sábado, 16 de novembro de 2013

NOTICIAS DA PROVINCIA DA BAHIA - 1855

NOTICIAS DA PROVINCIA DA BAHIA – PUBLICAÇÃO NO ALMANAQUE DA BAHIA ANO 1855.



A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA BAHIA NO ANO DE 1855.
Provedor Francisco José Godinho.

“Não se sabe ao certo quando foi fundada a Santa Casa da Misericórdia da Bahia por se terem desencaminhado todos os seus livros com a invasão dos holandeses em 1624. Consta que ela já existia em 1587. O seu patrimônio em julho de 1853 a julho de 1854, incluindo propriedades, apólices da dívida pública, letras, alfaias, etc. monta em 1.578:166$576rs.
A receita do cofre geral no dito período foi de 116:694$491 rs. E a despesa de 115:183$369 rs. A receita do cofre dos expostos foi de 111:214$872 rs e a despesa de 96:197$347 rs.” (Fonte bibliográfica: Almanak da Bahia ano 1855 pág. 125.)
"Neste ano o flagelo do Cólera-morbus ainda persiste, ceivando vidas na Capital e no Recôncavo. Elevam-se o número acima de 20.000 mortos".

FREGUESIA DA CAPITAL EM 1855. Havia nesta época 54 Igrejas abertas celebrando missas regularmente conforme relação abaixo: A Bahia era a Província mais Católica do Brasil. Nunca houve 365 Igrejas, o povo aumentou a conta.
RELAÇÃO DAS IGREJAS MAIS ANTIGAS DE SALVADOR

Igreja Matriz de S. Salvador, antiga Sé, fundada em 1552.

Igrejas:
N.Sª de Guadalupe, N.Sª da Juda, N.Sª da Misericórdia, S.Francisco (convento), S.Domingos (ordem terceira) S. Pedro Clérigos, S. Ignácio de Jesus (antigo colégio dos jesuítas – hoje Catedral).
N.Sª da Vitória – Igreja fundada em 1552 – Lgo. Da Vitória suponho ser a mais antiga da Bahia. S. Antonio da Barra, Santanna, no Rio Vermelho. Senhor dos Aflitos, São Lázaro, N. Sª da Mercês, Conceição da Praia – fundada em 1625. Santa Bárbara, Corpo Santo, S. Pedro Velho – fundada em 1673, N. Sª da Barroquinha, S. Raimundo, N. Sª do Rosário (de João Pereira) S. Bento (mosteiro), N. Sª da Lapa, N. Sª da Piedade, Santa Tereza (convento extinto) Santa Anna – fundada em 1673, Santo Antonio da Mouraria, N. Sª da Palma, N. Sª de Nazaré, N. Sª DA Saúde e Glória, N. Sª do Desterro (convento), N. sª do Pilar, fundada em 1718, S. Joaquim (órfão), S. Francisco de Paula, N. Sª dos Mares, Santíssima Trindade (Ordem Terceira), N. Sª do Carmo (convento e ordem terceira), N. Sª da Boa Viagem, N. Sª do Montserrat., N. Sª do Rosário da Baixa dos Sapateiros, Senhor dos Passos, fundada em 1718, N. Sª do Carmo (convento e ordem terceira), N. Sª de Brotas – fundada em 1724, N. Sª Rosário (da rua do mesmo nome), N. Sª da Penha – fundada em 1724, N. Senhor do Bomfim, N. Sª de Roma, Santo Antonio – fundada em 1743 no Largo de STº Antonio Além do Carmo, N. Sª da Conceição do Boqueirão, S. José dos Bem Casados, N. Sª do Resgate, Rosário dos 15 mistérios, N. Sª da Solidade, N. Sª dos Perdões (recolhimento), Santíssimo Coração de Jesus.

Consta na Seção do Arquivo Colonial e Provincial do Arquivo Público da Bahia Inventário dos Documentos do Governo Provincial – 1ª Parte Associações de Classe com suas datas de constituições.
Relatório Anual – Obras da Associação das Senhoras de Caridade de Salvador/Ba. Ano 1913 * Orfanato, Colégio e Externato – foi constituído em 1855 por senhoras da sociedade baiana, dentre elas a Condessa de Barral.
Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional – 1853/1862 com sede no Rio de Janeiro. Enviou para a Província da Bahia, barricas com sementes de anil da praça de Bengala, semente de algodão herbáceo branco, tabaco de Havana – Cuba. Para serem distribuídos aos agricultores desta Província.
Rio de Janeiro 3 de junho de 1853. Marques de Abrantes- Miguel Calmon du Pin e Almeida (1794-1865).(Fonte: Pasta 1575 – Maço da Seção do Arquivo Colonial Provincial – Inventário dos Documentos do Gov.Provincial – 1ª Parte.)

Sociedade de Mestres de Ofícios, Artista: Carpina, Pedreiro, Canteiro, Pintor, Ferreiro, Macineiro, Calafate, e outros. Residentes na Província.
Faz menção da Construção do palacete Geremoabo, na rua Cova da Onça, em 26.01.1877.(Fonte: Almanak da Bahia ano 1881)
Banco da Bahia instalado em 13.05.1858.
Caixa Econômica – Funcionava no pavimento térreo do Palácio do Governo em 1835.(Fonte: Almanak da Bahia ano 1881)

É BOM SABER: “A Bahia tem 780 Engenhos de Açúcar todos matriculados até dezembro do corrente ano 1855"( Fonte Almanak da Bahia ano 1855.)
"São Francisco Xavier considerado o protetor da Bahia."(Fonte: Almanak ano 1881). 


Pesquisa de Álvaro B. Marques

NO RASTO DA HISTÓRIA



“Viajando nas águas do rio Pojuca, refere-se, como uma lenda pungente, a história de um papagaio, sobrevivente da extinção de toda uma tribo selvagem a quem essa ave pertencera.”
“Ficará ele só, o papagaio, único naquela região, a repetir as vozes dos selvagens Tupis, língua desaparecida, havia muito tempo, o último representante vivo da dizimada peste que assolou toda a região. Ali  estava ele com suas cores alegres, pronunciando palavras em linguagem morta.”
“Pousado sobre as ruínas da aldeia, solitário e triste, a ave fiel cortava o silêncio da solidão do local que outrora houvera vozes e gritos dos selvagens. Linguagem que ninguém mais compreende; era um fantasma vivo, diante do qual passava canoas levando os novos dominadores da terra Tupi.” (Trecho da narrativa” Os Novos Colonizadores no Brasil” do livro Revista do Instituto Geológico e Histórico da Bahia, v.7/8/9/10 ano 1896.)
Meus Comentários: Na realidade dos fatos, não houve a “peste”.  A dizimação do povo desta e de outras regiões foi causada por mortes violentas e incêndios postos por invasores portuguêses na tomada do Brasil Colonial. Expulsaram os indígenas para o interior seco do sertão baiano e lá também os índios foram massacrados e exterminados por grandes latifundiários. A língua Tupi foi traduzida por José de Anchieta, o jesuíta que criou a 1ª Gramática da Língua Tupi no sistema escrito e o Padre Azpilcueta Navarros foram os primeiros etnógrafos do Brasil. Por ordem do Marquês de Pombal em 1756 foi proibido a língua Tupi-Guarani falada por índios e jesuitas no Brasil. E expulsos todos os jesuítas das Colônias Portuguesas. Mas os índios continuaram a falar o Tupi-Guarani por ser o dialeto mais usado na maioria do território brasileiro.(Álvaro).
“O papagaio é notável pela faculdade de imitar a voz humana. Um belo jogo de cores faz desta ave verdadeiro ornamento da região amazônica e nordeste brasileiro. Seu período de vida é longo em média de vida é de 60 anos. Eles podem viver até mesmo 80 anos se bem tratado. É a única ave que costuma ter um parceiro.” ( Fonte: Moderna Enciclopédia de Pesquisar, Consultar e Aprender – Novo Brasil Editora Brasileira Ltda.1984)

Álvaro B. Marques.

DANÇA - ENTRECHO




O corpo dança e rasga a roupa
É corpo sem roupa com brilho no corpo
A beleza do corpo mostra a pele sem roupa
É tinta pintada é visto de roupa.
É dança macabra é dança de louco
Que canta
Que salta
Que mexe o corpo
É corpo que dança
Frenesi na música
O grito do povo
É lobo assustado
É bicho do mato
Que corre assanhado.
O pano cai
Cobre o copo
 Revela a roupa no corpo
A pele não gosta da roupa.
Começa a coçar o pano no corpo.
E rasga em gritos a roupa.
No chão fica o trapo da roupa
Mostra a pele á luz no corpo
Exclamam; bonita, cheirosa e gostosa...
É pele sem roupa que aparece luzente
Mostrando desejos no corpo presente.
O corpo bem feito lascivo indecente.
A música cantada nas vozes contente
São coisas da vida na noite alegre de gente
Que aplaude com flores rubescente.
A bailarina faz a dança crescente.
Com véu, com graça, com língua e dente.
Os homens vibram de emoções tangentes
No ar, nas cores, nos sons presente.
É gritos onipotente
É som que não para a viola vigente
Com música intransigente.
As luzes apagam com os gritos dos presentes
A bailarina some do quadro de luz incandescente
Volta depois num fecho fosforescente
Novos vozeirões ressoam no Bis
O corpo dança em ritmo frequente
Volúpia até o amanhecer do sol nascente
É quando os homens saem em passos incontinente
Fim da noite início do dia.
Silêncio na rua.
Outras luzes, outras cores, outro ar.
A vida é a mesma com roupa ou sem roupa na vida da gente.



Álvaro B. Marques




sábado, 21 de setembro de 2013

MEU PARENTE ANTEPASSADO ABOLICIONISTA




Na minha infância, na casa da Rua da Mangueira no bairro de Nazaré. Ouvia da minha tia avó, Maria Augusta da Costa Marques tia do meu pai  Álvaro Marques que o criou, relatos do seu parente Coronel Santos Marques, seu tio abolicionista. Contava várias façanhas do coronel “que tinha uma roça e que ajudava muitos escravos.
Hoje, ao ler mais um livro do autor Francisco Borges de Barros “A Margem da História da Bahia” historiador da Bahia antiga, deparei com acontecimentos do abolicionista Coronel Santos Marques: “Nunca hei de esquecer das longas jornadas empreendidas para acompanhar da “Gazeta da Tarde”, as vitimas da escravidão com destino a uma roça a estrada das boiadas, de propriedade do Coronel Santos Marques, que se incumbia da segurança e manutenção alimentar daqueles adventícios”. “Ao fundo da espaçosa vivenda campestre, havia um subterrâneo, no qual se penetrava por uma estrada de forma circular, construída de tijolos e que se elevava cerca de um metro acima do solo, dando, a primeira vista, a impressão de cisterna. O chão desse subterrâneo era também revestido de tijolos, e a dar crédito da tradição (muitos falavam desse subterrâneo mas ninguém tinha prova) tinha sua entrada no atual Colégio dos Órfãos do Noviciado de São Joaquim e ia terminar na dita roça. O subterrâneo se destinava ao último asilo de refugiados em caso de alguma inesperada diligência da Guarda Policial. Uma escada comum, lá estava de prontidão para à descida, a qual seria retirada para o interior do subterrâneo logo após a penetração do último refugiado. Folhas secas, reunidas à entrada do local confirmariam a ilusão que somente ali existiam “aranhas e cobras” era um local disfarçado”.
Veja o que diz o Major Oseas: “ Muitos Oficiais do Corpo de Polícia, se interessavam pela abolição e outros fizeram o trabalho eficiente, como os Coronéis Joaquim Maurício Ferreira e Maximiano dos Santos Marques Este último escrevia no Jornal Gazeta da Tarde decidida propaganda e até refugiava escravos em sua roça na Estrada das Boiadas”.
A História acima confirma juntamente com outras, que o Coronel era homem abolicionista e de grande influência no meio dos intelectuais e militares da época. Este acontecimento retrata a sociedade civil e militar muito dividida no apoio as causas abolicionistas. Participava como sócio Diretor da Sociedade Abolicionista Comercial no período de 1870/1873 sendo Presidente o Desembargador João Antonio de Freitas Henrique(Pasta Maço 1575 referente as Sociedades Beneficiências - Seção do Arquivo Colonial e Provincial - Arq.Púb.do Estado da Bahia.) Vereador na Câmara Municipal da Capital em 1881 quando morava em Pitangueiras.(Fonte: Almanak da Bahia ano 1881).
D. Maria Augusta da Costa Marques, solteira, chamada por familiares de D. Pequena, tia e mãe de criação do meu pai Álvaro Marques, filho de Antonino Santos Marques, solteiro, irmão caçula de D. Pequena, teve este filho natural com D. Laurinda Paiva. O avô Antonino morreu aos 33 anos de insuficiência cardíaca e a avó muito nova constituiu outra família. Ficando o filho Álvaro aos cuidados da sua irmã Maria Augusta. Por sua vez, D. Pequena não foi registrada com Santos, registrou somente o Costa Marques herdado o Costa da mãe. Por motivo ignorado não registrou meu pai com Santos, perpetuando o sobrenome Marques.
D. Maria Augusta da Costa Marques (tia pequena), comentava os atos de bravura e dizia ser sobrinha do famoso Coronel mas não deixou nenhum documento comprobatório.Ela nasceu em Salvador no ano de 1890 e faleceu no ano de 1960 nesta cidade, causa morte, parada cardíaca fulminante. Tão logo a morte da tia-mãe, meu pai viajou e levou com ele todos os documentos da falecida que se perderam na viajem.
Creio que a minha história se enquadra na mesma proporção de milhares de brasileiros que não têm como provar a sua árvore genealógica por diversos motivos. Principalmente por perda de documentos em órgãos públicos. O mais interessante ocorria antigamente o “pai de família” na maioria das famílias pobres, ia registrar em Cartório seu filho, quando a criança já não era mais recém nascida e só registrava com o sobrenome do pai, com esse ato no futuro implicaria o seu filho a não pertencer a geração materna. Enquanto que na família rica o patriarca fazia exigência do registro dos sobrenomes paternos e maternos, isto porque a fortuna sempre ficava na mesma família ou unificando com outra família rica. Não havia união com famílias pobres ou que não fossem de origem rica. Havia caso de exceção em aceitar pessoa que fosse figura de destaque da sociedade ou estrangeiro. Assim era fácil saber a origem de cada membro genealógico.
Em pesquisas realizadas em Livros de Batismo e Nascimento do século XIX, deparei com anotações incompletas, escrito por vigários de Paróquias que não acrescentaram certos detalhes importantes por exemplos: Não colocavam a data de nascimento do Pagão, só registrava o primeiro nome e a idade, se fosse filho natural somente colocava o nome da mãe incompleto e ignorava-se o nome do pai. Registrava-se o nome da criança e do casal completos quando era filho legítimo. Filiação e data de falecimento é muito difícil serem apuradas, pois são muitas as pessoas com os mesmos nomes e apelidos que deparam nos livros de casamentos e óbitos da Bahia dos séculos passados. Acredito que tinha normas de anotações nos Livros de Batismo porém o vigário  escrevia o que achava conveniente. Era a Igreja soberana e o Estado submisso.
Essas atitudes eram comuns do clérigo e do preconceito da época, na qual a sociedade relegava a mulher o segundo plano na hierarquia familiar. Era a sociedade absolutista em meados do século XVIII, até o fim do século XIX. No inicio do século XX houve grandes mudanças sociais e as mulheres já começaram a mudar o cenário social brasileiro.
Resumo da Biografia do Coronel Maximiano Santos Marques.
Fui buscar por meios de pesquisas em trabalho biográfico do seu bisneto Dr.Caio Cesar Tourinho-Marques. Publicado no livro da Revista nº 7 da ASBRAP- Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia, páginas 260 a 277. “Maximiano dos Santos Marques, nasceu na fazenda Buraco, freguesia de Senhora Sant’Ana da Serrinha, interior da Bahia no dia 2 de março de 1839. Vindo em tenra idade para a Capital; filho do fazendeiro e negociante Vicente Gonçalves dos Santos Marques e de D. Maria Joaquina Rios Marques.( Está parte é do autor desta crônica em cuja pesquisa encontrou seus parentes: Cesídio Aristides dos Santos Marques, Félix dos Santos Marques(bisavô do Coronel Santos Marques), Maximiano dos Santos Marques(avô do Coronel Santos Marques) Francisco Abrósio dos Santos Marques, José Santos Marques, Clemente dos Santos Marques, Antonio Isidorio dos Santos Marques, Inácio dos Santos Marques e Nair dos Santos Marques).
“Foi oficial da Guarda Nacional, onde ingressou no posto de tenente em 1859, tendo sido promovido aos postos seguintes até coronel. Em 17 de junho de 1865 foi nomeado Capitão do corpo de Polícia Provisória. Passou a 25 do mesmo mês, a disposição do Presidente da Província.”
“Agraciado Cavaleiro da Ordem da Rosa, por decreto do Governo Imperial em 24 de outubro de 1866. Por efeito de Lei, pela qual os oficiais do Corpo Provisório cediam seus lugares aos oficiais do Corpo Efetivo, que regressassem do Paraguai, a 13 de abril de 1867, foi exonerado do posto, continuando a disposição do Presidente da Província, como Arquivista da Secretaria da Presidência. Por Lei nº 1.033 de 2 de junho de 1868 foi dispensado nas horas em que tivesse de freqüentar aulas na Faculdade de Medicina, onde obteve o grau de Farmacêutico.”
“Em 1880, foi Tesoureiro da Fazenda Provincial e em 1881 morando em Pitangueira, foi eleito Juiz de Paz de Brotas. Em 17 de janeiro de 1882, nomeado 2º suplente do Delegado de Polícia do 1º Distrito da Capital. Nomeado em 5 de maio de 1882 para dirigir a 2ª Secção da Alfândega, e no mesmo ano, assumiu o cargo de Intendente da Capital. Tesoureiro em 1882 da Faculdade de Medicina da Bahia.”
“Em 18 de julho de 1894, nomeado Comandante do Regimento Policial; no dia 19 assumiu o Comando e passou o mesmo ao Capitão Antonio Joaquim de Souza Braga, em 18 de maio de 1895, sendo na mesma data a sua aposentadoria. Em 18 de janeiro de 1896, nomeado Comissário de Polícia do 2º Distrito da Capital.”
“Era chefe político prestigiado da freguesia de Stº Antonio Além do Carmo, militando no partido Liberal. Exerceu o jornalismo no Diário da Bahia. Quem quiser saber de seu caráter altivo, leia neste jornal seus artigos, principalmente os de 23 de abril, 8 e 25 de maio de 1887. Fundou o jornal “Gazeta da Tarde” com outros sócios e depois o jornal “O Norte”, todos tiveram vida curta. Neste tempo, morava na Ladeira do Paiva e como o seu jornal tivesse saído com o título em vermelho “O Estado” publicou trocadilho e foi uma guerra de palavras em jornais.”
“Fez parte da campanha abolicionista e em sua chácara na Estrada da Boiada onde refugiava escravos.”
“Faleceu em 25 de março de 1922, em sua residência, em Pitangueira nº92, distrito de Brotas, nesta capital. Encontrava-se com problemas de saúde grave. Era casado em primeira núpcias com D. Josepha Joaquina Ferrão Muniz  do Santos Marques, de cujo consórcio deixou os seguintes filhos: Professora Ana Muniz Marques de Freitas, Adélia Muniz Marques Khuim, Vicente Muniz Marques, Raimunda Muniz Marques Sardinha, Maria da Glória Muniz Marques do Rêgo, Clelia Augusta Muniz Marques, Maria Amelia Muniz Marques Ferreira, Umberlino Heraclio Muniz Marques. Do seu segundo casamento, com D. Adália Rosa de Góes Santiago Marques, ficaram os seguintes filhos: Taciano de Góes Marques, Alfredo de Góes Marques, Jesuina de Góes Marques, Alberto de Góes Marques, Professora Julieta Góes Marques de Brochão, Carlos de Góes Marques, Mário de Góes Marques, Aguinaldo Santos Marques. Jones(falecido adolescente), Maria Amalia(falecida aos 17 anos), Hylda de Góes Marques – (passando a ser chamada Hylda Marques de Oliveira com descendência adotiva.)”(relatos no livro da ASBRAP Nº7 Titulo “Coronel Santos Marques: Um Abolicionista baiano” do Dr. Caio Cesar Tourinho-Marques)
“São seus netos os  Drs. Oscar e Oto Marques de Freitas respectivamente Ten-Cel do Serviço de Saúde e o Cap.Médico da Polícia Militar.”(Fonte do Livro Noticias Sobre a Polícia Militar da Bahia no Século XIX - autor Major Oseas Moreira de Araújo.
 FONTE:
Arquivo Histórico Municipal de Salvador
Arquivo Público do Estado da Bahia.
Arquivo Geral da Polícia Militar do Estado da Bahia.
Laboratório Eugênio Veiga – Memorial – Cúria Metropolitana de Salvador.
Centro de Memória Santa Casa de Misericórdia da Bahia.
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
Biblioteca Pública do Estado da Bahia.
Biblioteca Clemente Mariani.





Álvaro B. Marques         

sábado, 11 de maio de 2013

Nome de doença com diagnóstico na Guia de Óbito do Cemitério da Quinta dos Lázaros.




Estamos em pleno século 21 e nada se compara hoje com os séculos passados, principalmente a medicina que tomou um grande impulso de desenvolvimento na área científica, médica e hospitalar.
Lendo as Guias de Óbitos do século XVIII, constatei nomes de doenças que se fossem hoje não haveria tantas mortes.Principalmente as doenças endêmico que tornaram-se epidemias e ainda hoje são desafios para a saúde pública. Naquela época tínhamos médicos clínicos gerais, competentes e jubilados, alguns com conhecimentos no exterior França, Estados Unidos e Inglaterra, mas os medicamentos só apareceram aqui em fins do século XIX. “Foi somente no século XIX que se iniciou a procura pelos princípios ativos presentes nas plantas medicinais, criando assim, os primeiros medicamentos com características que nós os conhecemos atualmente. A primeira indústria farmacêutica nasceu na Alemanha em 1897 também a primeira patente que se tem conhecimento na área de medicamentos.” “Foi na era das enfermarias e boticas dos Colégios Jesuítas que o povo do Brasil colonial encontram drogas e medicamentos vindos da Europa”(Hist.das Farm.no Brasil – autora:Renata Carvalho, jornalista –Internet). Nesta época eram chamados de físicos os médicos e cirurgiões.
No passado, havia a profissão chamada de sangradouro e barbeiro, estes além dos cortes de barba praticavam ventosas, sanguessuga, faziam curativos e arrancavam dentes e muitos nas horas vagas eram músicos. Os remédios eram vendidos nas boticas e drogarias importadas quase sempre uma prerrogativa para os brancos ricos. Os pobres a maioria escravo serviam-se dos curandeiros, remédios caseiros, formulas feitas de ervas, sangradouros e barbeiros. Recorriam ao Hospital da Santa Casa da Misericórdia (que era o único) quando a doença já era grave.
Termo médico(diagnóstico) nos Óbitos: raquitismo, congestão de baço e fígado, congestão cerebral, lesão cardíaca, tétano umbilical, febre perniciosa, tétano e tuberculose, renitente, bronquite, cardíaco, delirium tremens, insuficiência aórtica, acesso (tosse) pernicioso, ataxia, moléstia interna, hepatite, carcinoma do reto, gastrenterite, tísica pulmonar, pneumonia crônica, febre renitente biliosa, convulsões, febre palustre, asfixia, nefrite, caquexia palustre, caquexia cancerosa, enterite aguda, dentição, beribéri, coqueluche, carcinoma do útero, mal do umbigo em estado de putrefação, cólicas intestinais, gangrena, catarro sufocante, marasmo senil, congestão interna, peritonite aguda, moléstia do coração, cólera morbus, glicosina, congestão pulmonar, hemorragia, decreptude, mielite, moléstia hepática, varíola, disenteria crônica, insuficiência mitral, eclesia da aorta, tosse sufocante, cirrose crônica do fígado, difteria, insuficiência aórtica, abscesso do fígado, envenenamento, cancro no útero, tuberculose mensetérica, meningite, febre puerperal, tumor maligno, mal de Brecht, estupor enterite, asfixia, vermes intestinais, cardo vaso, cancro no nariz, erisipela, fibroma uterino, retenção de urina, tétano dos recém-nascidos, úlcera, fagedomina complicada de diabete, atrepsia, lesão cardíaca, meningite, ruptura de aneurisma, entero colite, hiperemia, cerebral espinhal, linfagite, hidrofasia, nefrite, angina, difteria, sanidade gestação, cólicas, úlcera gástrica, bronquite capilar, infecção purulenta, ferimento na região carotidiano (arma de fogo) endocardite, bronco pneumonia, ascite, sífilis cerebral, estreitamento aórtico, carcinoma do estômago, congestão do baço e fígado, enterocolite, moléstia da boca, disenteria bacilar, vermes intestinais, moléstia venérea.
Na minha opinião de leigo. A maioria dos nomes de doenças que o médico escreveu nos óbitos não me parece ser de causa morte em relação a medicina atual.
Fonte: Livro Registro Clínico e Estatístico Neológico do Hospital da Caridade da Bahia - Encaminhado ao Cemitério da Quinta dos Lázaros em 1869.
Relação dos gêneros alimentícios de consumo diário dos doentes e empregados do Hospital de Caridade e da Santa Casa da Misericórdia da Bahia em 1849/50.
O que seria inadequado hoje como alimento hospitalar. Caso da maioria dos gêneros citados abaixo:
Couve verde, arroz, toucinho,açúcar, farinha, farinha de trigo, farinha de tapioca, aletria, galinha, carne verde(ás vezes) carne seca, chá, café, manteiga de vaca, manteiga de porco, vinho tinto, vinagre, leite, água, sal, azeite de mamona, cevada, feijão, azeite doce, pimenta da Índia, cravo, cominho, erva doce, cebola.
Permaneceu essa alimentação em todo o século 18 até meado do século 19 foi quando entrou outros alimentos e aboliu aqueles considerados nocivos ao doente.

OBS: ESTE TEXTO É PARTE DE UMA PESQUISA MAIS AMPLA A DESENVOLVER.
Álvaro B. Marques

O SUBJUNTIVO DO TERMO(nos séculos 18,19 e 20 na Bahia)



 
Nas minhas andanças em passos incertos nas Bibliotecas, Arquivos e Centros de Memórias, encontrei muitas páginas cujos conteúdos amarelados pelo tempo mostraram-me um passado de expressões verbais que faziam parte do vocabulário da época, pronunciadas por pessoas qualificadas, era o português de Portugal com mistura de termos criado na nova terra. O Brasil ainda não era Brasil e o nativo não era brasileiro. Era a Colônia Portuguesa. Separei algumas palavras muito usadas em livros de assentamentos dos séculos 17, 18 e 19 na Bahia.
Termo:  “africano livre” por ter sido apreendido após a proibição do tráfico pela Lei de 7 de novembro de 1831, mais conhecida como “Lei Eusébio de Queirós”( Eusébio de Queirós Coutinho Matoso Câmara) “que determina a todos os escravos que entrasse no país seriam livres e que quem participasse do contrabando seria severamente punido”. Esta mesma Lei dava o direito ao Estado de deportar para a África. O que não ocorria. O tráfico continuou muito forte nos anos que seguiram. Entraram clandestinamente várias étnicas as mais conhecidas foram: Gege, Mudubi, Mina, Haussá, Tapa, Bournon, Angola, Cabinda, Filamim, Moçambique, Barbá. (Livro nº220 Assentamento de escravo da Santa Casa). O Estado usava os escravos para serviços em obras públicas e muitos prestavam serviços a instituições religiosas com responsabilidade do Governo. Era o caso da Santa Casa de Misericórdia na Bahia. “Escravos livres matriculados na Santa Casa concedidos pelo Governo para os serviços gerais em 1862”. (conforme consta no Livro de Relatório de Despesas do mês de outubro de 1864). Os africanos que serviram em estabelecimentos públicos tiveram o direito à emancipação apenas em 1864 com o Decreto de 3310 de 24.09.1864. Essa medida só fora cumprida após pressão da Inglaterra através da Lei “Bill Aberdeen” de 04 de agosto de 1850 com poderes de fiscalizar os mares da proibição do tráfico de escravos. Forçou o Governo Regente a tomar medidas duras. Como também foi conhecida “Lei Diogo Feijó – só para inglês vê”. Aqui na Bahia veio um navio para fiscalizar o porto, ficaram três dias. Mas o tráfico correu para o Recôncavo baiano.
Termo: “escravo alforriado”- quer dizer; escravo livre que comprou a sua Carta de Alforria, liberdade. Obtido a carta o liberto é chamado de “negro forro”. Existiram dois tipos de Carta de Alforria: as pagas e as gratuitas. Está última, teria que ter bom relacionamento entre o escravo e o senhor, reconhecido durante todo o período de convivência e confirmado no testamento. Mas muitos deles preferiram ficar com o seu senhor e com a sua família. A maioria trabalhava em seus ofícios e eram chamados de “trabalhos de ganhos”. Outros vendedores ambulantes.
Termo: “Crioulo ou Crioula” – designação de diferença; escravo ou escrava nascido no Brasil e que eram filhos de africanos escravos, alforriados ou libertos. Subentende também cor. CRIOULO – escravo não mestiço que nasceu na terra, brasileiro sem ainda ter a sua real identidade.
Termo: “Negro Boçal” – Refere-se ao escravo negro ainda não latino, recém-chegado da África e desconhecia a língua portuguesa e os costumes. Era rude, grosseiro.
Termo: “Cabra”  mestiço ou mulato, pejorativo do português para o nativo brasileiro para diferenciar a cor.
Termo: “Nagô” – designação lingüística muito comum na Bahia nos séculos 17, 18 e 19. Significa todos os africanos que falavam a língua yorubá. Não era uma etnia. Em geral, os nagôs vindos do centro da Costa dos Escravos, os de Oyó, Ilorin, Ijêsa, Otu, Benin etc. Era a maioria na Província da Bahia. Mas vários livros de assentamentos de escravos tem está palavra como sedo origem de nascimento.
Termo: “escravo latino” ou “negro latino”  referi-se ao escravo que falava o português e conhecia os costumes da terra. Era uma mistura de negro com europeu, denominado pessoa esperta.
Curioso Batismo – Conforme registro no Livro da Paróquia de Santana Batizado no período de 1871 a 1896 – “No dia vinte e nove de dezembro de mil e oitocentos e setenta e hum nesta Freguesia de Santana do Sacramento da Bahia. Batizei Fiel, pardo, nasceu a vinte e oito de outubro do corrente ano, já livre em virtude da Lei de vinte e oito de setembro deste mesmo ano, cuja mãe chama-se Cândida, também parda, escrava do Major Antonio de Sousa Vieira. Foi padrinho Alcino Alves Ribeiro, morador na rua do Convento da Sé, e madrinha Anna Joaquina Ribeiro, filha, familiar, por procuração que apresentou Constantino Ferreira Machado Junior. E para constar, fiz este assento em que eu assino. Cônego Joaquim Cajueiro de Campos.(Livro da Paróquia de Santana – Batizado em 1871 a 1896).
A Lei nº2040 de 28 de setembro de 1871, conhecida como “Lei do Ventre Livre” ou “Lei Rio Branco”. Esta Lei considera Livre todos os filhos de mulheres escravas nascido a partir da data da Lei. Mas permanecia sobre a custódia do dono até completar 21 anos. Um passo tímido para o fim da escravidão em 1888.
Note Bem: Os livros de Batismo dos séculos 18 e 19 em várias paróquias os vigários registravam o Batizado com os nomes dos pais quando era filho legítimo ou seja do casal e quando fosse natural só assentava o nome da mãe, o pai ignorava e não colocava o nome completo da criança ou adulto no livro. Só o primeiro nome constava exp: Maria, Paulo, Mario, etc. Outro abaixo:
“Batizei, Pedro, crioulo, filho de Francisca, escrava de D. Claudete Lobão da Mata Pires, foi padrinhos Carlos Libório e Maria Pia Libório casados tocou na Coroa. Vigário, João Machado da Cruz.(Livro nº 15 da Paróquia de Santo Antonio Além do Carmo – Batizado em 1883 a 1891).
O termo: “tocou na Coroa” significa que os padrinhos tocaram com os dedos na Coroa de NªSª de Santana do Sacramento, este ato confirma a Fé no Sacramento do Batismo e a legitimidade. Procedimento normal em todo o Batismo da época.
Termo: Meirinho – Oficial de Justiça de hoje, termo de origem português muito usado nos séculos 17, 18 e 19 no Brasil.
Termo: Cidade de São Salvador Bahia de Todos os Santos. Assim foi encontrado em documentos nos séculos passados (1847). Já havia este nome deste a sua fundação por Thomé de Sousa.
Termo: “enjeitado” ou “exposto” muito comum as expressões usadas na Santa Casa de Misericórdia da Bahia nos séculos 17, 18 e 19- Criança encontrada na “Rota” para ser criada sobre a proteção da Misericórdia. Tão logo pego a criança é avaliada no seu estado físico e cor por ex: Se era bem vestida ou não, discriminava os trajes, se tinha algum objeto de valor e se havia carta ou bilhete com recomendações ou viria somente com o 1º nome. O sobrenome geralmente a criança recebia no batismo em que acrescentava Mattos em homenagem a João de Mattos Aguiar, o grande benfeitor do Asilo das Crianças e Mulheres Desamparadas. (Livro nº2 da Roda ano 1865 a 1867).
Quando já adolescente de 10 anos acima, alugava-se menino ou menina para   determinados serviços domésticos a pedido de senhores que pagavam a Santa Casa. E ao termino do serviço o adolescente voltava para a Santa Casa que providenciava outro serviço para o mesmo. Quando completava a maior idade deixava a Santa Casa e geralmente ele ou ela recebiam um dote para custear a sua vida. Caso fosse mulher o dote seria entregue no casamento ao marido e a noiva recebia o vestido de noivado aprovado pela Mesa. Este procedimento só era para adolescente branco ou pardo o negro serviria a Santa Casa ou era negociado. Na Roda não colocavam crianças negras, ficava com a mãe escrava que tinha senhor como dono. É BOM QUE SAIBA, o dote era o dinheiro do pagamento referente aos serviços prestados do “exposto” que a Santa Casa depositava na Caixa Econômica para render juros até a maioridade do adolescente que teve merecimento nos serviços que fez para os senhores. (Livro nº1192 Lançamento dos capitais pertencendo a diversas recolhidas da Santa Casa – Retirada da Caixa Econômica a cargo da Santa Casa..) E quando não havia Bancos o dinheiro e jóias eram guardados nos cofres. O “dote” tinha algumas destinações na Santa Casa de Misericórdia da Bahia, por ex: “Recebeu o dote de 500$000 mil réis Firmino Mattos do legado do Conde Pereira Marinho na verba 44 do seu testamento”. (Conforme consta no livro 4 da caixa dos depósitos em 11 de agosto de 1882/1892).
Havia caso que o exposto recebia a metade do dote no termino do contrato com a Santa Casa, por ter havido despesas na sua permanência antes do contrato e o mesmo se aplica com a mulher antes do casamento.
A criança abandonada era um problema social. Principalmente no período da epidemia do Cólera morbus em 1855 a 1856 quando morreram crianças e adultos. A criança órfã geralmente ia para as Casas Pias. E depois veio a guerra do Paraguai em 1864 a 1870 cujo governo obrigou a força para que os homens fossem a guerra. Causando com isso, muita desarticulação familiar, ficando a mãe com vários filhos sem meio para o sustento e a miséria assolando. A viúva recorre ao Governo para obter ajuda financeiro é negado mas indica a Santa Casa ou outros recolhimentos já existente. Poucas mães tinham de volta os seus filhos e outras abandonavam a sorte da criança.
Muitos garotos de 12 e 13 anos vão para a Escola de Aprendiz Artífices da Marinha e não mais retorna a Santa Casa. Outros são contratados por comerciantes e alguns são adotados por famílias ricas para fazer serviços domésticos sem despesas para a Santa Casa de Misericórdia.(Fonte: Livro nº1216 saída dos expostos de 1870 a 1895).

Termo: Banguê, padiola para transportar cadáveres, bagaço de cana, materiais diversos. Constitui de duas varas de paus roliços presos nas laterais da lona ou tecido grosso, resistente, formando uma cama de abrir e fechar, transportado por duas pessoas. Era o transporte de indigente e escravo defuntos, muito usado até o final do século 19 na Bahia. Consta no livro “Banguê” de José Lins do Rêgo.
Termo: Carroça – No Período Colonial do Brasil era comum este meio de transporte; a carroça é uma caixa de madeira sólida, aberta ou fechada colocada sobre eixos entre rodas de madeira. Puxada por tração animal, podendo ser bois, cavalos ou jegues. Muito usado nos Engenhos, fazendas, chácaras e nas cidades para o transporte de mercadorias e uso geral. Hoje é mais freqüente no meio rural. Foi daí que surgiu o transporte de passageiro.
Termo: Cadeira de Arruar – Assim chamado por escravos e senhores como transporte. “Era carregada suspensa por dois negros africanos bastantes fortes, alguns bem vestidos conforme o luxo do veículo. Havia assento para uma ou duas pessoas. Por muito tempo a “cadeirinha de arruar” constituiu o único meio de condução, entre os baianos nos ombros dos africanos chamados de “carregadores de cadeira”. A princípio era a cadeira privilégio dos fidalgos, magistrados, médicos clínicos, professores notáveis, senhores de Engenhos, comerciantes, cônegos e vigários, enfim, tornou-se o distintivo do poder financeiro. Nem todos podiam manter certo número de escravos, reservados para o serviço exclusivo da “cadeirinha” eles custavam hum conto de réis. As cores vivas e os ornatos da libré dos carregadores, já dizia quem  ia ali (Fonte: Livro “Cantando e Rindo”- Lulú Perola – 1866 á 1942 pub. Em Salvador/ Ba. em 1952.)
Termo: Presiganga – Navio presídio, antiga fragata encalhada no mar. Utilizado pelo Governo luso-brasileiro na década de 1830 e administrada pela Marinha. Era local de castigo aos presos e aos recrutas encaminhados a força entre a população mais pobre. Nesta masmorra do mar, foi preso o lendário revolucionário “Cipriano Barata”- Cipriano José Barata de Almeida (nasceu na Bahia em 26.09.1762 e morreu em Natal em 07.06.1838) era  médico e político brasileiro o mais atuante em sua época em combate em favor da Independência do Brasil. “O presídio era um local infecto, imundo, quente e salubre em maré cheia o navio ancorado enchia as dependências de água até a cintura dos presos em convivência com caranguejos e mariscos peçonhentos o que levava a muitos à loucura.”
Termo: Aljube quer dizer prisão ou cárceres do Foro eclesiástico – local de prisão dos padres que pertencia a Miltra Metropolitana. Mas, esta exclusividade foi extinta e o presídio abrigou condenados de várias procedências sociais.
Termo: Bonde, assim chamado pelo povo. Era o transporte popular responsável pelo tráfego em determinadas ruas. Veículo movido a tração animal, depois criaram outro sistema em atração elétrica, mas permaneceu o mesmo nome.
Termo: Archote: - Facho de palha grossa, tipo funil, transparente ou qualquer outro recipiente que conduz luz, cordão untado de breu ou óleo de mamona, muito usado na época para iluminação, o povo carregava em acompanhamento de préstito de cortejo religioso.
Termo: Pendão – Bandeira, estandarte; carregado por pessoas nas procissões e nas festas cívicas.
Termo: Tostão, moeda divisória em cunhagem de cobre, foi circular em 1918 para facilitar o troco cujo valor era de 100 réis.
Termo: Vintém, moeda que valia vinte réis, cunhagem de níquel.
Termo: Ex- Voto significa milagre alcançado pelo devoto, objeto expostos na sala interna das Igrejas, ver na Igreja do Bonfim e outras Igrejas tradicionais.
Termo: Castiçal, utensílio de prata ou de alumínio para carregar vela, usado em Igreja e residência particular.
Termo: Pataca, moeda que circulou em mais tempo no Brasil em 1695 a 1834 de prata do valor de 320 réis.
Termo: Tina, recipiente de madeira para armazenar água. Utensílio doméstico.
Termo: Caixão, mortuário.
Termo: Vigário ou padre da paróquia, párago.
Termo: Chapéu de sol ou guarda-chuva de pano de seda.
Termo: Caixeiro, vendedor de loja em balcão.
Termo: Tamanco, calçado grosseiro de madeira mole com tira de couro.
Termo: Coveiro, aquele que faz cova no cemitério.
Termo: Chilique, desmaio, ataque nervoso.
Termo: Camisola, camisa longa para dormir.
Termo: Gás; combustível querosene. Muito usado na época.
Termo: Caloteiro; aquele que não paga.
Termo: Rapazola, rapaz crescido; garotão.
Termo: Baticum, batida no tambor ou em qualquer lugar que produza som.
Termo: Lorota, mentira, pessoa avesso a história.
Termo: João Ninguém, pessoa que não faz nada e não tem nada como viver.
Termo: Tinteiro, recipiente de vidro que contém tinta para escrever. Geralmente molhado no “bico de pena” ou de “bico de aço” chamado também de “bico de escrever”.
Termo; Caiação, pintura na parede ou no teto da casa com brocha e cal virgem diluído na água, forma á tinta.
Termo: Samba arrojado, com pratos de louça batendo com os cabos das colheres ou com a faquinha de cortar fumo. As negras e crioulas dançavam com os pés descalços levantando a poeira do chão. Balançando a saía rodada no giro dos movimentos. É samba de roda e os negos assanhados tocando as suas músicas.
Termo: Vexame, momento difícil em que a pessoa não pode se expressar, embaraço.
Termo: Chibante, pessoa que se mostra com muito orgulho.
Termo: Sarau, festa noturno, reunião festiva em casa particular com amigos ou entre as sessões de teatro.
Termo: Almotacés; pessoa encarregada de controlar a qualidade dos produtos vendidos nos mercados populares e nas ruas, vendeiras. Fiscalizar os preços e medidas as condições de higiene. Funcionário da Câmara Municipal.
Termo: Trabalhador de Ganho; escravo liberto que fazia serviços gerais por conta própria, chamado também de "carregador". Termo: Artífice; profissional que trabalhava na profissão especializada: Artesão, pintor, mecânico, barbeiro, ourives, alfaiate, carpinteiro, funileiro, armador, calafate, pedreiro, etc.




Pesquisa - Álvaro B. Marques