sábado, 16 de novembro de 2013

NOTICIAS DA PROVINCIA DA BAHIA - 1855

NOTICIAS DA PROVINCIA DA BAHIA – PUBLICAÇÃO NO ALMANAQUE DA BAHIA ANO 1855.



A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA BAHIA NO ANO DE 1855.
Provedor Francisco José Godinho.

“Não se sabe ao certo quando foi fundada a Santa Casa da Misericórdia da Bahia por se terem desencaminhado todos os seus livros com a invasão dos holandeses em 1624. Consta que ela já existia em 1587. O seu patrimônio em julho de 1853 a julho de 1854, incluindo propriedades, apólices da dívida pública, letras, alfaias, etc. monta em 1.578:166$576rs.
A receita do cofre geral no dito período foi de 116:694$491 rs. E a despesa de 115:183$369 rs. A receita do cofre dos expostos foi de 111:214$872 rs e a despesa de 96:197$347 rs.” (Fonte bibliográfica: Almanak da Bahia ano 1855 pág. 125.)
"Neste ano o flagelo do Cólera-morbus ainda persiste, ceivando vidas na Capital e no Recôncavo. Elevam-se o número acima de 20.000 mortos".

FREGUESIA DA CAPITAL EM 1855. Havia nesta época 54 Igrejas abertas celebrando missas regularmente conforme relação abaixo: A Bahia era a Província mais Católica do Brasil. Nunca houve 365 Igrejas, o povo aumentou a conta.
RELAÇÃO DAS IGREJAS MAIS ANTIGAS DE SALVADOR

Igreja Matriz de S. Salvador, antiga Sé, fundada em 1552.

Igrejas:
N.Sª de Guadalupe, N.Sª da Juda, N.Sª da Misericórdia, S.Francisco (convento), S.Domingos (ordem terceira) S. Pedro Clérigos, S. Ignácio de Jesus (antigo colégio dos jesuítas – hoje Catedral).
N.Sª da Vitória – Igreja fundada em 1552 – Lgo. Da Vitória suponho ser a mais antiga da Bahia. S. Antonio da Barra, Santanna, no Rio Vermelho. Senhor dos Aflitos, São Lázaro, N. Sª da Mercês, Conceição da Praia – fundada em 1625. Santa Bárbara, Corpo Santo, S. Pedro Velho – fundada em 1673, N. Sª da Barroquinha, S. Raimundo, N. Sª do Rosário (de João Pereira) S. Bento (mosteiro), N. Sª da Lapa, N. Sª da Piedade, Santa Tereza (convento extinto) Santa Anna – fundada em 1673, Santo Antonio da Mouraria, N. Sª da Palma, N. Sª de Nazaré, N. Sª DA Saúde e Glória, N. Sª do Desterro (convento), N. sª do Pilar, fundada em 1718, S. Joaquim (órfão), S. Francisco de Paula, N. Sª dos Mares, Santíssima Trindade (Ordem Terceira), N. Sª do Carmo (convento e ordem terceira), N. Sª da Boa Viagem, N. Sª do Montserrat., N. Sª do Rosário da Baixa dos Sapateiros, Senhor dos Passos, fundada em 1718, N. Sª do Carmo (convento e ordem terceira), N. Sª de Brotas – fundada em 1724, N. Sª Rosário (da rua do mesmo nome), N. Sª da Penha – fundada em 1724, N. Senhor do Bomfim, N. Sª de Roma, Santo Antonio – fundada em 1743 no Largo de STº Antonio Além do Carmo, N. Sª da Conceição do Boqueirão, S. José dos Bem Casados, N. Sª do Resgate, Rosário dos 15 mistérios, N. Sª da Solidade, N. Sª dos Perdões (recolhimento), Santíssimo Coração de Jesus.

Consta na Seção do Arquivo Colonial e Provincial do Arquivo Público da Bahia Inventário dos Documentos do Governo Provincial – 1ª Parte Associações de Classe com suas datas de constituições.
Relatório Anual – Obras da Associação das Senhoras de Caridade de Salvador/Ba. Ano 1913 * Orfanato, Colégio e Externato – foi constituído em 1855 por senhoras da sociedade baiana, dentre elas a Condessa de Barral.
Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional – 1853/1862 com sede no Rio de Janeiro. Enviou para a Província da Bahia, barricas com sementes de anil da praça de Bengala, semente de algodão herbáceo branco, tabaco de Havana – Cuba. Para serem distribuídos aos agricultores desta Província.
Rio de Janeiro 3 de junho de 1853. Marques de Abrantes- Miguel Calmon du Pin e Almeida (1794-1865).(Fonte: Pasta 1575 – Maço da Seção do Arquivo Colonial Provincial – Inventário dos Documentos do Gov.Provincial – 1ª Parte.)

Sociedade de Mestres de Ofícios, Artista: Carpina, Pedreiro, Canteiro, Pintor, Ferreiro, Macineiro, Calafate, e outros. Residentes na Província.
Faz menção da Construção do palacete Geremoabo, na rua Cova da Onça, em 26.01.1877.(Fonte: Almanak da Bahia ano 1881)
Banco da Bahia instalado em 13.05.1858.
Caixa Econômica – Funcionava no pavimento térreo do Palácio do Governo em 1835.(Fonte: Almanak da Bahia ano 1881)

É BOM SABER: “A Bahia tem 780 Engenhos de Açúcar todos matriculados até dezembro do corrente ano 1855"( Fonte Almanak da Bahia ano 1855.)
"São Francisco Xavier considerado o protetor da Bahia."(Fonte: Almanak ano 1881). 


Pesquisa de Álvaro B. Marques

NO RASTO DA HISTÓRIA



“Viajando nas águas do rio Pojuca, refere-se, como uma lenda pungente, a história de um papagaio, sobrevivente da extinção de toda uma tribo selvagem a quem essa ave pertencera.”
“Ficará ele só, o papagaio, único naquela região, a repetir as vozes dos selvagens Tupis, língua desaparecida, havia muito tempo, o último representante vivo da dizimada peste que assolou toda a região. Ali  estava ele com suas cores alegres, pronunciando palavras em linguagem morta.”
“Pousado sobre as ruínas da aldeia, solitário e triste, a ave fiel cortava o silêncio da solidão do local que outrora houvera vozes e gritos dos selvagens. Linguagem que ninguém mais compreende; era um fantasma vivo, diante do qual passava canoas levando os novos dominadores da terra Tupi.” (Trecho da narrativa” Os Novos Colonizadores no Brasil” do livro Revista do Instituto Geológico e Histórico da Bahia, v.7/8/9/10 ano 1896.)
Meus Comentários: Na realidade dos fatos, não houve a “peste”.  A dizimação do povo desta e de outras regiões foi causada por mortes violentas e incêndios postos por invasores portuguêses na tomada do Brasil Colonial. Expulsaram os indígenas para o interior seco do sertão baiano e lá também os índios foram massacrados e exterminados por grandes latifundiários. A língua Tupi foi traduzida por José de Anchieta, o jesuíta que criou a 1ª Gramática da Língua Tupi no sistema escrito e o Padre Azpilcueta Navarros foram os primeiros etnógrafos do Brasil. Por ordem do Marquês de Pombal em 1756 foi proibido a língua Tupi-Guarani falada por índios e jesuitas no Brasil. E expulsos todos os jesuítas das Colônias Portuguesas. Mas os índios continuaram a falar o Tupi-Guarani por ser o dialeto mais usado na maioria do território brasileiro.(Álvaro).
“O papagaio é notável pela faculdade de imitar a voz humana. Um belo jogo de cores faz desta ave verdadeiro ornamento da região amazônica e nordeste brasileiro. Seu período de vida é longo em média de vida é de 60 anos. Eles podem viver até mesmo 80 anos se bem tratado. É a única ave que costuma ter um parceiro.” ( Fonte: Moderna Enciclopédia de Pesquisar, Consultar e Aprender – Novo Brasil Editora Brasileira Ltda.1984)

Álvaro B. Marques.

DANÇA - ENTRECHO




O corpo dança e rasga a roupa
É corpo sem roupa com brilho no corpo
A beleza do corpo mostra a pele sem roupa
É tinta pintada é visto de roupa.
É dança macabra é dança de louco
Que canta
Que salta
Que mexe o corpo
É corpo que dança
Frenesi na música
O grito do povo
É lobo assustado
É bicho do mato
Que corre assanhado.
O pano cai
Cobre o copo
 Revela a roupa no corpo
A pele não gosta da roupa.
Começa a coçar o pano no corpo.
E rasga em gritos a roupa.
No chão fica o trapo da roupa
Mostra a pele á luz no corpo
Exclamam; bonita, cheirosa e gostosa...
É pele sem roupa que aparece luzente
Mostrando desejos no corpo presente.
O corpo bem feito lascivo indecente.
A música cantada nas vozes contente
São coisas da vida na noite alegre de gente
Que aplaude com flores rubescente.
A bailarina faz a dança crescente.
Com véu, com graça, com língua e dente.
Os homens vibram de emoções tangentes
No ar, nas cores, nos sons presente.
É gritos onipotente
É som que não para a viola vigente
Com música intransigente.
As luzes apagam com os gritos dos presentes
A bailarina some do quadro de luz incandescente
Volta depois num fecho fosforescente
Novos vozeirões ressoam no Bis
O corpo dança em ritmo frequente
Volúpia até o amanhecer do sol nascente
É quando os homens saem em passos incontinente
Fim da noite início do dia.
Silêncio na rua.
Outras luzes, outras cores, outro ar.
A vida é a mesma com roupa ou sem roupa na vida da gente.



Álvaro B. Marques