terça-feira, 29 de junho de 2010

O QUE O POVO PENSA

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“Que desgraça é o dinheiro!
Com ele faz subir, sem ele faz descer.
Na falta vale muito e quando tem não sente falta.
Um deus inexorável e um rei tirano.
Engrandece e humilha.”
“Para quem estava perdido, todo lugar era caminho.”
“Ah! Meu amigo, ele é um finório ladrão de colarinho branco
Se alguém tentar pegá-lo ele escorrega como piaba nas mãos.
O rato quando passa diante dele, se ajoelha e pede benção.”
“Chegamos em uma idade que a vida para de dá e começa a tomar.”
“A morte é um fenômeno biológico e como tal devemos encarar naturalmente.”
Um amigo, ao acender uma vela oferece a outro, com essas palavras: “Que está Luz
Se multiplique na vida e na morte.”
“Não se regozije com o mal que lhe possa suceder. Nós não sabemos o que o dia de amanhã nos reserva.”
“São com palavras de Vida e Amor que criamos sonhos e acordamos com vontade de fazê-los.” – Álvaro.
“Somente o sentimento da humildade, fé e amor faz elevar o homem a grandeza espiritual.” – Álvaro.
“A ambição é um comportamento que não têm limite em pessoas inescrupulosas que não medem conseqüências. Atropelam e fazem vitímas no rastro de dor e tristezas. Para esses está reservado o julgamento supremo.” – Álvaro.
“O homem com sua fome de poder esquece que são às coisas simples da vida que nos põem a pensar a ser feliz.” - Álvaro
“Ainda tenho a mão aberta e quero sentir a sua no gesto amigo”. – Álvaro.
“Resignar o que não pode ter, mas lute com honestidade e sinceridade para obter” - Álvaro
“ O escritor escreve o que pensa para o leitor ler e pensar; poesia. Música, conto, história, crônica, romance e etc. Traduz o que todos sentem e não teem coragem de escrever.”- Álvaro
“A solidão é uma fraqueza. A saudade é um sentimento passageiro. A saudade é uma mágua.” – Álvaro.
“Existem pessoas que acham a vida é um eterno castigo, e não procuram se libertar.” – Álvaro.
“É melhor é banhar-se com a luz da verdade do que ficar com a sujeira da mentira.” – Álvaro.
“ Vivemos por toda a vida a cobrar de Deus o que nós achamos que temos direito e jamais Deus pedirá a nós o que ELE tem por direito. Faça tudo para ter o necessário para viver, aceitar o que tem mesmo pouco,dquirir com honestidade o que não tem, sem prejudicar a outro. Acaso não possas ter tudo, receba o que a vida possa te dar”.- Álvaro
“As fortes emoções do ser humano: felicidade, prazer, tristeza e amor.” – Álvaro.
“Orar é a melhor maneira de sentir a paz em nosso interior. É uma chama que está sempre acessa, guiá-nos, orientá-nos e daí-nos esperança. A chama da Fé nunca si apaga. Oremos sempre.” – Álvaro.
“Tem sentimentos que não existem palavras e tem palavras que não expressa os sentimentos.” - Álvaro
“Um ato motiva o outro.” – “Já fui amado e não soube amar.” – “O idoso lembra mais do passado e tem menos interesse do futuro.”- Álvaro
É BOM LEMBRAR:
“Já disse alguém que o coração não teme razão que nem pelo cérebro se deixa dominar”
“Não se trabalha quando o coração sofre e a mente delira”.
“Só há uma classe de homens que não erram: os que nada escrevem, os que nada produzem” (Fontane).
“Porque nesse mundo, trabalha o feio para o bonito comer”
“Em criança o homem aprende o início de tudo que lhe rodeia. Em adulto aprende o que não aprendeu, na velhice arrepende-se de algumas coisas que aprendeu e lamenta o que não aprendeu.”
“E necessário julgar as pessoas não pela face, mas pelo coração”
“Saudade – dor que é remédio, remédio que aumenta a dor”
“O pior veneno contra o coração chama-se ódio, melhor remédio é o amor.”
“A palavra, o pensamento, a comunicação traduz sentimentos nem sempre revelados”.
“As três idades da vida: a mocidade (vinte anos) a maturidade(trinta e cinco anos) e a velhice (mais de sessenta anos)”.
“Fidelidade: - É como quem ama ao dono ama ao cão.”
Ditado popular: “E como em terra de cego quem tem um olho é rei”.
“A luta pela vida, é sempre a mesma em todos os tempos e em todos os lugares”.
“Em meu tempo: deu-me ocasião para ver muita coisas que a atual geração já não conhece e que muito menos poderiam conhecer as gerações vindouras”.
O reclamo de um médico do interior faz do povo da vila: “ As remunerações dos padres eram generosas, mas a dos médicos e advogados eram mesquinhas. Os médicos não tinham doentes, e os advogados que tinham muitas tretas, mas poucas letras, eram vistos com maus olhos. Naquela cidade interiorana tudo é visto, tudo é comentado e sacramentado”.(Frases do livro: “Minhas Recordações” autor: Francisco de Paula Ferreira de Rezende – pub. Em 1944)
“Até a volta, se não for torta”. Era um ditado do tempo. A volta torta é a que se faz dentro de uma rêde (bangüê) com os pés e a cabeça voltados para cima. Era assim que naquela época século 18 se carregavam os defuntos indigentes”.(Fonte extraída do livro: Cipriano Betânio e o 1º centenário da epidemia da cólera-morbus de 1855 a 1955 nas Bahia” autor: Jaime de Sá Menezes. Conferencia pronunciada em sessão solene e conjunta de 5 de setembro de 1955.”
“Escrever é fácil. Escrever o que merece ser lido é difícil. Mais difícil e mais meritório que tudo é fazer o que mereça ser escrito.” (Frase do cônego Lacerda)
“Pobre não tem direito a duas coisas: Ficar doente e ser velho”.
“Amor perfeito, frase que só pode ter a flor mimosa de curta vida, assim chamada por ser impossível ao coração humano possuir tal sentimento.”
“Quem com muitas pedras bolem, com uma será ferido”.
“- Do mandamento de Jesus: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
“A morte de um filho. Essa deve ser a maior dor que uma pessoa pode sentir. Quem perde os pais é órfão, quem perde a esposa é viúvo, mas quem perde filho a dor é tão grande que nem o português, uma língua tão rica, não tem palavra para ela.”( Frases extraída da Revista da Fundação Pedro Calmon – autor das frases: José Augusto Berbet, Centro de Memória da Bahia.”
“Onde a vida atinge seus pontos culminantes no nascimento, na morte, no coito o homem se debruça a margem da existência e é tomado de vertigem”( Livro: Homem Primitivo e a Religião – págs.189 )
Conceitos jesuíticos:
“Ao que bate na porta se abre; ao que bate, se dá; ao que busca, se concede.”
“Tudo quanto existe morre, tudo quanto morre se transforma, até a própria morte transforma-se em vida.”( Padre Antonio Vieira ).
“ A luz faz nascer o que estava morto e as trevas fazem morrer o que estava vivo.”(padre Antonio Vieira )
Ditado Popular
“Quem diz o que quer, ouve o que não quer”.
“Quem muito se apura, pouco dura”.
“As três idades da vida: o saber na mocidade ( até os vinte anos ) a maturidade ( dos 35 anos aos 40 ) a velhice ( mais de 60 anos ).
Fonte: "A Linguagem Popular da Bahia"- autor Edison Carneiro - "A Cultura da Lingua Nacional" autor Xavier Marques. 

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A HISTORIA DE GONGOLA O REI DA GONGADA

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A história baiana nos leva as lendas e mitos em cada época. No período escravocrata que levou mais de 300 anos os escravos trouxeram a sua cultura, tristeza e alegria nos momentos de sua folga. Nessas horas, eles extravasavam a sua tristeza em canto e música. Cada etnia demonstra o seu relacionamento com a tradição da música no corpo e na alma. Até no trabalho eles cantavam a sua dor e a sua alegria. Houve vários deles em épocas diferentes que caíram na boca do povo na maneira única de ser. Vamos acompanhar este caso:
Gangola, era africano de Angola, veio junto com vários outros garotos e separados na venda. Quem o comprou foi um comerciante de escravo Bernardino Figas. Levou-o para o seu casarão e juntou-se a outros que estavam no porão embaixo. Assim que chegou o feitor tirou as amarras do seu pulso e ele sentou no chão, triste a chorar. Seus companheiros cercaram-lhe e perguntaram o seu nome ele diz: Gonga mas todos da minha terra chama-me de Gongola. Que idade você tem? Tenho 15 anos, meus pais ficaram lá, fui pego no mato. Foi feito assim o primeiro contato de Gongola com os seus companheiros de infortúnio.
Já o dia clareando, todos em pé. Aguardando as ordens do feitor para seguir trabalho ou ser vendido para outro senhor. Ao chegar o feitor, todos ficaram em silêncio e o feitor fala: Todos ôces vão trabaiá de alugê pra outro nhô, só duas semanas e adispos vortá pra quí. Si o novo nhô gostá de um de ôces, nhô Figas vende., tá certo assim? E assim levou um grupo de seis negros recente chegados da África. O feitor montado no cavalo com o chicote na mão, na meia cintura um facão, chapéu de abas grande, mascando fumo de corda e a cuspir em todo o trajeto atrás da fila dos escravos. No caminho ouviam-se a voz triste de Gongola cantarolando em nagô o seu destino até a porta da cancela da chácara do nhô Fernando. O feitor bateu palmas e logo o nhô Fernando apareceu, com seus grandes bigodes e botas até o joelho. Recebeu os escravos e mandou que todos acompanhassem o outro feitor, para em seguida entrar na senzala. Aonde havia outros 10 escravos sentados em esteiras no chão. Foram ditos os nomes dos escravos da casa aos novos moradores e o mais novo era Gongola. Foram distribuídas as tarefas de serviços para cada um e logo no dia seguinte já estavam no roçado da chácara. O feitor deu roupa nova a Gongola e chapéu de palha com abas largas. Ele ficou satisfeito, sorriu pela primeira vez e saiu correndo aos saltos cantando música alegre. Depois se juntou aos outros no trabalho, sempre risonho e cantando. Em uma semana de trabalho já era conhecido por todos como “rei da gongada”. Porque sua música era alegre e tudo que ele tocava mexia os dedos da mão e transformava em som musical. Sabendo disso, um dos seus companheiros fez um tamborim e outro fez uma gonzá, estava feito os instrumentos de Gongola. Nas suas horas de folga, não havia tristeza na senzala.
Duas semanas passaram rápido, era a vez de nhô Fernando escolher qual dos escravos ele vai ficar. Na escolha ficou Gongola e nego Toiá um pouco mais de idade do que Gongola, tabalhador e brincalhão. Eram jovens e os mais procurados por compradores de escravos, mesmo porque os garotos escravos eram mais valorizados no mercado.
Gongola conheceu de perto o nhô Fernando que já conhecia a sua fama na música e na dança. Nhô Fernando autorizou ao feitor a fazer de Gongola um vendedor das verduras de sobra da chácara. No fim da manhã Gongola apresentava as vendas ao nhô Fernando. E assim foi iniciada a vida do escravo Gongola com riso, gargalhada e samba. Nas ruas da cidade todos conheciam o seu dom musical e diziam, “lá vem o rei da gongada” Nos dias de festas dos Santos de Igrejas, Gongola era contratado para cantar , tocar e dançar no coreto da cidade. Eram os seus melhores dias. Ele se vestia com trajes alegres; Chapéu de palha de abas largas, tipo funil. Duas fitas largas de cores vivas, vermelha e amarela, amarradas no chapéu. Camisa branca sem gola e sem mangas, curta de algodão grosso aberta no peito. Calça de algodão grosso branca com lista azul, dobrada no joelho, pés descalço. Nas mãos, tamborim e gonzá para fazer música e muita alegria pra girar o samba. Tinha a autorização de nhô Fernando que lucrava com o seu alugel aos organizadores da festa que eram os fiéis da igreja. Sempre aos domingos e feriados Gongola estava na rua ou na praça em volta no circulo de pessoas a baterem palmas e cantavam as melodias do seu repertório. Normalmente eram canções em língua yorubá ou misturadas com português. O povo compreendia e aplaudia porque entendia a sua linguagem e admirava a sua música e o seu jeito de sambar com muita movimentação. Sabia ser alegre e distribuía essa alegria para seus irmãos de raça. Mesmo dentro dele a tristeza do cativeiro doía a sua alma. Ele não passava isso pra ninguém, dizia que “a alegria é pra todos e a tristeza é só dele” foi essa frase que marcou Gongola como personagem única em meios de tantos revoltosos com a escravidão. Quando completou a maioridade ele pediu ao nhô Fernando a sua carta de alforria, foi negado. Ele disse que Gongola terá que trabalhar mais e pagar a carta de alforria. E pediu ao nhô reserva de um sábado ou domingo para exercer a sua profissão de músico. Com o dinheiro ganho ele juntou e comprou a sua liberdade. Porém, já era um homem maduro e não tinha mais vontade de regressar para a África.
Fazia parte de uma Irmandade de igreja e ajudava a outros irmãos em dificuldade. Mas seu jeito alegre permaneceu no canto e na música até quando as pernas podiam ser ágeis na dança. Morreu entre amigos na confraria, morte súbita, tocando gonzá. Sua morte surpreendeu a todos. O enterro foi com música entoada por seus irmãos no adeus alegre.
Gongola marcou o seu nome nas lembranças dos amigos que ficaram repassando a história do” rei da gongada”.
Álvaro B. Marques
SSA,02.06.2010