nas igrejas, o que já havia sido solicitado principalmente nesta época do Cólera-morbus(epidemia) quando não mais havia local para enterrar os mortos.
Obs: Trabalho de pesquisa sobre a tradição de enterramento na Bahia, século 18
 Álvaro B. Marques.
FATOS MARCANTES DA ÉPOCA.
MOCAMBOS OU QUILOMBOS – É o mesmo sentido, esconderijo de escravos na floresta. Faziam fugas os elementos desordeiros, assassinos, ladrões e aqueles que não suportavam a lei da chibata como castigo nos tempos coloniais. Os Mocambos eram espalhados por vários lugares da capital e interior baiano, de sorte que lá não podia entrar nenhum aventureiro e nem sair.
Enquanto existiu a escravidão no Brasil, existia o Mocambo, terra do negro, refúgio da liberdade, sonhos de noites e dias de torturas. Caminho sem volta, uma pátria dentro do Brasil Colonial, com várias étnicas juntas e o mesmo grito de liberdade.”
Na Bahia foram essas localizações em que mais constituíram o Mocambo: Cayrú, Rio de Contas, Tucano, Geremoabo, Jacobina, Ilhéus, Camamú, Barra do Rio Negro, Serra Negra( fronteira com Sergipe ) e Rio São Francisco. Em Salvador se destacava o de Itapoã que levou muitos anos.
( Fonte do livro: “ A Margem da História da Bahia” – autor: Francisco Gomes de Barros)
Segundo o historiador Edson Carneiro no seu livro: “O quilombo dos Palmares”, ele diz:
“O quilombo dos Palmares, era um constante chamamento, um estimulo, uma bandeira para os negros escravos das vizinhanças, um constante apelo a rebelião, a fuga para o mato, a luta pela liberdade. As guerras nos Palmares e as façanhas dos quilombolas assumiram caráter de lendas, alguma coisa que ultrapassava os limites da força e do engenho humanos. Os negros de fora do quilombo consideravam “imortal” o chefe Zumbi; a fama da resistência contra as incursões dos brancos Somente a última expedição foi a de Domingos Jorge Velho em 1697 conseguiram êxito. Não obstantes as dezenas de expedições que os brancos, inclusive os holandeses em 1644 fizeram sem sucesso”.
MEUS COMENTÁRIOS: Na Bahia houve realmente vários quilombos. E nenhum deles os governos ou os proprietários dos escravos tinham interesses de resgatá-los, isso porque o custo dessa empreitada era muito alto, teria que formar uma expedição de homens corajosos e toda a manutenção, como seja: animais, alimentos, água, armas e etc. Havia sempre dúvidas do sucesso e a desvantagem sempre numérica dos escravos.
Como também a localização em que eles ficavam era sempre vantajosos para emboscadas. Geralmente em lugares de difícil acesso em montanhas.
Preferiam colocar anúncios em jornais com características dos fugitivos e fazerem novas compras de escravos, era mais econômico.
Até hoje não sabemos como se organizavam os quilombos dentro das florestas, como eles viviam e o que eles pretendiam fazer já libertos de alguma forma. Sabemos que em Pernambuco, o Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga, chamados de quilombolas, foram exterminados mas levaram 67 anos de 1630 a 1697 em apogeu e lutas com grandes expedições..
Os historiadores limitaram-se nas “historias contadas pelos soldados regressos das expedições,” mais não tinham a descrição exata de como era os quilombos e a sua vida social porque os comandantes e soldados só pensavam em matar e destruir os quilombos. Era a sua missão, o extermínio total. Nada foi registrado oficialmente para a História fatos verdadeiro dos Mocambos. Mas tudo indica que os quilombolas faziam intercâmbios de mercadorias, ferramentas e armas com os vizinhos abaixo da Serra da Barriga e eram avisados da chegada dos brancos invasores. Os quilombolas não permitia a entrada de brancos nos quilombos. Como também não consentiam a saída de ninguém pra fora dos quilombos, por essas razões, acredito que não havia muitas informações sobre a vida social dos quilombolas.
O medo da perda da liberdade era o fator principal para não saírem dos quilombos, preferiam morrer lutando pela sua liberdade.
MARCAR ESCRAVOS
Alvará de 3 de março de 1741; “ Eu el-rei faço saber que este alvará virem, que sendo-me presentes os insultos que no Brazil comettem os escravos, a que vulgarmente se chamam quilombolas, passando a fazer excesso de se juntarem em quilombos; e sendo preciso acudir com remédios que evitem esta desordem; hei por bem que a todos os negros que forem achados em quilombos, estando nelles voluntariamente, se lhes ponha com fogo uma marca em uma espádua com a letra F, para esse efeito haverá nas câmaras; e si quando for executar essa pena for achado com a mesma marca, se lhes cortará uma orelha por simples mandado do juiz de fôra ou ordinário da terra ou do ouvidor da comarca sem processo algum e só pela notoriedade do facto, logo que do quilombo for trazido, antes de entrar para a cadeia.” ( Fonte do livro: “Álbum Popular Brazileiro” – autor: Affonso Costa. – pags. 237/238 – publicado em 1913 SSA,BA.)
Meus Comentários:
Belos frutos do absolutismo medieval em que a Liberdade era um crime hediondo diante dos olhos dos opressores.
O texto acima está conservado o português da época.
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE VII ( CARAMURÚ E CATARINA PARAGUSSÚ)


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O que conhecemos de Diogo Álvares Corrêa, o aventureiro português (n.1475 m.1557)
“Conseguiu-se salvar-se de um naufrágio no Rio Vermelho, região da cidade de Salvador Bahia, onde morreram todos os seus companheiros. Escondeu-se na ocasião, num penhasco a beira mar; daí ser Caramurú ou Mareia, que significa “peixe jogado pela maré contra os penhascos, misturando aos sargaços”. Conta a lenda que teria matado uma ave com um tiro de bacamarte, e por isso, o chamavam “Filho do Trovão”.
Viveu entre os índios durante 51 anos, enfrentando-os em suas revoltas contra Francisco Pereira Coutinho, o donatário da capitânia, casou-se depois com uma índia, filha de um cacique Tupinambá que mais tarde foi batizada como Catarina Paraguassú. Imortalizado no poema épico Caramurú do poeta Frei José de Santa Rita Durão. Morreu na povoação de Pereira da Aldeia Velha e foi sepultado no Mosteiro de Jesus”. (Fonte extraído do livro: “Grande Dicionário da Língua Portuguesa – Histórico – págs.216)
NOTA COMPLEMENTAR: Naquela época chamava-se povoado de Pereira da Aldeia Velha, abrangendo hoje os bairro de Farol da Barra, Barra Avenida e Graça. Fazia um só mapa. Por essa razão, alguns historiadores afirmam que a igreja da Graça é a primeira do Brasil. Lá encontra-se o famoso quadro de Catarina Paraguassú – “ o sonho de Catarina Paraguassú”, pintura do século XVI.” ( Fonte do livro: Relíquia da Bahia – autor: Edgard de C. Falcão)
É BOM LEMBRAR;
“ O primeiro templo católico erigido no Brasil., segundo Frei Jaboatão, foi construído em Porto Seguro, pelos jesuítas no ano de 1503.
“O segundo templo foi construído por Diogo Alves Correia – o Caramuru, entre os anos, de 1528/30 é a igreja de Nossa Senhora da Vitória..Manuscrito existente no arquivo do Convento de São Francisco, foi lido no livro “Livro dos Guardiões”, onde estão registradas todas as crônicas do Convento, deste a sua fundação.”(Fonte do livro:Bahia Histórica – autor Sílio Boccanera Jr.)
CATARINA ÀLVARES CARAMURÚ – Considerado por muitos historiadores como heroína brasileira (n.1504 m.1586). Filha de um cacique tupinambá. Casou-se com Diogo Álvares Corrêa, o Caramuru; com ele foi para a França em 1526. Lá batizou-se com o nome de Catarina. O casal teve quatro filhas que se casaram com colonos portugueses vindo com Martim Afonso, e dos quais descendem muitas famílias importantes, entre elas os Garcias D’Avilas, origem da nobreza Imperial brasileira, com o primeiro titulo honorifico conferido por D. Pedro I, no dia da coroação.
Madalena, casada com Afonso Rodrigues, se tornou célebre por ter sido a primeira mulher brasileira que aprendeu a ler e a escrever” (Fonte extraída do livro: Grande Dicionário da Língua Portuguesa – Histórico. págns.216).
É BOM LEMBRAR: “A mulher só depois de 1879 pode ser concretizado o ideal da liberdade educacional, graças a reforma liberal do conselheiro Leônico de Carvalho.
A mulher estava presa a educação rígida e as vezes exagerada de uma prisão doméstica, a qual até os cursos secundários e superiores oficiais, eram proibidos a sua admissão. Só nos primeiros anos do século XX, causava admiração uma jovem estudar Medicina, Direito e Engenharia. Antes, no máximo eram as prendas domésticas, tocar piano e saber ler e escrever a língua pátria, Francês ou Inglês, isso nas famílias ricas.”( Fonte do livro: Manuel Vitorino e o Desencanto Político” – autor: Alexandre Passos – págns.216)
É BOM LEMBRAR: O chá foi introduzido na Europa, em fins do século XVII, pela Holanda que desenvolveu a sua plantação na ilha de Java, cuja cultura desordenada aí encontrou um clima favorável.
Chegou-nos o chá para o Brasil por intermédio da metrópole, ainda no século XVII. Os cronistas da época afirmaram que o cultivo das plantações do chá veio com os jesuítas na Bahia, depois Pernambuco e mais adiante no Rio de Janeiro. Trazido também, por mercadores da Companhia das Índias Ocidental. Os portugueses trouxeram as folhas secas e mudas da pitangueira e vassourinha para a colônia brasileira. (Fonte do livro: O Rio de Janeiro no tempo do “Onça” autor: Alexandre Passos – págns. 49) Na realidade o chá já era difundido há muitos séculos pelos chineses, Oriente Médio e toda a Ásia. A sua história remontada da China, vejamos: “A planta camélia vem de origem da China e da Índia. Sendo que o primeiro registro do chá data do século III a.C. O tratado de Lu Yu, conhecido como o primeiro tratado sobre o chá técnico, escrito no século VIII, durante a dinastia Tang, definiu o papel da China como responsável pela introdução do chá no mundo. Foi introduzido no Japão no inicio do século IX por monges budistas que levaram da China algumas sementes. ( Fonte da Google (jardim de flores)
O CAFÉ DA BAHIA:
“O introdutor da planta do café, cultivado na Bahia, veio desde o ano de 1809, por Manoel Fernandes Novinho, recebeu dos Capuchinhos italianos Frei Pedro de Serravezza e Frei Marcelo de Carmagnolo, os grãos de café que lhe surtiram grande e valiosa colheita”. (Fonte do livro: Anais do 1º Congresso de História da Bahia)
“Já no Rio de Janeiro o café quem trouxe foi Francisco de Melo Palheta; sertanista brasileiro, em 1727 da Guiana francesa, até onde conseguiu penetrar, as primeiras mudas e sementes do cafeeiro no Brasil. Mas o chá continuou a ser bebida normal, quente, dos brasileiros, começando a ser superado pelo café no último quartel do século XIX.” (Fonte extraída do livro: “Rio no Tempo do “Onça” – ( séc.XVI ao XVIII )
TELEGRÁFOS: submarino foi inaugurado no dia 1 de janeiro de 1874, e o telegrafo nacional teve inicio na Bahia em janeiro de 1872.
Em 11 de dezembro de 1873 aqui na Bahia aportou o navio inglês Hoop, que conduzia o fio elétrico, tendo emergido 1.300 milhas de cabo entre o Pará e Pernambuco e 341 milhas de Pernambuco a Bahia, no total de 1731 milhas.”
LARANJAS DA BAHIA.
“As primeiras laranjas da Califórnia são de origem baiana. Mandadas do Brasil algumas mudas em 1830. Por um americano possivelmente do consulado americano, radicado na Bahia. Essas mudas foram cultivadas na estufa do jardim público do Capitólio em Washington nos Estados Unidos e daí seguiram para a Califórnia por ser o clima parecido com o do Brasil, principalmente da Bahia.
Tratadas com mimos, essas árvores cresceram, frutificaram e multiplicaram-se tão rápido que constituem hoje uma fonte de renda e riqueza para o Estado da Califórnia. É triste pensar que a Bahia se quisesse ter essa fortuna seria dela e o país mais promissor.
Como também nas ilhas Malásias os ingleses cultivaram em grandes extensões de terras plantas do Brasil. Principalmente a árvore chamada de “árvore da borracha” e desenvolveram maravilhosamente a cultura. É mais uma fortuna que o Brasil do tempo do Império deixou sair de regiões ricas em faunas e floras. Por não querer cultivar o que por acaso nasceu.” ( Fonte do livro: “Correio da Roça - autor: Júlia Lopes de Almeida pub. Em 1913/BA).
NOTA COMPLEMENTAR:
Realmente, na capital baiana Salvador no bairro do Cabula, foi o local das famosas “laranjas seletas e de umbigos” tão recomendadas pelo povo e até indicadas por D. Pedro II para serem cultivadas em Portugal, chegando a levar para a Metrópole mudas e laranjas o que não foi possível o cultivo por causa do clima. Também no interior da Bahia em Santo Antonio de Jesus, essas laranjas eram de boas qualidades.
Naquela época os domínios portugueses no Brasil só tinham olhos para o cultivo da cana de açúcar, algodão e fumo por serem os mais procurados no mercado consumidor interno e externo e o lucro eram certos. Uma vez que esses produtos já eram de grandes interesses pelo Império.
Trabalho de pesquisa de Álvaro B.Marques

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE VI - (Breve comentário sobre a escravidão no Brasil)

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Breve comentário da escravidão  no Brasil.
Lendo o comentário no livro “Manuel Vitorino Pereira e o Desencanto Político” do autor Alexandre Passos na parte da Escravidão no Brasil, ele diz: “Se bem que fosse comum, entre os povos romanos e gregos, a escravidão dos vencidos após guerra. Já a escravidão na Idade Média, houve tentativa de abolir uma vez. Mas não passou de uma ilusão o nobre designo; menos de cem anos depois, a escravidão é restabelecida pelos europeus. Inglaterra, França, Espanha, Holanda e Portugal encontraram na Àfrica o seu melhor núcleo de recrutamento de trabalhadores para as suas Colônias, sem nenhuma remuneração. Nasceu dessa forma a escravidão negra em massa. Mas esse procedimento não podia durar indefinitivamente.
A Inglaterra, em 1807, aboliu o trafico, policiando os mares, a fim de que outras nações não a praticassem.
Em 1833, deu-se a abolição total em todas as suas Colônias.
A grande revolução socialista de 1884 de que se originou a primeira República francesa, extinguiu a escravidão na França e suas Colônias.
Portugal foi a primeira nação a reiniciar a escravidão, ainda no reinado de D. João I (1383/1433), em pleno século XV. Foi também das últimas a extingui-la. As Colônias portuguesas só em 1876 ficaram livres da escravidão. Mas, no Brasil veio com Tomé de Souza e só terminou em 13 de maio de 1888. ( Fonte do livro “ Manuel Vitorino e o Desencanto Político.” – autor Alexandre Passos.
É bom lembrar:
“Os primeiros mestres de obras que aportaram na Bahia, foram: Luís Dias e depois Filipe Guilhem, foram também os primeiros construtores das casas de Engenhos e das casas grandes.” ( Fonte do livro “Manuel Vitorino e o Desencanto Político.” – autor Alexandre Passos.)
VAMOS ACOMPANHAR A NARRATIVA ABAIXO DE UM ESCRAVOCRATA QUE NÃO QUERIA A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA TOTALMENTE LIVRE, PÓS EM SUA OPINIÃO A MELHOR MANEIRA SERIA EM FORMA DE IDENIZAÇÃO AOS SENHORES DO ESCRAVO E LIBERDADE GRADUAL. Para não prejudicar o comércio e a lavoura. Como também, é contra o pagamento de imposto sobre a compra e venda do escravo.
“O imposto sobre escravos só atinge aos não pertencem à lavoura. Sempre considerados injustos, semelhante distinção entre o escravo do campo e o da cidade, e em tese essa regalia concedida ao proprietário rural importa uma desigualdade para com os demais senhores de escravos.
È sabido que, em regra geral, o escravo na cidade é muito melhor tratado, vestido, alimentado, trabalha menos, com serviços leves. E os lucros que eles dão aos seus senhores em serem vendeiros e alugues, deixa em mãos uma boa soma, são maiores do que os do campo. Não é justo está cobrança de imposto, é claramente injusta. É uma forma de proteger a lavoura e os grandes ricos donos de Engenhos e terras. Isenta-os de pagar pelos seus trabalhadores e penaliza aqueles que não têm lavoura.”
( Fonte do livro: “ Elemento Escravo”- as questões econômicas do Brasil – 1885 autor: Augusto Álvares Guimarães – págns.69)
ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO BRASIL: 1º - Proibiu-se o tráfico de Africano em 183l
2º- Libertação do ventre livre(a Lei Auréa) em 1871
3º- Libertação dos sexagenários em 1885.
4º- Libertação incondicional de todos os escravos em 13
de maio de 1888.
FATOS MARCANTES DA ÉPOCA
Pelourinho é uma coluna de pedras ou pilastra, erguida em meio da praça pública chamada também terreiro, símbolo do poder municipal. É uma coluna de cantaria com argolões fixos de bronze, amarrados aí os condenados a açoites públicos.
A patriótica Sociedade Dois de Julho conseguiu da Câmara Municipal a abolição do infamante instrumento de súplica Colonial, sendo destruído a 7 de setembro de 1835.
As execuções públicas se realizavam em vários lugares; na praça da Piedade os nossos mártires da Inconfidência Baiana, padeceram ( hoje treze de maio ). No Campo da Pólvora foram os condenados da Revolução Pernambucana de 1817, daí chamado o largo Campo dos Mártires, ( hoje Dom Pedro II ). No Terreiro de Jesus, houve execução capital. O “Pelourinho” ficou somente o nome que lembra “pelouro” ou pedra de arremessos, porque o apedrejamento era sanção pública, com que se castigava o “escândalo”, que é pedra também, embora, que isso seja “ pedra de escândalo” ou dito popular: “ atrás do apedrejado – corre às pedras como os pelouros atados ao poste, do Pelourinho”. ( Fonte do livro: “ Livro de Horas “ – autor: Afrânio Peixoto).
O Pelourinho, uma coluna de pedras de cantarias, com argolas de bronze, onde eram amarrados e castigados, pública e barbaramente, os escravos e os condenados à pena de açoite. Mais tarde, este poste de súplica, foi mudado para o alto da ladeira do Rosário da Baixa dos Sapateiros, ficou até poucos anos, denominado o local de Largo do Pelourinho, hoje praça José de Alencar.
Por ordem da Câmara Municipal, foi demolido o infame “Pelourinho” em 1835, colocando no seu lugar um chafariz em 1857, ano em que começou esta cidade a ter fornecimento de água potável, sendo então levantados vários chafarizes nas principais praças. Alguns de mármores de carrara de valores artísticos, que pouco a pouco, estão desaparecendo de nossas vistas, por serem já coisa inúteis para o senso estético de nossos governantes”. ( Fonte extraído do livro: “ Bahia Histórica” autor: Sílio Boccanera Jr.)
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE V(vários acontecimentos; enterramento, iluminação pública, revoltas escr.)

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“Em 1785 no dia 5 de Janeiro, foi publicado um alvará ordenando se fechassem no Brasil, sobre as mais graves penas, todas às fabricas, manufaturas e teares de algodão, de bordados de ouro, prata, seda, linho, lã ou algodão, exceto, apenas a fazenda de algodão grosso para o uso dos negros, índios e das famílias pobres.”
“Em 1º de Abril, revoga-se o alvará de 5 de Janeiro de 1785, sobre a proibição de se fabricar no Brasil tecidos finos e bordados de algodão e outros.”
“Em 1804 a Capital da província da Bahia (hoje Salvador) chega o navio Bom Despacho, trazendo a bordo, os escravos que foram a Lisboa e que ali vacinado, trazem a vacina da febre amarela para o Brasil.”
No dia 13 de Maio de 1808, funda-se no Rio de Janeiro a “Imprensa Régia” e o primeiro jornal “O Diário do Rio de Janeiro”.
REVOLTA DOS ESCRAVOS NA BAHIA.
“Em 1809, escravos de nação Haussá ou Ussá.O movimento deu-se afastado da cidade 3 léguas. Preciso intervenção da força armada que agiram com rigores vários foram presos.
Em 1835 no dia 24 de Janeiro, rebentou outro levante de grandes proporções com elevado números de mortes e feridos e mais de 25 presos. Denominado “Revolta dos Malês”, escravos de nações ussás, minas, angolanos e outras nações se juntaram. Assaltaram os postos e quartéis de soldados em corre-corre nos lugares; Largo do Theatro Público, na Mouraria e no Colégio. Foram também para o Quartel do Forte de São Pedro e da Cavalaria em Água de menino. Tudo foi controlado pelo chefe de polícia que depois Visconde de São Lourenço Dr. Francisco Gonçalves Martins.”
(Fonte extraída do livro: Revista Trimensal do Inst. Geo. E Hist. Da Bahia – vol. VI págs. 142/146.)
É BOM LEMBRAR:
“Conforme carta régia de 11 de janeiro de 1801 proibe o enterramento nas igrejas. Medida reivindicado pela população e saúde pública. Os cemitérios locais serviam para os indigentes ou seja, gente pobre e negros escravos. Mas se fossem católicos e pudessem pagar o seu enterro, poderia ser nas igrejas.”
“A insistência do povo católico em enterrar os mortos nas igrejas, levaram quase um século de 1801 a 1889 foi quando realmente começou a proibição em toda a Bahia.
Na época do cólera-morbus (febre amarela) em 1854 a 1855) flagelo que ceivou mais ou menos 30.000 pessoas na Bahia. Foi neste período que as igrejas não cabiam mais enterrar os mortos. E assim, houve a necessidade de abrir novos cemitérios”.(Fonte do livro: Revista do Inst. Geo. E Hist. Da Bahia vol. VIII nº 27).
FATOS MARCANTES
As fortificações e reparações dos Fortes existentes e alguns a ser construídos no século XVIII foram atribuídos ao mestre de obra (arquiteto) João Massé, coordenou os Fortes da Bahia e Rio de Janeiro”.(Fonte extraído do livro: “O Rio de Janeiro no tempo do “Onça” – autor; Alexandre Passos. Págns.78).”
“A construção da Fortaleza de Nª.Sª do Popúlo ou São Marcelo, foi iniciado em 1650 e concluída em 1723 pelo vice-rei D. Vasco Fernandes Cezar de Menezes, conde de Sabujosa em 19 de agosto de 1772.”(Fonte: Efemérides da Freguesia da Igreja da Conceição da praia. – autor: Mons. Manoel de Aquino Barbosa.)
“ Em 18 de agosto de 1819 – No estaleiro da Preguiça se construiu o primeiro navio preparado no Brasil com a primeira máquina a vapor, importada por Felisberto Caldeira Brant, futuro Marquez de Barbacena.”( Fonte: Efemérides da Igreja da Conceição da Praia. – autor: Mons. Manoel de Aquino Barbosa.)
“Em 7 de janeiro de 1857 – A Companhia do Queimado, fundada nesta Capital, para fornecer água potável às cidades alta e baixa, principia a funcionar, vendendo água potável e instalando vários chafarizes em locais públicos de Salvador.”( Fonte: Efemérides da Igreja da Conceição da Praia.- autor: Mons. Manoel de Aquino Barbosa.)
“Em 15 de julho de O italiano Pongetti, funda nesta cidade de Salvador a primeira livraria com o nome de Catilina e se tornou “ o ponto de encontro mais conhecido da Bahia, reuniões de políticos, intelectuais, médicos, artistas, comerciantes para fechar grandes negócios e etc.”( Fonte: Efemérides da Freguesia da Igreja da Conceição da Praia. – autor: Mons. Manoel de Aquino Barbosa.)
“ Em 2 de maio de 1768 – Foi inaugurado o Solar de Lisboa, situado pouco abaixo das portas de Santa Luiza. Hoje Rua Carlos Gomes, de propriedade Antonio da Silva Lisboa, rico negociante com as Índias, traficante de escravos com a Costa de Minas, exportador de Tabaco de ínfima qualidade, usado para toca de escravos nos domínios de Daomey e de todas as terras da ÀFRICA nos caminhos de Cabo Corso ao Cabo das Tormentas. Mais tarde, este prédio pertenceu ao Conde de Passé e nele foi fundado em 1856 o “Diário da Bahia”.( Fonte do livro: Efemérides da Freguesia da Igreja da Conceição da Praia.)
"A ilha dos Frades: Fica perto de Madre Deus, distante seis léguas de Salvador. Antigas tradições afirmam que a "ilha dos Frades" ficou com este nome depois que os indios Tupinambás (seus habitantes) assassinaram dois Frades jesuitas logo após o desembarque na ilha, quando foram mandados para fazerem a catequização."
"Os indigenas selvagens da Bahia na época Colonial, os mais conhecidos dos Frades missionários foram: Tupys, Camacans, Tupynambás, Mougoyós, Maracás, Taboiaras, Botocudos, Pataxós, Topuyas, Aymorés, Tupiniquis, Kariris. Cada um habitava em suas regiões distintas e alguns na mesma região.
Costumes: Usavam plumagens de aves coloridas, pinturas no corpo, cabelos cutros e negros para homens, pele morena trigueiro, anéis de couraça de tatú, ossos de paca, dentes de cotia e capivara para colares, também nas orelhas. Algumas tribos usavam ossos de animais diversos comforme o gosto, preso no lábio inferior. Couro de jibóia e jararaca para cobrir o corpo do tempo. Todos exerciam a caça e a pesca com arco e flecha e faziam guerras com seus inimigos quase parentes. Algumas tribos eram antropófagos. Enterravam seus mortos em vasos cerâmica em grande ritual fúnebre, principalmente os chefes, feitiçeiros e guerreiros." (Fonte do livro: "Revista do Instituto Geografico e Historico da Bahia" nº 46 pág. 42)
"O significado das letras: S.P.Q.S. - são abreviaturas de "senatus populus que roamanus".São palavras encontradas no topo da cruz de Jesus Cristo."
"Pendão - Bandeira, estandarte, geralmente vemos nas procissões e passeatas cívicas. Como tamém, presa a Bandeira no mastro em frente a um órgão público e nos dias festivos ou luto em meio mastro. Representa o símbolo Nacional de uma Nação." (Fonte do livro: " Minhas Recordações" - autor: Dr. Francisco de Paula F. de Azevedo).


Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques
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A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE IV (ARTÍFICES BAIANOS E OUTROS ASSUNTOS)

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O marceneiro do início do século XIX, assim chamado de artífice, fabricante de móveis em madeira de lei, procedentes da Amazonas, Espírito Santo e do interior da Bahia, principalmente, destacavam-se o jacarandá, a sucupira, o gonçalo-alves, a peroba, o louro-rosa, o pau de ferro, o pau cetim, o cedro, o vinhático, o mogo, a canela e a sapucaia. Depois foi o embúia que despertou nos compradores de móveis o interesse por novos estilos. O pau Brasil já era muito difícil a aquisição.
Naquela época as famílias ricas tinham o prazer de ter seus mobiliários nos estilos do século XVIII e de D. João VI, e os franceses de Luís XV e algumas vezes os interessados reuniam um ou três estilos clássicos em suas residências.
Marceneiros, carpinteiros ou carpinas, entalhadores e santeiros, fundidores, ferreiros, alfaiates, ourives e prateiros, eram ao mesmo tempo, antes da aprendizagem da respectiva profissão, ser um bom riscador do desenho, faziam o curso na escola do Liceu Arte ou aprendiam com mestres abalizados. Sem este requisito básico não adquiriam a autorização da Câmara Municipal para exercer a profissão. ( Fonte extraído do livro: Manoel Victorino e o Desencanto Político – impresso em 1956 – autor: Alexandre Passos.)
A palavra mestrança ou artífice têm a mesma origem; ferreiro, calafate, carpina, polieiro, tanoeiro, pintor, funileiro, carreiro e os chamados artesãs em geral. Eram considerados os profissionais acima até o século XIX, na Bahia.”(Fonte do livro: “Cronografia do Império do Brasil”)
Curiosidade da época: Em 3 de março de 1854 a Sociedade dos Artífices desta Provincia criou cursos elementar com as disciplinas; aritimética, principio de algebra até o 2º grau, geometria, trigonometria, máquinas, noção de química e física, desenho linear de máquinas, arquitetura civil e naval para as instruções dos socios e seus filhos com a Direção do artista José Francisco Lopes. Solicitação encaminhada ao Governador da Provincia Dr. João Mauricio Wanderley.
É BOM LEMBRAR: O PRETOR DA BAHIA = Nosso Senhor do Bonfim.
A música em louvor ao Senhor do Bonfim, foi composta pelo Maestro Tenente João Antonio Wanderley e a letra do notável poeta Dr. Muniz Barreto de Aragão ( Petion de Vilar). O Hino ao Senhor do Bonfim, foi aprovado em 16 de maio de 1923. ( Fonte do livro: A Devoção do Senhor Bom Jesus do Bonfim”- autor: José Eduardo Freire de Carvalho Filho.)
É BOM LEMBRAR:
O PRIMEIRO GADO DA BAHIA – “Tomé de Souza, mandou vir da Ilha de Cabo Verde, gado e semente de cana, e distribuiu terras para a lavoura e para criação de gado, iniciando a colonização. Foi assim que criou o Império de Garcia D’Avila e depois, seu neto Francisco Dias D’Avila o morgado da Casa da Torre.
Em recompensa de seus serviços, D. João III concedeu-lhe uma sesmaria de oito léguas de costa e cinco léguas para o sertão no Rio Pojuca. Tornou-se o maior criador de gado do Brasil colônia e o maior proprietário de terras.
Depois de prestar inestimáveis serviços, retirou-se para Lisboa em 1553, o primeiro Governador Tomé de Souza.” ( Fonte do livro: “Bahia Encantada” – autor: Ricardo Menocal).
MOURARIA: “Local em que se estabeleceram degredados ciganos, expulsos de Portugal, por ordem de Dom João III, que não tolerava; eram acusados de furtos e feitiçarias. Degredou os ciganos para a Bahia por Carta Régia de 11 de abril de 1718. Chegando a nossa terra a 31 de julho de 1718, acomodados na Mouraria que tinha sua predestinação. Tem nome de uma igrejinha pitoresca, dita Santo Antonio da Mouraria, note bem: Rua de
Santo Antonio da Mouraria.” ( Fonte do livro: “Livro de Horas” – autor: Afrânio Peixoto )
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques
SSA, abril de 2001

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE II

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As esculturas de artistas baianos, são trabalhos em barro cozido, miniaturas e peças de utilidades domésticas e presépio de Natal. Haja visto que outros trabalham em pedra jaspe, madeira e casca de cajazeira.”( Artistas baianos – autor: Manoel Querino – págas. 96 a 115.)
No dia 7 de setembro de 1847, foi inaugurada a iluminação pública desta cidade, com os clássicos lampiões para azeite de baleia.”( Fonte extraída do livro: Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – Quarto Centenário do Brasil- vol.I nº 23/1900 ).
Na Bahia antiga, remonta ao século XVII, os africanos reuniam-se em “colônia” etnia.
As principais foram: Haussas-(malês) de maioria instruídos, islâmicos. Iorubanos em geral, inclusive gêges em maioria de culto. Angolanos e Bantus. Os sudaneses eram de minoria islâmica e não aceitavam outras religiões de origem totêmica. Havia muitas rivalidades entre eles.”
Nagô ou iorubas – Língua Iorubana ou iorubá – Língua de Angola em que pertencem os Gêges.
No culto gêge-iorubana – babá:- pai, chefe, guia, adivinho, mago, curandeiro, profeta.
Língua – Quibundo – principal das línguas bantu, língua geral dos Africanos.
( Raças e Assimilação – autor: Oliveira Vianna )
Língua Tupi – José de Anchieta e Gonçalves Dias, foram os primeiros á traduzir do Tupi ao Português no Brasil. ( Quarto Centenário do Brasil – vol.nº 23)
PADRE LUIZ FIGUEIRA – escreveu a “Gramática da Língua Geral dos Índios do Brasil”(Tupi e Guarani), reimpressa na Bahia, em 1854, aos esforços do sr. João Joaquim da Silva Guimarães. Este padre, Luiz Figueira foi um desses vultos angélicos, que iluminara as primeiras páginas da história dos jesuítas em nossa terra. Já velho e cansado não cessava de viajar pelos sertões brasileiros, para catequizar e doutrinar “os pobres brazis”,como ele chamava os índios. com muita ternura, no prólogo da sua gramática. Gozou glórias dos martírios: foi morto e devorado pelos indígenas na ilha de Marajó, no Pará.”(Fonte extraída do livro: “ Apontamento para a história dos jesuítas no Brasil” autor: A.Henrique Leal)
NOTA COMPLEMENTAR:
Foram vários jesuítas que andavam por esse Brasil á fora, descobrindo, catequizando, doutrinando, educando e amando esses numerosos filhos da terra, como eram chamados
de curumins os filhos dos índios.
É BOM LEMBRAR
“Padre José de Anchieta, padre Luiz Figueira, padre Montoya que também escreveu um livro: “O Tesouro da Língua Guarani” foram os que chegaram até nós os seus trabalhos. Não citando outros vultos que para se comunicarem com os índios eles tinham de aprender a língua nativa e seus dialetos. Conviver por longos meses a se envolver com a vida quase nômade dos indígenas, sempre a fugir dos brancos perseguidores.. Só com muitos anos de trocas de mercadorias é que algumas tribos aceitaram a presença dos jesuítas em suas aldeias. Principalmente as tribos antropófagas.
As suas missões eram árduas e sempre cobertas de glórias na sua inabalável fé cristã. Por amar ao próximo eles deram a sua própria vida.
Outro vulto merecedor de glórias eternas na cultura baiana e do Brasil: Padre Alexandre de Gusmão, que viveu e morreu na Bahia. “Nasceu em 1629, em Portugal e morreu em
Belém, no seminário que construiu em 1724. Foi um pedagogo e educador, doutrina e exercício, teoria e prática. Escreveu os livros: “Escola de Belém” e “Jesus nascido no Presépio”. Publicado em Évora, em 1678 “História de Predestinação Peregrino”, saído em Lisboa, no ano de 1682: “Arte de criar bem os filhos na idade da puerícia”, também editado em Lisboa, em 1685. Creio que foi o primeiro a percorrer o caminho da Puericultura em nosso País. Pedagogia e romance pedagógico, intercalar. Portanto grande novidade na época, mesmo em Portugal. Gusmão tinha convicções firmes sobre a educação, não só para a vida religiosa como também da Companhia de Jesus a qual fez parte diretório. O Seminário de Belém concorreu para a educação do Brasil, no começo do século XVIII.” (Fonte extraída do livro: “Livro de Horas” autor: Afrânio Peixoto – publicado em 1947.)
Os jesuítas foram expulsos desta Cidade em 1760 em virtude do célebre decreto do Marquês de Pombal, e dissolvida a Ordem. Sede a Catedral, local do seu antigo templo.
Os jesuítas embarcaram para Lisboa, em 19 de abril de 1760. Atravessaram as ruas centrais no meio de escoltas. Seus bens foram seqüestrados e vendidos em hasta pública pelo governo.
Antes da Igreja do Colégio dos jesuítas e da Catedral, a primeira igreja que serviu a Sé na Bahia, foi a Capelinha da Ajuda, toda de taipa, coberta de palha, levantada pelos jesuítas em 1519, quando Tome de Souza lançou os fundamentos da Cidade”.
(Fonte do livro: “ Bahia Histórica” – autor: Sílio Boccanera Jr. )
É BOM LEMBRAR: “Senhor de Engenho, viam-se esses homens toscos como verdadeiros aristocratas, comendo com talheres de prata e andando de carruagem.
Casa de Engenho; mesa grande, bancos de madeira de lei, cobertura da casa em telha vã, banho dentro de barrica com cuia, quando tinha que fazer às necessidades, era feito no mato, sem papel, limpava-se com folhas. Vários quartos grandes com janelões, moveis de estilos ou simples, camas com lastro de couro. Geralmente, esses casarões tinham corredores no meio para dividir os quartos. Sala de visita grande com móveis clássicos, sala da cozinha grande com mesa central de madeira, muita fumaça, vindo de fogão a lenha. Lá fora no alpendre, uma rede de pano grosso para gosto da cesta. Os carros de boi passavam gemendo sob o peso da cana madura indo para os picadeiros. E o cambiteiro estala o chicote no lombo do animal, dentro do silêncio da estrada.
Na madrugada quando o sino dobrava já era dia, todos de pé, a iniciar as suas tarefas. Dentro da casa grande, reinava um regime patriarcal, a grandeza moral da família no mundo de dignidade e nobreza”.( Fonte do livro: Bangüê – autor: José Lins do Rego –pgns. 10 a 15)
BANGUÊ – Espécie de padiola ou liteira muito usado nos Engenhos de Açúcar no século XVIII até meado do século XIX. Como também era usado como meio de transporte de defunto indigente. ( Fonte do Livro:Bangüê – de José L. do Rego)
Versinho malicioso e pejorativo que o branco cantava até final do século 19 no recôncavo baiano:
"Branco Deus fez
Branco dorme na sala
Mulato Deus pintou
Mulato dorme no corredô
Caboclo bufa de porco
Caboclo dorme na cozinha
Negro diabo cagou
Negro dorme no cagadô.
( Fonte extraída do livro: “ O elemento escravo” autor: Augusto Álvares Guimarães )
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques

quarta-feira, 26 de maio de 2010

OS MORTOS NÃO FALAM MAS A HISTÓRIA FALA POR ELES


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Fazendo obras de melhoramento na Praça da Sé, local histórico no centro da cidade antiga de Salvador. A Prefeitura Municipal de Salvador e uma equipe do Museu de Arqueologia e Etnografia da UFBA, sob a chefia do Prof. Dr. Carlos Et Chevarne, arqueólogo e a fiscalização do SPHAN encontraram no período de dezembro de 1999 a janeiro de 2001, nas escavações das fundações da Velha Igreja da Sé (a que foi demolida em 1932), objetos e ossos quase completos de esqueletos humanos, com o corpo de lado e com a face no sentido poente. Crânios diversos e alguns com dentição completa que chamou a atenção de Drs. Especialistas em odontológia. Como também esqueletos em decúbito dorsal com o rosto virado para o lado direito.
Fiquei curioso em saber das posições encontradas nos esqueletos. Formulei várias hipótese sobre o porquê dessa maneira de enterramento no local tão católico e venerado pela população baiana da época. Sei que era comum enterrar os mortos dentro e fora das igrejas. Obedecia na época a vontade popular e os princípios da Igreja Católica, tão fortemente enraizado na cultura baiana.
A hipótese mais aceitável foi a maneira de sepultamento dos escravos mortos, africanos islamizados, chamados Malês, que viveram na Bahia até meado do século XIX, “cujos líderes eram Haussás e que foram presos, deportados e mortos no Levante de 1835 em Salvador”. Daí pra cá, não sabemos se houve sobrevivente do massacre ou não. Se continuaram com suas reuniões secretas ou fugiram para lugares distantes, com medo de serem identificados na sua origem. Em razão da terrível caça, combatida pelo chefe de polícia Francisco Gonçalves Martins e pela igreja Católica. Os Haussás ou Ucas eram considerados agitadores de revoltas em várias ocasiões. Vejamos o que disseram os nossos antigos historiadores a respeito dos enterramentos Malês: “Por muito tempo acreditou-se que os Malês, por hábitos quebravam os ossos ou desconjuntava-se os seus mortos, no ato de coloca-lo no caixão. Não é exato, apenas os deitavam de lado e não de frente, como é costume”.(Manoel Querino – “A raça africana da Bahia” – págs.110).
Haja visto que a palavras “Malê” não se configura como etnia, chamado “Malê” todos os africanos convertidos para o islamismo na Bahia e recôncavo baiano. Havia angolano, tapas, bônus, jejes, mandigas e outras étnicas.
Ritual da morte de um muçulmano Malê narrativa de outro historiador: “Lava-lhe o corpo primeiro, depois vistia-se com uma “camisu” branca ou chamada de “abadá”, punha-se-lhe na cabeça um gorro do qual prendia um cordão branco, o fila, que era o gorro cerimonial. Se fosse homem vestia-se 5 roupas de seu uso e se fosse mulher 7. Quebrava o corpo, desconjuntava os ossos do morto, antes de colocá-lo no ataúde ou simplesmente eles o deitavam de lado e não de frente, com o rosto virado na posição do nascer do sol. Enterrava-se no cemitério ao lado da igreja.”
“Todo esse processo era acompanhado de cantigos lúgubres e de instrumentos rudes sonoros, até o enterramento. Primeiro as orações, segundo o sacrifício e terceiro o banquete e as danças. Geralmente esses rituais fúnebres eram em um sítio ou fazenda. Sempre em local de área livre e não em ambiente fechado”.
Assim chamado de “Festa dos Mortos” – levava 3 dias.(“Negro na Bahia” – autor: Luis Vianna Filho – pág. Ll0 e lll).
Com estas afirmativas aumentaram as minhas suspeitas e mais “O cemitério dos africanos era situado ao lado do cemitério da Misericórdia, conforme indicação no Mapa topográfico da Cidade do Salvador e seus subúrbios, levantamento realizado à pedido da ilustre Assembléia Provincial da Bahia.”. Feito os serviços topográficos por Carlos Augusto Weyll”.(Von Martius e Von Spix – “Através da Bahia” – págs. 141 a 142).
Se lembrarmos da nossa História, vamos encontrar no local acima citado a igreja da Sé Primordial ao lado da Santa Casa da Misericórdia, em cujo interior havia um Hospital de Caridade. Onde os mortos indigentes saíam para serem sepultados em volta da igreja da Sé. Como também, eram inumados dentro das igrejas os irmãos das Irmandades. Já nesta época, havia o cemitério do Campo da Pólvora que pertencia a Santa Casa da Misericórdia. Ali também sepultavam mortos do seu Hospital, escravos e executados pela justiça, fechado em 1844. Tinha outro na periferia da cidade em Massaranduba para indigente da região.
Neste termo, há uma probabilidade de serem os esqueletos encontrados em posição curiosa, na Sé, sejam dos muçulmanos africanos ou mãos outras reviraram os mortos.
Nos registros de transportes (banguê), encontrei no Livro do Arquivo da Santa Casa(anotações incompletas), onde se lê: “ Etelvina, escrava do sr. Fulano de tal, de nação nagô, faleceu em 11 de outubro de 1835”. Outro registro: “João, escravo do sr. Fulano de tal, nação moçambique, morte “dor no peito” faleceu em 8 de março de 1835”, e ao lado da anotação o valor do transporte. Era o bastante para o registro do óbto. Não anotavam a idade, a causa morte em raríssimas vezes, e a residência do morto ignora-se. Só mais tarde, por volta de 1850, foi que prescreveram esses detalhes.
O sepultamento era registrado pelo vigário, cobrava da família ou da Irmandade o valor estipulado dentro ou fora da igreja. Há diferença do preço, estava na classe social e no local da sepultuta. Geralmente seria o local mais próximo para o aterramento.
Os africanos não declaravam a sua verdadeira religião ao padre confessor. Reservavam-se esse direito somente entre os irmãos da Irmandade ou da seita. Entretanto, havia muitos convertidos no catolicismo. A igreja Católica não aceitava outra religião que não fosse aceita no catolicismo. Porém, eram obrigados a sepultar os seus mortos dentro ou fora das igrejas. Normas para todos os defuntos católicos ou não. Não havia cemitério exclusivo até que foi construído o cemitério para os estrangeiros.
Acredito mesmo que por essa e outras divergências de origens sociais o islamismo na Bahia não floresceu por falta de números suficiente de adeptos. Havia o medo da represália depois da “Revolta dos Malês” em 25 de janeiro de 1835. Foi proibido por Lei Provincial a compra de escravos sudaneses, Norte da Nigéria. Principalmente os Haussás, Tapas, Bônus, Mali e Fulani. Mesmo assim, havia o contrabando nos mares brasileiros. Na realidade eles queriam a liberdade do culto, como todas as outras religiões vinda para o Brasil.
Retornando o assunto em que se trata está matéria. Os esqueletos da Sé Primacial do Brasil, encontrados em posições anormais, revela também a posição normal em que o corpo fica quando termina a decomposição.
É muito difícil comprovar quando não há documentos e na época a igreja não se interessava por esses assuntos. O mais importante era os pagamentos dos mortos.
O trabalho de Arqueologia do grupo do Museu de Arqueologia da UFBA, foi profícuo, obedeceu normais internacionais e pela primeira vez na Bahia, fizeram as escavações a vista do público que se aglomeraram no largo. Despertando grande curiosidade ao público que não estavam acostumados a ver esse tipo de trabalho. Não somente ao povo baiano mas também os turistas que ali trafegaram e fazendo perguntas aos Arqueólogos presentes no trabalho. Os turistas e baianos saíram do local, levando na mente as imagens do nosso passado. Os achados foram expostos na Prefeitura por semanas; louças, alfaias, ferramentas, ossos, crânios, esqueletos etc. São presentes dos nossos ancestrais para a cultura baiana.
Meus parabéns (retardatário), a Prefeitura Municipal que pelas mãos do Prefeito da época Antonio Inbassay, saiu a autorização, a fiscalização do SPHAN e toda a equipe do professor Carlos Et Chevarne.
Creio que outros trabalhos serão feitos em Salvador, para o engrandecimento da nossa cultura. A arqueologia, tão adormecida no tempo e pelos poderes públicos governamentais.
Em tempo, sugiro fazerem escavações no Campo da Pólvora, aproveitando as obras do Metro.
Álvaro B. Marques
Admirador da Arqueologia – SSA.24.03.2005

terça-feira, 25 de maio de 2010

OS PORTUGUESE E SEUS HÁBITOS NA BAHIA SETENCENTISTA

Assim diziam os estrangeiros quando viusitavam o Brasil: "Os portugueses são os mais conservadores do Brasil. Não davam muita importância ao teatro, a conferências, as festas cívicas e literárias. Mas o Te-Deum, as novenas, as procissões é que não faltam".
"Quando todas as suas associações têm o caráter religioso, são extremamente católicos".
"Aos seguros de vida, preferem as Ordens Terceiras. Os que morrem ricos, deixam para as suas confrarias, igrejas e missas seus legados, muitas vezes grandes furtunas e seus familiares na misérias.
As escolas, as bibliotecas, os liceus e os hospitais nunca são contemplados em suas disposições testamentárias, como frequentemente acontece em França e Estados Unidos. O clericalismo, o fanatismo religioso, a supertição enraizada do povo português sempre na morte do pensamento; a escravidão determina o hábito da inércia, o desprezo pelo trabalho, a indiferença pela liberdade dos cativos, fatuidade e a corrupção leva os portugueses a decadência moral. Não procuravam viver em harmonia com seus irmãos nascidos e criados no Brasil. Preocupavam-se em obter os melhores cargos públicos, ter o melhor posto na escala militar, monopolizar o comércio como um fecho em suas mãos. Eram raros os brasileiros serem caixeiros. Só as profissões artísticas os brasileiros tinham direito.O preconceito era brutal e nocivo. Somente aqueles brasileiros, filhos de pais ricos e que estudaram no exterior, eram cerimonialmente respeitados pelos portuguese colonizadores. O resto eram escória, ralés, pessoas sem inteligência. Só pela instrução pública é que se pode chegar ao progresso e a vida industrial do país. Mas, não era o interesse dos portugueses radicados no Brasil, queriam explorar as riquezas nativas e comercializar em Portugal, Espanha e Inglaterra. Como também a mão de obra era farta e fácil de ser controlada. O pessimo estado financeiro não permitia ao tesouro pagar pontualmente aos professores, condição sem a qual o serviço regular da administração pública é impossível administrar. Os professores das primeiras letras muitas vezes não recebiam seus ordenados por doze e até vinte e quatro meses, o que deixava essa classe abandonarem a cadeira e as salas de aulas retornavam a ficar vazias. Imaginamos as consequências possíveis de semelhança prática." Em seu particular, vivia para a família, a igreja e os assuntos do Reino. Lamentando sempre a sorte de ter vindo para o Brasil, principalmente em situações irregulares como veio a maioria em busca de aventuras e prazeres carnais."
Dentro do lar, com a família era o sr. Patriarca nada passava sem o seu conhecimento e aprovação. O ciúme para com a família, levava certos senhores à loucura ou a bestialidade. Nada de aproximação com esrtanhos, principalmente estangeiros visitantes. O acesso à rua só era permitido para as missas nas igrejas ou festas íntimas em casa de amigos e com muita vigilância dos pais e das mucambas. Festas cívicas assistiam pela sacada das janelas e nas procissões religiosas. Tinham suas confrarias de acordo ao seu santo de devoção.
Nas famílias abastadas, viviam em seus lares com poucas roupas, leves e quase sempre descuidado. Nas festas ou saraus eram com outras vestimentas ao luxo e ao exagero ao gosto europeu. Essas são, no caso, os que moram nas cidades grandes. Nos recôncavos e nos interiores, nas famílias rurais. As vestimentas e hábitos são outros, completamente diferente da capital. Não havia o luxo ostensivo nas festas particulares nem as festas cívicas.
Na descrição de um viajante inglês, no início do século XVIII as modas masculinas e femininas usadas na Bahia: " Os homens se vestiam exatamente como em Lisboa e segundo os costumes ingleses, exceto quando em visitas ou nos dias santos, em que ostentavam excesso de bordados, laços e fitas nos casacos. As espadas iam ficando inteiramente de lado, exceto nas ocasiões de serviço e os chapéus de pancada estavam prestes a sair de moda. Fivelas nos sapatos e botas longas até os joelhos de manufatura nacional, eram comuníssimo, sendo os baianos muito amantes de todas as coisas de luxo e de mau gosto, vistosos."
Descrevendo os trajes feminino do vulgo. Saía e camisa largamente decotada (bata) usada publicamente. Algumas poucas senhoras de hierarquia vestem-se à européia". (Afonso de Taunay - "Na Bahia de D. João VI" PÁGS.76 e 77).
Os fidalgos, magistrados, clérigos, médicos, professores nobres, senhoras e senhores de Engenhos e outros potentados, só vão à rua em "cadeirinha de arruar", levada por dois negros. Geralmente seus escravos, mostrando assim, ser de boa situação financeira pelo luxo das "cadeirinhas" ou quando são alugadas esse meio de transporte para ir e vir a qualquer lugar. Mas isso não acontece com a maioria das pessoas que são cruzadas nas ruas; pessoas simples, negros, mulatos e mestiços com suas roupas de algodão grosso e chita, com e sem sapatos a caminhar nas pedras lisas das ruas estreitas da Bahia".
Sua alimentação é simples e frugal nada comparada do rico e fidalgo nas suas mesas repletas de iguarias e farta alfaias entrangeiras. Esse gosto por superabundantes em iguarias e serviços era tradição portuguesa. Vinha dos costumes da nobreza e dava modelo às exibições dos ricos, e estímulo, mesmo aos menos ricos, para ocasiões solenes ou festivas em bodas, batizados e "babadas". (Afonso de Taunay: Na Bahia de D. João VI).
Sobretudo de alimentos importados nos primeiros tempos da colonização: O queijo do reino, a farinha de reino, a pimenta do reino, o azeite português. Isto porque ainda não havia a mistura culinária do índio e do negro africano.
Tellenare, afirma que na Bahia os "trajos comuns em 1817, de rua, eram a calça branca e jaqueta; Os homens trajando calças e japonas brancas parecem ir à missa com indiferença "raramente os encontro com os sacerdotes em vestes eclesiásticas; de ordinário trajam jaquetas e calças de chita como os outros habitantes". (Tonellare, "Notas Dominicais").
Os divertimentos nesta época, eram: Touradas, festas cívicas e populartes, procissão religiosa, missa, De Teum, passeio público, bailes, saraus, teatros, comédia ao ar livre. Aqueles mais letrados preferiam um bom livro francês ou inglês, muito tempo depois surgiu livros de autores brasileriros, quando foi permitido o uso da Impressa no Brasil.
NOTA COMPLEMENTAR: "O sistema escravocrata da Metrópole, iludida no proveito dos lucros imediatos, aplicaram uma economia insensata, que dificultava a civilização da Colonia a prosperar; fechando manufaturas, proibindo oficinas, proibindo a impressa não entrava e nem saía, esgotando a besta sem dar-lhe o trato que a tornasse sadia e proveitosa. Refletia então, por todos os ramos da sociedade, o desprezo do Reino pelos nascidos no Brasil. Os brasileiros natos não tinhão o direito a cargos na administração e no Governo, esses só aos protegidos das cartas portugueses, filhos e parentes. Os estrangeiros tinhão mais previlégios do que os nativos. Até nos Conventos não cabiam em sedes e na catedral ser abades assento de brasileiros. Ainda a despeito da reação dos nativos contra o predomínio odioso dos que eles, já então, tratavam de estranhos".(pag.178 do livro nº 46 da Revista do Inst.Geo.e Hist. da Bahia - "Costumes Monasticos na Bahia" em 1757 - século XVIII).

Álvaro B. Marques

BIBLIOGRAFIA:

"Salões e Damas do Segundo Reinado. autor: Wanderley Pinho.
"Visitantes do Primeiro Imperio. autor: C. de Mello Leitão
"Os visitantes estrangeiros na Bahia oitocentistas - auora: Noema G. Angel.
"Mulheres e Costumes do Brasil" - autor: Charles Expilly, tradução Gastão Penalva.
"Brasil, Histórias, Costumes e Lendas" - autor: Raimundo Estrela.
"Senhora de Engenho" - autor: Mário Sette.
"Folclore Nacional" vol. I "Festas, Bailados, Mitos e Lendas" - autor: Alceu Maynard Araújo.

SAUDADES QUE A MUCAMBA TEM

Ah! Meus brincos de ouro fino que o ioiô me deu!
Ah! Minha bata de renda que ioiô rasgou, por causa de uma risada, em uma noite
enluarada que no terreiro escutou.
Ah! Meu colar de missanga que ioiô me deu!
Ah! Meu cabeção de seda que ioiô feriu, com tanto beijo no seio, sem recato sem receio, numa tarde em que me viu.
Ah! Minha pulseira cara que ioiô me deu!
Ah! Minha anágua bordada que ioiô me trouxe para de sangue manchá-la. Bem me lembro, foi na sala... A virgindade acabou!
Ah! Meu anel de esmeralda que ioiô me deu!
Ah! Minha colcha branquinha que ioiô tirou da cama de sinhá, e veio dormir na minha e para a outra não voltou...
Ah! Minha barriga cresceu... Com nove meses, o filho branco nasceu.


(texto extraída do livro: "Bahia Flor" poemas. Autor: Wilson W. Rodrigues)

Meus Comentários

O poema acima retrata com muito carinho uma das maneiras de união do negro com o branco, como também foi os primeiros relacionamentos do índio com branco e negro com índio. Assim foi a cadeia da miscigenação do nosso Brasil, por mais de 300 anos de escravidão.
A palavra Mucamba ou Mucama têm os mesmos significados: "escrava negra, escolhida de estimação e de confiança da sinhá ou sinházinha de seu yoyô ou de sua yayá, como eles gostavam de ser chamados. Para ser ama de leite ou designada para qualquer serviços interno ou externo na Casa Grande.

Álvaro B. Marques.

PROFESSOR HONORATO

Depois das festas de fim do ano. Os meninos entristeciam. Abria-se a escola do professor Honorato em Itapagipe. Os moradores daquela região corriam para achar vaga. Queriam que os filhos aprendessem com ele. Por causa da sua disciplina rígida em não dar folga aos alunos relapso.
A sala de aula era um ovo em tamanho. Ficavam na sala e no corredor da casa. Era um horror. A palmatória falava auto. Não tinha idade, o castigo era severo, exemplar. Honorato era fanhoso, alto e magro. Cabeleira avermelhada por ser descendente de russo. Sua voz ia a duzentos metros, tínia como araponga. Sabia de memória os livros até o fim, para o princípio. Regia a classe sem acompanhar os textos. Sua regra era a sabadina de palavras, o aluno tinha que ler em voz alta o texto e no final fazer a interpretação da leitura. Na aula de aritmética fazia sabatina. Ninguém passou meses na escola dele sem "levar as sovas da palmatória". Quando ele passava na rua, quase não punha o chapéu na cabeça. Recebia cumprimentos de todos os lados. Os velhos discipulos iam beijar-lhe as mãos. Sua idade já avançava e seus alunos se multiplicavam, porque sua exigência no saber era o seu cartão de apresentação no meio pedagógico.
Professor Honorato, não admitia namoro em idade educacional muito menos no seu colégio em que poucas alunas ingressavam. Vivia sempre a cobrar dos alunos comportamentos morais e de amor a Pátria. As brincadeiras maldosas que os alunos faziam com o seu nome, criou fama. Seus alunos diziam: "Professor Honorato,
mija na cuia e caga no prato"
Era um refrão, os alunos zombavam em cantigas outras apimentadas, fora da escola. Contudo, ele sabia e ficava colérico ao ouvir. Na zona de Itapagipe, ele era uma figura ímpar. Ficou viúvo cedo aos 23 anos, sem filhos, morreu sozinho no seu colégio aos 93 anos. Itapagipe ficou de luto.
Uma personalidade que marcou época no ensino baiano até a metade do século XIX. O que lembra hoje a fragilidade do ensino no nosso século XXI. Com os professores sem motivações para o exercício da sua profissão nobre.

Álvaro B. Marques