sábado, 21 de setembro de 2013

MEU PARENTE ANTEPASSADO ABOLICIONISTA




Na minha infância, na casa da Rua da Mangueira no bairro de Nazaré. Ouvia da minha tia avó, Maria Augusta da Costa Marques tia do meu pai  Álvaro Marques que o criou, relatos do seu parente Coronel Santos Marques, seu tio abolicionista. Contava várias façanhas do coronel “que tinha uma roça e que ajudava muitos escravos.
Hoje, ao ler mais um livro do autor Francisco Borges de Barros “A Margem da História da Bahia” historiador da Bahia antiga, deparei com acontecimentos do abolicionista Coronel Santos Marques: “Nunca hei de esquecer das longas jornadas empreendidas para acompanhar da “Gazeta da Tarde”, as vitimas da escravidão com destino a uma roça a estrada das boiadas, de propriedade do Coronel Santos Marques, que se incumbia da segurança e manutenção alimentar daqueles adventícios”. “Ao fundo da espaçosa vivenda campestre, havia um subterrâneo, no qual se penetrava por uma estrada de forma circular, construída de tijolos e que se elevava cerca de um metro acima do solo, dando, a primeira vista, a impressão de cisterna. O chão desse subterrâneo era também revestido de tijolos, e a dar crédito da tradição (muitos falavam desse subterrâneo mas ninguém tinha prova) tinha sua entrada no atual Colégio dos Órfãos do Noviciado de São Joaquim e ia terminar na dita roça. O subterrâneo se destinava ao último asilo de refugiados em caso de alguma inesperada diligência da Guarda Policial. Uma escada comum, lá estava de prontidão para à descida, a qual seria retirada para o interior do subterrâneo logo após a penetração do último refugiado. Folhas secas, reunidas à entrada do local confirmariam a ilusão que somente ali existiam “aranhas e cobras” era um local disfarçado”.
Veja o que diz o Major Oseas: “ Muitos Oficiais do Corpo de Polícia, se interessavam pela abolição e outros fizeram o trabalho eficiente, como os Coronéis Joaquim Maurício Ferreira e Maximiano dos Santos Marques Este último escrevia no Jornal Gazeta da Tarde decidida propaganda e até refugiava escravos em sua roça na Estrada das Boiadas”.
A História acima confirma juntamente com outras, que o Coronel era homem abolicionista e de grande influência no meio dos intelectuais e militares da época. Este acontecimento retrata a sociedade civil e militar muito dividida no apoio as causas abolicionistas. Participava como sócio Diretor da Sociedade Abolicionista Comercial no período de 1870/1873 sendo Presidente o Desembargador João Antonio de Freitas Henrique(Pasta Maço 1575 referente as Sociedades Beneficiências - Seção do Arquivo Colonial e Provincial - Arq.Púb.do Estado da Bahia.) Vereador na Câmara Municipal da Capital em 1881 quando morava em Pitangueiras.(Fonte: Almanak da Bahia ano 1881).
D. Maria Augusta da Costa Marques, solteira, chamada por familiares de D. Pequena, tia e mãe de criação do meu pai Álvaro Marques, filho de Antonino Santos Marques, solteiro, irmão caçula de D. Pequena, teve este filho natural com D. Laurinda Paiva. O avô Antonino morreu aos 33 anos de insuficiência cardíaca e a avó muito nova constituiu outra família. Ficando o filho Álvaro aos cuidados da sua irmã Maria Augusta. Por sua vez, D. Pequena não foi registrada com Santos, registrou somente o Costa Marques herdado o Costa da mãe. Por motivo ignorado não registrou meu pai com Santos, perpetuando o sobrenome Marques.
D. Maria Augusta da Costa Marques (tia pequena), comentava os atos de bravura e dizia ser sobrinha do famoso Coronel mas não deixou nenhum documento comprobatório.Ela nasceu em Salvador no ano de 1890 e faleceu no ano de 1960 nesta cidade, causa morte, parada cardíaca fulminante. Tão logo a morte da tia-mãe, meu pai viajou e levou com ele todos os documentos da falecida que se perderam na viajem.
Creio que a minha história se enquadra na mesma proporção de milhares de brasileiros que não têm como provar a sua árvore genealógica por diversos motivos. Principalmente por perda de documentos em órgãos públicos. O mais interessante ocorria antigamente o “pai de família” na maioria das famílias pobres, ia registrar em Cartório seu filho, quando a criança já não era mais recém nascida e só registrava com o sobrenome do pai, com esse ato no futuro implicaria o seu filho a não pertencer a geração materna. Enquanto que na família rica o patriarca fazia exigência do registro dos sobrenomes paternos e maternos, isto porque a fortuna sempre ficava na mesma família ou unificando com outra família rica. Não havia união com famílias pobres ou que não fossem de origem rica. Havia caso de exceção em aceitar pessoa que fosse figura de destaque da sociedade ou estrangeiro. Assim era fácil saber a origem de cada membro genealógico.
Em pesquisas realizadas em Livros de Batismo e Nascimento do século XIX, deparei com anotações incompletas, escrito por vigários de Paróquias que não acrescentaram certos detalhes importantes por exemplos: Não colocavam a data de nascimento do Pagão, só registrava o primeiro nome e a idade, se fosse filho natural somente colocava o nome da mãe incompleto e ignorava-se o nome do pai. Registrava-se o nome da criança e do casal completos quando era filho legítimo. Filiação e data de falecimento é muito difícil serem apuradas, pois são muitas as pessoas com os mesmos nomes e apelidos que deparam nos livros de casamentos e óbitos da Bahia dos séculos passados. Acredito que tinha normas de anotações nos Livros de Batismo porém o vigário  escrevia o que achava conveniente. Era a Igreja soberana e o Estado submisso.
Essas atitudes eram comuns do clérigo e do preconceito da época, na qual a sociedade relegava a mulher o segundo plano na hierarquia familiar. Era a sociedade absolutista em meados do século XVIII, até o fim do século XIX. No inicio do século XX houve grandes mudanças sociais e as mulheres já começaram a mudar o cenário social brasileiro.
Resumo da Biografia do Coronel Maximiano Santos Marques.
Fui buscar por meios de pesquisas em trabalho biográfico do seu bisneto Dr.Caio Cesar Tourinho-Marques. Publicado no livro da Revista nº 7 da ASBRAP- Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia, páginas 260 a 277. “Maximiano dos Santos Marques, nasceu na fazenda Buraco, freguesia de Senhora Sant’Ana da Serrinha, interior da Bahia no dia 2 de março de 1839. Vindo em tenra idade para a Capital; filho do fazendeiro e negociante Vicente Gonçalves dos Santos Marques e de D. Maria Joaquina Rios Marques.( Está parte é do autor desta crônica em cuja pesquisa encontrou seus parentes: Cesídio Aristides dos Santos Marques, Félix dos Santos Marques(bisavô do Coronel Santos Marques), Maximiano dos Santos Marques(avô do Coronel Santos Marques) Francisco Abrósio dos Santos Marques, José Santos Marques, Clemente dos Santos Marques, Antonio Isidorio dos Santos Marques, Inácio dos Santos Marques e Nair dos Santos Marques).
“Foi oficial da Guarda Nacional, onde ingressou no posto de tenente em 1859, tendo sido promovido aos postos seguintes até coronel. Em 17 de junho de 1865 foi nomeado Capitão do corpo de Polícia Provisória. Passou a 25 do mesmo mês, a disposição do Presidente da Província.”
“Agraciado Cavaleiro da Ordem da Rosa, por decreto do Governo Imperial em 24 de outubro de 1866. Por efeito de Lei, pela qual os oficiais do Corpo Provisório cediam seus lugares aos oficiais do Corpo Efetivo, que regressassem do Paraguai, a 13 de abril de 1867, foi exonerado do posto, continuando a disposição do Presidente da Província, como Arquivista da Secretaria da Presidência. Por Lei nº 1.033 de 2 de junho de 1868 foi dispensado nas horas em que tivesse de freqüentar aulas na Faculdade de Medicina, onde obteve o grau de Farmacêutico.”
“Em 1880, foi Tesoureiro da Fazenda Provincial e em 1881 morando em Pitangueira, foi eleito Juiz de Paz de Brotas. Em 17 de janeiro de 1882, nomeado 2º suplente do Delegado de Polícia do 1º Distrito da Capital. Nomeado em 5 de maio de 1882 para dirigir a 2ª Secção da Alfândega, e no mesmo ano, assumiu o cargo de Intendente da Capital. Tesoureiro em 1882 da Faculdade de Medicina da Bahia.”
“Em 18 de julho de 1894, nomeado Comandante do Regimento Policial; no dia 19 assumiu o Comando e passou o mesmo ao Capitão Antonio Joaquim de Souza Braga, em 18 de maio de 1895, sendo na mesma data a sua aposentadoria. Em 18 de janeiro de 1896, nomeado Comissário de Polícia do 2º Distrito da Capital.”
“Era chefe político prestigiado da freguesia de Stº Antonio Além do Carmo, militando no partido Liberal. Exerceu o jornalismo no Diário da Bahia. Quem quiser saber de seu caráter altivo, leia neste jornal seus artigos, principalmente os de 23 de abril, 8 e 25 de maio de 1887. Fundou o jornal “Gazeta da Tarde” com outros sócios e depois o jornal “O Norte”, todos tiveram vida curta. Neste tempo, morava na Ladeira do Paiva e como o seu jornal tivesse saído com o título em vermelho “O Estado” publicou trocadilho e foi uma guerra de palavras em jornais.”
“Fez parte da campanha abolicionista e em sua chácara na Estrada da Boiada onde refugiava escravos.”
“Faleceu em 25 de março de 1922, em sua residência, em Pitangueira nº92, distrito de Brotas, nesta capital. Encontrava-se com problemas de saúde grave. Era casado em primeira núpcias com D. Josepha Joaquina Ferrão Muniz  do Santos Marques, de cujo consórcio deixou os seguintes filhos: Professora Ana Muniz Marques de Freitas, Adélia Muniz Marques Khuim, Vicente Muniz Marques, Raimunda Muniz Marques Sardinha, Maria da Glória Muniz Marques do Rêgo, Clelia Augusta Muniz Marques, Maria Amelia Muniz Marques Ferreira, Umberlino Heraclio Muniz Marques. Do seu segundo casamento, com D. Adália Rosa de Góes Santiago Marques, ficaram os seguintes filhos: Taciano de Góes Marques, Alfredo de Góes Marques, Jesuina de Góes Marques, Alberto de Góes Marques, Professora Julieta Góes Marques de Brochão, Carlos de Góes Marques, Mário de Góes Marques, Aguinaldo Santos Marques. Jones(falecido adolescente), Maria Amalia(falecida aos 17 anos), Hylda de Góes Marques – (passando a ser chamada Hylda Marques de Oliveira com descendência adotiva.)”(relatos no livro da ASBRAP Nº7 Titulo “Coronel Santos Marques: Um Abolicionista baiano” do Dr. Caio Cesar Tourinho-Marques)
“São seus netos os  Drs. Oscar e Oto Marques de Freitas respectivamente Ten-Cel do Serviço de Saúde e o Cap.Médico da Polícia Militar.”(Fonte do Livro Noticias Sobre a Polícia Militar da Bahia no Século XIX - autor Major Oseas Moreira de Araújo.
 FONTE:
Arquivo Histórico Municipal de Salvador
Arquivo Público do Estado da Bahia.
Arquivo Geral da Polícia Militar do Estado da Bahia.
Laboratório Eugênio Veiga – Memorial – Cúria Metropolitana de Salvador.
Centro de Memória Santa Casa de Misericórdia da Bahia.
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
Biblioteca Pública do Estado da Bahia.
Biblioteca Clemente Mariani.





Álvaro B. Marques