terça-feira, 21 de junho de 2011

A ASCENSÃO SOCIAL NO PERÍODO COLONIAL

A ASCENSÃO SOCIAL NO PERÍODO COLONIAL NA BAHIA.
RESUMO
Para obter ascensão social mais elevada no período Colonial, o pretendente teria que praticar alguma ação social reconhecível e solicitar ao rei a compra de Titulo de Nobreza chamado de “Titulo nobiliárquico” fornecido pela coroa portuguesa no Brasil aos brasileiros e seus descendentes. E para ser membro da Santa Casa da Misericórdia ser português nato e descendente de cristão-velho e possuir cabedal, ao morrer o irmão geralmente, deixa em testamento toda ou parcial bens, legado para a Santa Casa da Misericórdia. Em troca a Santa Casa da Misericórdia, manda celebrar missas eternas e a sua imagem permanece em quadro pintura exposto na galeria do salão nobre da entidade.
O português já vindo nobre de Portugal, reconhecido, gozaria de privilégio em cargos públicos e se fosse negociante as facilidades comerciais com apoio de conterrâneos eram evidente e muito importante. No entanto, era um dos motivos de revolta contra o sistema que impedia perspectivas de ascensão social dos brasileiros, aí segue outra história.
Cristãos-novos são aqueles convertidos ao catolicismo, vindo de Portugal. Participaram da vida Colonial, social, cultural e economicamente, com destaque para os Engenhos de açúcar na Bahia, Paraíba e Pernambuco. Sua ascensão social e econômica enfrentava restrições. Não podiam pertencer às Irmandades da Santa Casa da Misericórdia e nem cargos públicos. Não casavam com cristãos-velhos, por causa dos estatutos de pureza de sangue.
Durante a maior parte do período Colonial (1500-1822), esteve ativo no Brasil o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição estabelecida em Portugal em 1536 e que funcionava na Metrópole até 1821. A Inquisição enviou Visitações do Santo Oficio a partir de 1591 e delegou poder aos Bispos locais. As mais conhecidas foram as Visitações de 1591-93 e 1618-19 na Bahia. Até que no século 18 por decreto do Marquês de Pombal foram igualados os direitos de cristãos-novos e cristãos-velhos e a Inquisição deixou de atuar.
No período Imperial de 1822 a 1889 começou a ascensão dos ex-escravos ou filhos deles com o trabalho livre e independente de pequenos vendedores ambulantes a comerciante de porta em varejo e até mesmo em grosso. Realizando também os ideais de vários serem médicos, advogados, engenheiros, professores, jornalistas/poetas e outras profissões liberais que souberam honrar o seu nome na História do Brasil.
Álvaro B. Marques
SSA,18.06.2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

BREVES COMENTÁRIOS SOBRE AS DERROTAS DAS REVOLTAS DOS ESCRAVOS AFRICANOS NA BAHIA

BREVES COMENTÁRIOS SOBRE AS DERROTAS DAS REVOLTAS DOS ESCRAVOS AFRICANOS NA BAHIA.
No período Colonial e até 1850 o numero de escravos duplicaram e não sabemos exatamente a quantidade. Porque mesmo com a proibição eles entraram clandestinamente no País.
“No ano de 1807 quando surgiu a primeira revolta dos escravos africanos, conforme alistamento feito existia 25.502 pretos para o numero de brancos não superava a 14.260 e 11.350 pardos. Era de se prevê revoltas dos escravos africanos na Província pelo desequilíbrio numérico e por eles vindo de tribos as mais guerreiras da África”
(Fonte: Trabalho apresentado e publicado pelo sócio José Carlos Ferreira sob o título “As Insurreições Africanas” na Rev.do Hist. Geo.e Hist. da BA.vol.nª29 Juntamente com documentos no Arquivo Público da Bahia.).
Relação das Revoltas africanas na Bahia:
No dia 27 de março de 1807 – Levante dominado antes da deflagração que seria no dia 28 do mesmo ano.
No dia 05 de janeiro de 1809 – realizado e condenado todos.
No dia 28 de fevereiro de 1813 – levante não realizado e todos condenados.
No dia 23 de junho de 1826 – levante não realizado e todos condenados.
No dia 30 de janeiro – levante não realizado e todos condenados.
No dia 24 de fevereiro de 1835 – Foi realizado o maior de todos os levantes. Todos condenados.
“Etna vinda para o Brasil desde o século XVI
Grupo Sudanesas na Bahia: Língua Yorubá (nagô) da Nigéria/ daomeano(jeje) do Daomei (atual Benin) Daomeano.
Fanti-axanti (mina) da Costa do Ouro (atual Gana)
Grupo Bantu – Angola, Congo, Cabina, Benguela= Língua Kimbungo e Kikongo.
Sudanesas Islamizadas – Hauçá ou Haussá= Norte da Nigéria, Peul (fula ) todo o Norte da África Negra= Mandiga (mali) acima de Serra Leoa= Tapa (nupê) Norte da Nigéria.”(Fonte “Dicionário de cultos Afro-Brasileiro – autor: Olga Cacciatora)
Edson Carneiro no seu livro “Antologia do Negro Brasileiro”. “Etnias vindas para o Brasil: Cambinas, Benin, gêge ou jêje, Mali, Mandobi, Catopori, Daxá, Angola, Moçambique, Tapá, Filanin, Egbá, Yoruba, Efon (cara queimada), Ketu, Ige-bu, Ôtá, Oiô,Itabaci, Congo, Galinha, Aussá, Ige-chá, Barba, Mina, Oonde, Bona, Calabar, Bornô,Gimun.
O Vocabulário Nagô abrange as tribos: Minas, Yorubá, Ige-bu, Ige-chá, Efon, Ôtá, Egbá. Sendo a língua Yorubá a mais importante pela extensão do território que compreende as terras da Costa Norte e parte da Leste.
As tribos africanas que melhor se adaptaram foram: Angola, Jêje, Congo, Mina, Ige-chá, Aussá e Ketu.”
Havia muitas etnias aqui em Salvador e Recôncavo baiano que não se misturavam. Já vindo da África com preconceitos tribais e faziam guerras entre si. Os prisioneiros eram vendidos como escravos para os mercadores ingleses, franceses, holandeses e principalmente portugueses e espanhóis em troca por mercadorias o que fosse de melhor interesse do chefe da tribo que chamavam de Soba. Os prisioneiros eram marcados com sinais na parte visível do corpo.
Em cada porto de domínio Português na África existia o comércio de escravos que perdia ali a sua identidade africana para se tornar escravo de uma nação nova. Os navios de cargas ou “negreiros” misturavam todos juntos no mesmo porão e atravessavam os mares no silêncio e na dor. Aqui começava a segregação familiar e nova identidade era imposta no batismo ao escravo novo. Mas permanecia a rivalidade entre eles que só uniam-se nas revoltas que era assunto de todos. Mesmo assim, a falta de união não concretizava os levantes em todos houve traidores, entre os companheiros agitadores. Discórdia nas opiniões em vários segmentos das etnias levaram-os a separação ou extermínio dos aussás na Bahia. Acredito que os aussás líderes de todas as revoltas como foram também em 1835 eram corajosos e morreram por causas nobres. Outros participantes aussás depois das fracassadas derrotas e perseguições, fugiram e negaram a sua origem. Muitos foram degradados, mortos, presos em terríveis masmorras e outros salvos por seus senhores preferiram o isolamento por conta do medo da repressão. Até a sua religião muçulmana não floresceu por falta de adeptos e seria uma boa causa de denuncia.
As revoltas dos escravos africanos na Bahia não deram certo por vários motivos, dentre eles foram:
1º) – Não tinham um plano definido (razão que a devassa das autoridades da época não encontraram.)
2º) – Não tinham armas suficientes para enfrentar as tropas armadas e treinadas no uso de armas de fogo.
3º) – Apesar de ser o numero de negro bem maior que os brancos e pardos em Salvador e recôncavo baiano. Nem todos aderiram a luta, muitos temiam as punições que eram aplicadas com rigor. Outros eram fiéis ao seu senhor e temente a Deus por serem católicos. Eram os mais bem tratados.
4º) – O principal motivo das derrotas; sempre houve delatores nas revoltas. Até mulheres participaram da traição. Havia muitas divergências de opiniões nas reuniões, que seja o dia da revolta, locais desejados, saques em pessoas conhecidas e amigas dos amotinados que seriam mortas e a incompatibilidade nos sentimentos que existia enraizado entre as etnias na formação dos negros escravos vindo de guerras tribais.
5º - Diferenças lingüísticas nas étnicas.
Mas, por tudo isso, o sentimento de liberdade era o mais desejado da classe oprimida em centenas de anos no cativeiro. O lema de origem francês: “ Liberdade, Igualdade e Fraternidade” não chegou para os escravos africanos no Brasil. Levou 335 anos para ser concretizado a Liberdade. A Fraternidade veio muito tempo depois e a Igualdade ainda está em luta.
Álvaro B. Marques.
SSA., 11.06.2011