sábado, 24 de julho de 2010

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE XI (nomes de ruas antigas e suas Histórias)

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( nomes de ruas antigas de Salvador e suas Histórias )

CAMPO GRANDE, ex-Praça Duque de Caxias, hoje Praça 2 de Julho, onde se ergue o monumento aos heróis de 1823. Antes de ser praça, ali o revestimento do solo na época era irregular. Devido ao acumulo de lixo armazenado por vários anos. Na implantação de área pública foi nivelado o terreno para o local ser erguido o monumento.
“ O monumento aos heróis da nossa independência em 1823, teve lançado a primeira pedra em 2 de julho de 1892 e foi Inaugurando em 2 de julho de 1895, sendo governador do Estado o Dr. Joaquim Manoel Rodrigues Lima. Á sua inauguração teve duplo sentido: Render-se culto de perene veneração aos bravos soldados, índios e negros da nossa libertação dos domínios portugueses e suprimir a saída dos carros emblemáticos que muitos patriotas não queriam, achavam que eram costumes primitivos, destoante de uma terra civilizada. O povo recebeu com flores o monumento ao passar pelas ruas da nossa cidade, conservando-o com carinho. O caboclo foi esculpido em 1826 e a cabocla em 1846.” (Fonte extraída do livro: “Cantando e Rindo” autor: Aloísio de Carvalho – Lulu Perola – nascido em 1866 e morreu em 1942)
“ Constituía empolgante espetáculo o cortejo cívico que retornava os carros emblemáticos ao pavilhão da Lapinha. O trajeto era percorrido no Largo da Lapinha, rua São José e corredor da Lapinha, atual Rua Augusto Guimarães e Rua Teixeira Soares. Prosseguia no alto da Soledade, largo do Convento das Ursulinas, irmãs de caridade que ofereceram ao cortejo por intermédio do seu capelão, na tarde de 2 de julho de 1823, uma coroa de louros, feito pelas freiras, ao comando das forças libertadoras da Bahia. O convento foi destituído há muito tempo. Mantém atualmente um estabelecimento de ensino secundário com internato e externato.
O itinerário do cortejo era da Lapinha até o Campo Grande e retorno para ficar exposto o caboclo e a cabocla no Largo do Terreiro de Jesus para no dia seguinte retornar ao pavilhão da Lapinha. Em todo esse percurso o povo afluía em massa entusiástica, empunhando lanternas de papel com velas e archotes para iluminação. Essa prática, suspensa em 1876 e restabelecida anos depois, ainda se verifica essa tradição. Usam também, o “óxugó” torcidas em algodão embebido no querosene na ponta de uma haste de madeira, iluminava o trajeto.” (archote – facho de palha de que se muniam os populares, acompanhantes do préstito da levada dos carros alegóricos) Fonte extraída do livro: “ A Bahia de Outrora” autor: Manoel Querino)
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RUA SALDANHA DA GAMA. Foi construída por Manoel de Saldanha da Gama, filho de João de Saldanha da Gama, Vice-Rei da Índia e fidalgo português “ que vindo á Bahia para se casar com D. Joana Guedes de Brito, viúva de D. João de Mascarenhas, filho do Conde de Caculino”. Ela mandou carta para Portugal “ofereceu a sua mão a algum fidalgo de linhagem antiga”
“Quem se apresentou foi D. Manuel de Saldanha, que comunicando a sua licença a El-Rei D. José. D. Joana era filha do mestre de Campo da Bahia, Antonio Guedes de Brito (ex-fundador da Casa da Ponte) português que se havia casado com D. Isabel Guedes de Brito, viúva de Antonio da Silva.
D. Joana, índia muito rica, no seu primeiro casamento não teve filhos. No segundo, antes de efetuar o seu casamento fez passar uma escritura em que dizia: “se houver filhos no consórcio, todos os meus bens, ficaram em nome do casal; porém, se não houver filhos a minha meação revestirá em proveito dos meus parentes, salvo se meu marido, D. Manuel de Saldanha da Gama, deixar de ser apelido (sobre nome) e tomasse os dela. Herdado de meu pai.” O mestre de Campo Antonio Guedes de Brito, cavaleiro professo na Ordem de Cristo, fidalgo da Casa de Sua Magestade e Governador que foi da Bahia, onde faleceu e sepultou, bem como assim foi a sua filha D. Isabel Maia Guedes de Brito, cujo enterramento foi na igreja do Colégio dos Jesuítas, no ano de 1733.
Vivendo alguns anos os conjugues, não tiveram filhos e assim morreu D. Joana Guedes de Brito. Mas, D. Manoel de Saldanha para ficar com a meação, em vista da escritura, adicionou os nomes: Guedes de Brito e complementou ao seu nome de batismo.
Eles moravam no Solar que construiu D. Manuel, e de quando em quando vinham do recôncavo os parentes de D. Joana para visitá-la e D. Manoel não gostava das visitas. Para submeter a mulher no ridículo ele ia a janela e via os caboclos, corria para dentro e em alta voz chamava: “ Senhora, ali vem os seus parentes!... Venha os receber”. D. Joana, que era orgulhosa, ia para a janela e apontava para os caboclos e dizia ao marido: “Foram aqueles e outros que trabalharam para eu ter a grande fortuna que tenho com a qual, mandei comprar em Lisboa um fidalgo pobre como você.”
O Paço do Saldanha como era chamado, depois a Santa Casa da Misericórdia adquiriu e logo a seguir pertenceu ao rico proprietário Simão Álvares da Silva, que a deixou para a sua esposa D. Maria da Silva. Passou posteriormente a seu genro, o Barão de Pirajá e a sua cunhada D. Maria Custódia da Silva.”
Em 1875 o Solar passou a pertencer ao Liceu de Arte e Ofício. O portal de entrada é uma bela obra de estilo Colonial. Talhado em pedra figuras humanas e ornado florais da cultura baiana.
O Liceu de Arte e Ofício têm como finalidade é prover a instrução técnica e profissionalizar jovens. Com biblioteca para seus membros e filhos e praticar a beneficência. Foi instituído por iniciativa de operários e subsídios do desembargador Antonio de Araújo Freitas Henrique e inaugurado em 20 de outubro de 1872, sob a presidência do Dr. Joaquim Pires Machado Portela, então presidente da Província.”
(Fonte extraída do livro: Arqueologia e História” autor: Francisco Borges de Barros)
É bom saber que o Colégio João Florêncio Gomes que ficava no Solar, foi dirigido pelo professor Raimundo Bizarria, um dos educadores que deixou fama na Bahia. Alquebrado pelos anos e pelos golpes que sofreu, já no fim da vida com as perdas da esposa e depois da filha, que era o seu braço direito na direção do Colégio, resolveu acabá-lo. Terminou assim um ciclo do Colégio Florêncio Gomes, que percorreu 31 anos. Vendendo os mobiliários da escola aos jesuítas, que aí fundaram o seu primeiro Colégio na Bahia, em 15 de março de 1911 com o nome de Externato Antônio Vieira. Depois de 152 anos quando foram expulsos do Brasil, por ordem do Marquês de Pompal. Mais adiante em 1912, mudou-se o Colégio Antonio Vieira para a Rua Coqueiros da Piedade. Em 1914, estabeleceu no Solar o Ginásio Ipiranga em 9 de setembro com a direção do novo proprietário Professor Isaías Alves de Almeida, ex-Secretário da Educação e Saúde na Bahia e logo depois fundador da Faculdade de Filosofia.” (Fonte extraída do livro: “A Bahia de Castro Alves” – autor: Walter Mattos.)
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LADEIRA DO BERQUÓ, Denominação provinda de ter morado neste Solar o Ouvidor do Crime, Berquó da Silveira em 1760, conforme Mello de Moraes, “Ministro Ouvidor do Crime, Francisco Berquó da Silveira.”
Neste local, foi teatro de uma tragédia: Na madrugada do dia 25 de outubro de 1824 foi assassinado o Coronel Felisberto Gomes Caldeira, comandante do 3º batalhão do Exército, chamado dos “Periquitos”, morto pelos seus subordinados, uma sublevação.
Logo a sua morte, seu corpo foi para o jazigo da igreja de São Pedro Velho. Depois seus despojos foram transladados, ao jazigo da igreja da Catedral Basílica em frente da Capela do S. S. Sacramento, onde se vê uma grande lápide em mármore com inscrições sobre a sepultura.
Quatro dos assassinos perderam a vida em virtude de sentença do Conselho de Guerra, outros, temerosos se expatriaram voluntariamente, e o resto do batalhão foi confinado para a província de Mato Grosso.( Fonte extraída do livro: “Arqueologia e História” autor: Francisco Borges de Barros- públ. Em 1928/Ba.”)
“ Corredor da Vitória, Av. mais aristocrata de Salvador até o século XIX e principio do século XX. Nesta avenida tem um belíssimo Solar mais conhecido como “Palácio da Vitória”. Pertenceu ao antigo e rico negociante e traficante de escravo, José de Cerqueira Lima. Neste Solar, Cerqueira Lima construiu uma galeria ou subterrâneo que dava acesso ao mar, era destinado a conduzir os escravos que vinham do mar para serem vendidos no centro da cidade, uma vez que este comércio passou a ser clandestino em 1824 ele não mais mostra em praça publica os exportados. Mas, continua na sua clandestinidade.
Cerqueira Lima passava a vida nababesca, ostentando grande luxo, possuindo riquíssimas alfaias em prata e ouro e mobiliários com magníficas incrustações de marfim.”
Neste palacete, funcionou por muitos anos o Colégio Sebrão, passando posteriormente a pertencer à Província por compra. Destinado à residência oficial dos Presidentes de Províncias e depois para os Governadores do Estado. O último governador do Estado que nele habitou, foi o Dr. José Marcelino de Souza. No 1º Governo do Dr. J.J.Seabra, foi demolido e iniciado a nova construção para abrigar um Museu Escola, que não logrou ser terminado devido ás construções e reformas dos Palácios Rio Branco e Aclamação.
No Governo do Dr. Francisco Marques de Góes Calmon, foi terminada a sua reconstrução em estilo colonial e destinado à saúde pública. O detalhe mais importante deste solar é a sua porta principal, é toda de jacarandá marrom claro tipo raro, em talha, com variadas formas expressivas. No interior do salão, encontra-se uma escada em caracol que é uma bela obra de arte toreuta (artesão)”.
(Fonte extraída do livro: “Arqueologia e História” – autor: Francisco Borges de Barros)
Largo do Papagaio - Em Roma, os ciganos se reuniam no largo grande de chão batido. Alí eles montaram barracas e faziam vários tipos de serviços; consertavam panelas e outros utensílios domésticos, derretiam folhas de flanges, faziam ferramentas e vendiam cavalos e burros. Quase sempre, eles comerciavam aves e daí éque surgiu o nome de "Largo do Papagaio".(Fonte: Almanaque da Cidade de Salvador - ano 1893).
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Rua Carlos Gomes, em homenagem ao Maestro Carlos Gomes, foi aberta está rua por J. J. Seabra que teve de desapropriar vários casarões antigos e outros abandonados, dentre eles tinha o edifício do “Diário da Bahia” que pertenceu ao rico negociante dessa praça, Antonio da Silva Lisboa, um dos maiores traficantes de escravos e uma das maiores fortunas da época. Neste Solar, recebia o rico negociante e nobre do tempo a oficialidade das fragatas que ancoravam no porto.
Por morte de um dos últimos dos seus herdeiros, passou por compra ao Conde do Passe. Foi transferido por compra passando a ser o “Diário da Bahia” em 1856 em sociedade de Manuel Jesuíno Ferreira & Cia. Sede do jornal. Em 1858, foi novamente transferido a propriedade do jornal ao Dr. José Joaquim Landulfo da Rocha Medrado, o qual em 1860 transfere ao Dr. Demétrio Ciriaco Tourinho.
Em 2 de agosto de 1868, passou a sociedade anônima, foi órgão do Partido Liberal até a extinção do Partido. Foi uma das maiores tribunas liberais do segundo Império, tendo a frente o Conselheiro Manoel Pinto de Souza Dantas, Demétrio Tourinho e Rodolfo Dantas. O prédio e o jornal de propriedade do Dr. Demétrio Tourinho, passou para o Dr. Augusto Guimarães que representou uma outra sociedade. Depois ficou pertencendo a ele exclusivamente, adquiriu por compra das ações da Companhia e por morte deste, passou o prédio por compra ao Dr. Domingos Guimarães que por sua vez vendeu ao Dr. Severino Vieira. Morrendo o Dr. Severino veio a pertencer ao Dr. Geraldo Rocha. E assim não mais sei do destino do Solar que só restou o abandono”.
(Fonte extraída do livro: “Arqueologia e História” – autor: Francisco Borges de Barros – Diretor do Museu do Estado em 1928.)
Av. Sete de Setembro: "A principal rua da cidade alta segue até a Barra. Construida no Governo do Dr. José Joaquim Seabra em 1912 a 1916.
Largo do Terreiro, seu jardim era o ponto predileto dos estudantes da Faculdade de Medicina. Ali no meio está o chafariz de ferro bronze, fabricado na França.No topo é visto uma figura feminina em tamanho natural, representando a Deusa Ceres.(Fonte:Memória sobre o Estado da Bahia - autor Francisco Vicente viana.).
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Largo de São Joaquim, fica em Água de Menino. Localidade que tem o Colégio dos Órfãos de São Joaquim em honra do irmão Joaquim, seu idealizador, cujo retrato está colocado no salão nobre do Colégio.
A construção do edifício começou em 1706 sob os auspícios de Domingos Afonso Sertão, bandeirante que enriqueceu nos sertões brasileiros. Domingos, doara-o ao Povincial dos Jesuítas para nele funcionar o Colégio do Noviciado da Ordem. Expulsos os jesuítas, em 1749 passou o edifício a pertencer ao Estado que fez Leilão. Em 12 de outubro de 1825 tornou-se “Asilo dos Órfãos Desamparados” instituído por Joaquim Francisco do Livramento, que tinha fundado no Rio de Janeiro e em São Paulo o mesmo Asilo. Caindo em ruínas, a Corporação do Comércio, atendendo ao apelo do Conde de Palma e querendo solenizar a aclamação de D.João 6º, restaura-o. Em 13 de maio de 1822, El Rei doa o edifício à “Casa pia dos Órfãos”, por mediação, ainda no Governo de Conde da Palma. Concluídas as obras de restauração em 12 de outubro de 1825, data do aniversário natalício de D. Pedro I. A caridosa instituição ficou denominada definidamente “Colégio dos Órfãos de São Joaquim” – Joaquim Francisco do Livramento era português da Ilha dos Açores.” (Fonte extraída do livro: “Arqueologia e História” – autor: Francisco Borges de Barros.”
Rua da Matriz, hoje rua Anna Nery, sobrado nº 7.
“ Está localizado uma casa na cidade de Cachoeira, recôncavo baiano, junto a igreja matriz, a residência que nasceu D. Anna Nery de Jesus Medeiros no dia 13 de dezembro de 1814. Hoje é uma escola pública constituída no governo do Dr. Francisco Marques de Góes Calmon.
“Era viúva do Capitão de Fragata Isidoro Antonio Nery e irmã do Coronel Joaquim Mauricio Ferreira, comandante do 41º batalhão voluntários e do Tenente Coronel Manuel Jerônimo Ferreira, também voluntário. Anna Nery teve os seguintes filhos: Pedro Antonio Nery e o Dr. Isidoro Antonio Nery.
Em 10 de agosto de 1865 ofereceu-se ao Presidente da Província “como voluntária da caridade” para servir nos hospitais de sangue no teatro da guerra do Paraguai. Nos dizeres do povo: “ Para ela a dor não tinha pátria, o sofrimento não tinha milícia, a caridade não tinha cor natural; todos eram amigos ou aliados, indiferentes ou inimigos, todos eram infelizes, todos eram irmãos.”
Faleceu no Rio de Janeiro em 10 de maio de 1880. Em vida o Imperador concedeu-lhe uma pensão anual de 120$000 mil réis, medalha do 5ª classe e a medalha de campanha com passador de ouro nº 5.
No seu retorno do Paraguai, as senhoras da nossa sociedade baiana residente no Rio de Janeiro, ofereceram-lhe uma coroa de louros cravejada de diamantes. Em 28 de setembro de 1873 foi colocado o seu retrato em solenidade no Paço Municipal desta cidade e o povo deu-lhe o nobre título de “Mãe dos Brasileiros”.
Na casa sobrado, onde nasceu e casou Anna Nery, foi propriedade anterior o Dr, Guilherme Sampaio de Oliveira e filhos. Atualmente está alugado ao Dr. Cândido Magalhães e família.
Ainda palavras do povo: “Quando a bala inimiga vinha ferir aqueles que lutavam à sombra do pavilhão nacional, aí deles! Si não encontrassem, longe da Pátria, o amparo dos braços daquela mãe terna e carinhosa! E não era somente o soldado brasileiro”.”
(Texto extraída do livro: “Arqueologia e História” autor: Francisco Borges de Barros)
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O SOLAR DO SODRÉ E SEUS MORADORES

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“Construído no século XVII por Jerônimo Sodré Pereira, nascido na comarca de Ribamar em Lisboa no ano de 1631 no Solar de Águas Belas. Seus pais D. Fernando Sodré Pereira e D. Brites Tibão. Seu pai dedicou os restos da sua vida frade no Convento da Ajuda em Lisboa, de espírito aventureiro, embarcou para a Bahia com 30 anos, já Mestre do Campo. Moço, rico logo ele contrai núpcias ( em segunda vez a primeira em Lisboa ) com D. Francisca de Aragão de boa linhagem desta terra. Filha de Francisco de Araújo Aragão e de D. Anna de Barros Soeiro, neta de D. Balthazer de Aragão, o célebre Bangala. Surgem neste tronco os Sodrés ilustres da Bahia.
Possuidor de grandes cabedais, fidalgo da casa real. Escolheu um belo local, extra muros da cidade, perto do mar, numa rua estreita que até hoje conserva o seu sobrenome. Construiu um Solar para conforto da sua família, com seus recursos, uma esplêndida morada. Neste Solar, Jerônimo Sodré Pereira residiu até ao termino de sua existência em 9 de novembro de 1711, com 80 anos bem vividos. Sendo sepultado com todas as honras e grande solenidade em frente ao altar de São José, na igreja de Santa Tereza, junto ao convento, que o ajudou a construir.
Passado um século e meio de sua morte, o Solar já pertencia ao negociante Francisco Lopes Guimarães, cuja viúva, D. Maria Ramos Guimarães, casada em segunda núpcias com o Dr.Antonio José Alves, na morte da esposa teve como transferência de comunhão de bens o Solar que passa para a sua propriedade. Mas, já no fim do século XVIII, o velho Solar, pertencia ao Comendador Manoel Antonio de Andrade, que transferira por sua vez a D. Josefina Turvo de Andrade. Passou para as mãos do proprietário e professor Isaías Alves, que o adquiriu para instalar o seu Ginásio Ipiranga.
Desempenhou este bem falado Solar do Sodré um papel significativo na História Social e Cultural da Bahia, em particular no período oitocentista.
Está secular moradia, tombada pelo governo, foi sede preferida de vários colégios de renome da Bahia. Funcionaram por exemplo; o Colégio Alemão, o Colégio Piedade, o Colégio Florêncio Gomes, dirigido pelo professor Raimundo Bizarria, o Externato Antonio Vieira, e finalmente o Ginásio Ipiranga que neste ano de 1954 completa cinqüenta anos de sua fundação. Também o que notabilizou o Solar do Sodré foi a feliz coincidência do nascimento e morte de personalidades ilustres do nosso passado. Como recordações temos do Dr. Antonio Alves, catedrático da nossa Faculdade de Medicina, ilustre cirurgião, pai do divino Castro Alves, que também viveu neste Solar. O pai faleceu em 24 de janeiro de 1866 “ vítima de beribéri de forma cardíaca”. Neste lar, Castro Alves começa a passar nos últimos meses de vida a parte chamada “ a fase mais romântica e trágica”. Foi no Solar que Castro Alves avistou da janela do seu quarto, no ano de 1866 a Simy Amgalak, um dos grandes amores do poeta, como fora Eugênia Câmara, a sua Mimi. Os amigos mais chegados chamavam-no de Cecéu. Em 3 e ½ horas da tarde de uma sombria quinta-feira, 6 de junho de 1871, expirava finalmente no amplo salão de bailes do Solar do Sodré, Antonio de Castro Alves, o maior poeta do Brasil.
Causa morte: Ao retorno da viagem que fizera ao Rio de Janeiro em 1ºº de fevereiro de 1868 ao passar 21 meses, retorna na fria manhã de novembro de 1869 – volta doente do peito, com os pulmões frágeis, “ exangue, aleijado e com a alma saturada de amargura”. E todos dão o seu último adeus a seu amigo Cecéu que vai se encontrar com a sua amada Mimi. “Após morte de Castro Alves pouco tempo ficou morando no Solar os seus familiares e o Solar foi novamente vendido para a família Mangabeira e ali por incrível coincidência digna de nota nasceu no dia 8 de fevereiro de 1879. Francisco Cavalcante Mangabeira, também poeta fulgurante, irmão de João e Otávio. Também muito jovem faleceu.”
Passado quinze anos, no dia claro de março de 1886 o Solar do Sodré, recebe novos moradores em destaque uma estudante de medicina Rita Lobato Velho Lopes. ( glória do Brasil por haver sido a sua primeira médica ). Constituiu um dos orgulhos da nossa Faculdade de Medicina que a diplomou.
Finalmente, o Ginásio Ipiranga festejará em fevereiro deste ano 1954 o seu cinqüentenário de sua fundação.”
( Fonte extraída do livro: A Cidade do Salvador – autor: Alberto Silva – editado em 1954 Bahia.)
MEUS COMENTÁRIOS: o Solar do Sodré, hoje, é conhecido como Colégio Estadual Ipiranga, administrado pelo governo do Estado. Firme e nobre igual ao passado, porém, sem o brilho dos seus moradores. Uma referência Histórica e secular da nossa terra. Cuidemos desse patrimônio do saber.
Álvaro B. Marques. Trabalho de pesquisa.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE X (NOMES DE RUAS ANTIGAS E SUAS HIST. DE ORIGENS-CONTINUAÇÃO)

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Água de menino –“Quando os jesuítas vieram de Portugal para o Brasil, trouxeram sete meninos já instruídos para que tomassem gosto e simpatia com estímulo para tantos outros que por ventura aqui existissem. Dizem que no lugar aonde moravam, existia um rica nascente d’agua que correndo até bem perto do mar, formava uma lagoa onde grande numero de crianças costumavam tomar banho. Daí o termo “água de menino”. Mas tarde, em 1775, esta nascente foi captada e canalizada. Surgindo então a fonte pública de bica que foi restaurada em 1876. Água de menino, era o lugar preferido pelos
guerrilheiros baianos para preparar emboscadas aos holandeses quando esses atacavam a cidade. Na redondeza de Água de menino, foi morto a golpe de espada o governador Holandês Johan Van Dorth, em luta com o capitão Padilha.”
(Fonte extraída do livro: “Estribela” – novo guia da cidade de Salvador – 1ª Edição em 1953 – págs. 250.)
“ O fato mais importante no dia 17 de julho de 1624, foi a morte neste sítio Água de Menino”, o general holandês João Van Dorth”.Esses foram os dizeres na placa fixada na entrada do Forte de Mont. Serrat.” Conforme consta no livro: “Relíquias da Bahia” autor: Edgard de Cerqueira Falcão – págs. 35)
“Água de Menino, provem o nome de um grande lago, ali que existia formado pelas águas que corriam da montanha até a baixa, onde banhavam os meninos da redondeza, principalmente os meninos órfãos do Orfanato de São Joaquim. A Câmara Municipal mandou construir neste local em 1752 e restaurado em 1876. Forte de Lagartixa, apelido que deu o povo. Sua antiga denominação foi Forte de Santiago de Água de Menino, depois batizado por Forte de Água de Meninos. Visto em manuscrito como Forte ou Fortinho dos Franceses, depois apareceu escrito e conhecido como Forte de Santo Alberto.”(Fonte extraída do livro: Fortificações da Baía” – autor: João da Silva Campos.)
PRAIA/LAZER
Já no início do século XX (1909), os baianos tinham como local de lazer as praias. Havia nas praias várias canoas e afastado estavam as casas dos pescadores com telhado em palha de palmeira. A maioria era descendente de escravos africanos que só conheciam as jangadas (canoas) e o mar em profundeza. Mas eram exímios pescadores e conhecedores do mar. As localidades de praias foram formando novas moradias para os veranistas com telhados revestidos com telhas de barro. E naturalmente, foi afastando os pescadores para outras praias mais distantes da cidade. Os locais mais procurados foram da Barra até Amaralina, mais adiante não havia estrada. O interesse maior surgiu logo após o lançamento das “roupas de banho” vindo da França como última moda.”
(Fonte de pesquisa de Álvaro B. Marques)
É bom saber que o Museu de Arte Sacra da Bahia, outrora Convento de Santa Tereza – remanescente do Convento dos Terésios da Bahia. Construído por Freires portugueses em 1697. É uma residência tipo fortaleza à beira mar na localizado na Preguiça. Inaugurada a igreja e o convento em 1697 com o nome de Convento da Ordem dos Carmelitas Descalço da Bahia. Extinto por Lei Provincial em 2 de junho de 1840.Anos depois voltou a ser Convento de Santa Tereza e era conhecido como seminário. Funcionou até 1953 como Província Brasileira das Missões
Trabalho de pesquisa – Álvaro B. Marques
Origem de nomes de ruas - “Bângala, rua Balthazar de Aragão, fidalgo e rico português que fora governador de Angola e que chegando a Bahia pouco antes de 1600, casou-se com uma descendente de Diogo Álvares Correia (Caramurú ) e Catarina Paraguassú. Vinha com fama de homem valoroso e violento, pelo fato que o apelidaram de “Bângala” que o idioma de Angola significa “bom de pau” ou “bom de bordão”. Muito rico e poderoso. Construiu navios e mobilizou escravos. Quando soube que os inimigos franceses se achavam no Morro de São Paulo, preparados para invadirem a cidade. Investiu Balthazar contra eles e a sua nave ao abordar uma outra inimiga adernou, afundando. Morrendo com a sua armatura de peito de ferro junto com todos os seus duzentos homens. A ironia do destino cumpriu suas palavras, quando dizia aos mestres construtores do navio essas frases: “ Façam o trabalho direito, com boa calafetação. Mesmo que faça do navio o meu ataúde.”
BARRA, logradouro. “Em 1536, Francisco Pereira Coutinho, estabeleceu-se no lugar que passou a ser chamado de Arraial do Pereira, onde se encontra a igreja de Santo Antonio da Barra. Este Arraial abrange todas as terras que hoje compreende os bairros da Barra e Barra Avenida conjuntamente com a Vila Velha, hoje chamada de Bairro da Graça. Era tudo quando existia da importante cidade do Salvador, fundada depois pelo primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Sousa, que assim se expressava: “ bem para o alto e bom para dentro da Bahia.” Com o tempo os dois referidos bairros juntaram-se e expandindo-se até a localização de hoje.”
(Fonte extraída do livro: “Estribela” – novo guia da cidade do Salvador. 1ª Edição de 1933, págs. 253.)
Obs: Este guia foi uma homenagem que os imigrantes espanhóis fizeram a Prefeitura de Salvador quando da passagem dos seus 400 anos.
(Fonte de pesquisa – Álvaro B. Marques)
“Existem duas ladeiras atrás da Igreja do Senhor do Bonfim, que outrora chamavam-se “Ladeira de traz da igreja e a outra Ladeira da Lenha”. Está última, pelo simples motivo que ali descarregavam “lenhas”(troncos e vários tamanhos de madeiras). Vindas de regiões da Bahia e recôncavos baianos, como presentes de promessas alcançadas por devotos da igreja em homenagens de fazendeiros e ricos comerciantes ao Senhor do Bonfim. Chegavam essas madeiras em saveiros e barcos que encostavam no antigo cais que ali existia. A Ladeira principal que fica em frente da Igreja, foi construída em 1792 e terminaram em 1793, nesta época, então, chamada “a ponte de pedra do Bonfim”
(Fonte extraída do livro: “ Da Bahia que eu vi) autor: João Vallera – 1935)
Rua da Valla
Situava-se depois da Estrada Nova o que é hoje a rua Dr.J.J. Seabra, chamada também de Baixa dos Sapadeiros” porque ali em maioria, só trabalhavam sapateiros.. Havia um rio que passava no meio da rua, chamado de “rio das tripas”, logo no começo da Barroquinha.( Fonte extraída do livro: “ Da Bahia que eu vi - autor: João Vallera).
A rua da Valla, foi aberta depois do aterro da valla do Rio das Tripas. Por efeito da Lei de 9 de agosto de 1850.”
Praça Guadalupe, nome antigo, depois Praça dos Veteranos. Local do quartel do Corpo de Bombeiros, antes chamado “Corpo de Voluntários contra Incêndios”. Foi iniciada a construção em 27 de dezembro de 1894 por ato do Intendente Conselheiro Almeida Couto. Em fevereiro de 1932, na gestão do Dr. Arnaldo Pimenta da Cunha, Prefeito Municipal, foi fundada a Banda de Música Maestro Wanderlei.”(Fonte extraída do livro: “Da Bahia que eu vi” – autor- João Vallera.)
O Quartel do Corpo de Bombeiros, foi concluída em 29 de março de 1917 pelo ex-Itendente Dr. Júlio Viveiros Brandão na administração Municipal do Dr. Antonio Pacheco Mendes. Projeto do Engº Arquiteto Júlio Conti. E sobre a direção técnica do Engº Filinto Santoro.”
Relação das Freguesias da Capital/Salvador e as datas de fundação.
Antiga Sé, fundada em 1552 – Vitória, fundada em 1552 Largo da Vitória – Conceição da Praia, fundada em 1625 – São Pedro, fundada em 1673 – Santana, fundada em 1673 – Pilar, fundada em 1718 – Mont-Serrat, fundada em 1718 – Brotas (N.S. de Brotas), fundada em 1724 – Penha, fundada em 1724 – Itapagipe, fundada em 1745 – Santo Antonio Além do Carmo, fundada em 1745. Esses foram os Bairros mais importantes da Capital do Estado.( Fonte de pesquisa nos guias da cidade do Salvador ).
“Em 28 de Janeiro de 1932, a classe comercial e o Governo do Estado, inaugurou na Praça do Comércio, na cidade baixa, uma estátua do Conde dos Arcos, mudando o nome do logradouro para Praça Conde dos Arcos. Uma justa homenagem que foi o grande homem do século passado. Uma demonstração de truísmo. A Bahia não esquece.”( Fonte do livro: “ Livro de Horas “ autor: Afrânio Peixoto.)
Av. Sete de Setembro, foi a principal avenida da cidade alta, mandada construir com grande dificuldade financeira para o primeiro governo do Dr. José Joaquim Seabra em 1912 a 1916.”
Praça D.Isabel, foi inaugurada em 26.de novembro de 1865. Na administração do Desembargador Dr. Luiz Antonio Barbosa de Almeida. Na época era Presidente da República o Dr. Manoel Ferraz de Campos Sales e governador da Bahia o Dr. Severino dos Santos Vieira. Existia na inauguração da praça um chafariz com inscrição na base do mármore, com data da construção e relação de todos os nomes que fizeram parte da inauguração. Esta Praça é hoje chamada de Praça da Sé.”
“A abertura da Avenida da França, situada no comércio, cidade baixa. Foi uma continuação da Obra de melhoramento do Porto da Bahia, conforme decreto nº11236 de 21 de outro de 1913. Na cidade baixa, comércio, existem várias ruas com nomes de países.”( Fonte extraída do livro: “ Portos da Bahia” – cronologia – CODEBA – autora: Rida de Cássia Santana de Carvalho Rosado – pib. Em 1987.)
O Terreiro de Jesus – Foi a denominação dada em homenagem aos Jesuítas, cujo Colégio estava neste local. Hoje é a Praça, também foi chamada de Praça 15 de novembro e no fim do Império chamava-se Praça do Conde D’Eu.
Ainda nesta Praça, existe um chafariz de bronze de fabricação francesa, feito pela fabrica de Veuve André et Fits em Champagne. Em cima uma figura feminina em tamanho natural, representando a Deusa Ceres.”
(Fonte do livro: “Memória sobre o Estado da Bahia” – autor: Francisco Vicente Vianna)
A Praça Castro Alves em época de Brasil Colônia, teve seu primeiro nome denominado de “Largo da Quitanda” e logo depois “Praça de S. Bento”, no governo de Francisco da Cunha Menezes (1802/1805) que o construiu, sendo também, esse governador a quem introduziu a vacina na Bahia e tentou estabelecer um Horto Botânico nesta cidade. Mais tarde a Praça teve outra denominação de “Largo do Theatro” quando na inauguração do Theatro S. João em 13 de maio de 1812, pelo Conde dos Arcos ( totalmente destruído por violento incêndio na madrugada de 6 de junho de 1923 ) e por fim – Praça Castro Alves, desde o dia 10 de julho de 1881, data em que ali foram colocados com solenidade duas placas de bronze com o nome do poeta baiano. Concessão Municipal, solicitado em homenagem póstuma pela comissão executiva das pomposas festas cívicas tributadas a memória do “cantor dos escravos”, na passagem do centenário de sua morte. Neste mesmo local, foi inaugurado com inusitada solenidade a estátua de Castro Alves, no dia 6 de julho de 1923.
Em 24 de dezembro de 1919, foi inaugurado a casa de diversão pública chamada “Kursaal Baiano” mudou-se o nome para “Theatro Gurani” em 3 de maio de 1920 em virtude de um concurso aberto pelo já extinto jornal “A Manhã” por considerarem advena a palavra Kursaal ( não era palavra do nosso idioma.)
(Fonte extraída do livro: “Bahia Epigráfica e Iconográfica” – autor: Sílio Boccanera Jr.)
A maioria das ruas ou travessas do centro da cidade de Salvador tem seus nomes de origem dado pelo povo como referência. Assim foi chamada essas ruas:
Rua do Castanheda, era assim chamada porque morava em 1700 o capitão Jerônimo de Castanheda.
Rua da Mouraria, assim chamada por ter sido designada para habitação dos primeiros ciganos de origem mouros degredados de Portugal em 1718.
Praça do Palácio – hoje Largo da Prefeitura, defronte ali, tem o “Beco do tira chapéu” porque todos que passavam nesta travessa tirava o chapéu em frente ao Palácio Rio Branco. Era um gesto de referência.
Rua do Ferraro, foi chamada por morar e ter construído muitas casas, o comerciante João Baptista Ferraro.
Rua Portas do Carmo, anteriormente, chamada de Rua Santa Catharina, em conseqüência de terminar está rua em frente de um Castelo, casa nobre, onde morou o Coronel Manuel José Villela. Nesta casa, jantou em 1808 o príncipe Regente D. João VI junto da Igreja do Rosário.
Rua do Pão de Ló, em referência ao seu formato triangular que tinha.
Rua do Berquó, nesta rua morou o ouvidor Francisco Antonio Berquó da Silveira. Nesta solar, foi assassinado em 1824, o Comandante das Armas Felisberto Gomes Caldeira. Por seus subordinados.
Rua dos Capitães, assim denominada porque nela morou os Capitães Comandantes do Baluarte de Santa Luzia.
Rua do Saldanha, porque se encontra o solar do Conde de Saldanha.
Rua da Oração, denominação por ter nesta rua uma casa de retiro dos jesuítas.
Rua da Cruz do Paschoal, neste pequeno largo, no centro, está construído um pilar com oratório a mando de Paschoal Marques em 1743.
Rua Guindastes dos Padres, os jesuítas construíram este guindaste que existia na encosta da cidade alta para a parte baixa no comércio. Para o transporte das mercadorias vindas pelo mar, no fundo do Colégio dos Jesuítas. Construíram em 1730. Local hoje sendo o Plano Inquinado da Praça da Sé.”
Rua Guindaste da Praia, ficava no local, hoje chamado de Preguiça, onde se achava um Trapiche, junto ao sítio de Antonio de Castro, no Porto de Balthazar Ferraz. Ficava entre a Ribeira da Naus e o Solar do Unhão.
Dique do Tororó - Com as obras de melhoramento da cidade foram entulhado os diversos lagos ou brejos que concorreram para a formação do Dique. O nome Dique quer dizer "água retida".
Pesquisa de Álvaro B. Marques – Fonte extraída de antigos Almanaques da Cidade de Salvador e do Resumo Cronologico e Noticioso da Província da Bahia de 1500 a 1885".

sábado, 10 de julho de 2010

VAMOS LEMBRAR - FATOS HIST. ARQ. E O ÓLEO DE BALEIA

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FATOS HISTÓRICOS DA ARQUITETURA
Da Bahia e o óleo de baleia.
A parte superior externa da cúpula da igreja da Piedade é revestida de pedaços de faianças encravado em argamassa. Os pedaços são ajuntados de acordo com as cores e tamanhos uniformes, decorativos, dominando o branco e o amarelo, cortado por linhas azuis de pedaços de faianças em todo o circulo da cúpula. O processo resistiu aos rigores do tempo, esse sistema de revestimento estava muito em moda na arquitetura da época e evitava a infiltração na parte interna. Antes da reforma da igreja no inicio do século XIX, o templo tinha na sua fachada alguns revestimentos também de faianças e nas torres dos sinos.
A igreja da Piedade pertence a Ordem dos Capuchinhos Italianos, logo que chegaram a Bahia fez construir a sua igreja dedicando-se a CATEQUESE DOS ÍNDIOS.
A reforma foi modelada ao estilo “ inteiramente ao gosto romano “. O arremate das colunas é trabalho de Presciliano Silva e Alberto Valença.
( Fonte extraído do livro: Brasil Apontamentos sobre a Bahia em 1842/1857 – nos olhos do estrangeiro Jemes Wetherell – traduzido por Miguel P. do Rio Branco – pág.45)
MEUS COMENTÁRIOS:
Várias construções seculares que ainda existem em Salvador, principalmente no centro histórico; solares, conventos, igrejas e fortalezas. Foram aplicados nas suas construções, argamassas com óleo de baleia para evitar a umidade interior. Mas o custo desse material era caro e muito explorado comercialmente. Naquela época, havia uma verdadeira caçada ás baleias em nosso litoral. Era uma monstruosidade carnificina a favor do progresso. O extermínio contra o crustáceo mais admirado da face da terra.
É bom lembrar que o óleo de baleia era chamado de “azeite de baleia” a sua utilidade na construção civil era pequena “misturar com argamassa e aplicar na superfície do local infiltrado de água” era um impermeabilizante de hoje. Porém, nem todas as construções se aplicavam o “óleo de baleia”, só em determinados locais, principalmente em paredes externas. Mas o maior uso do “azeite de baleia” como era chamado pelo povo usuário, estava na iluminação pública.
Sumiram ás baleias da nossa costa marítima e levaram anos. Hoje elas voltaram para a ilha de Abrolhos e adjacências. Ali fazem a sua reprodução e depois retornam aos mares gelados.
Hoje existem Leis Internacionais que proíbem a pesca predatória no mundo inteiro. Mas, essa lei não é respeitada em terminados países Orientais.
Veja abaixo o texto do autor Afrânio Peixoto no seu livro: “Breviário da Bahia” – O óleo de Baleia no tempo colonial:
“ Em 1602 aprendemos a caçaram-nas, pescaram “mamotas” e adultos com vários tamanhos entre 20 a 25 metros de comprimentos, formando no corte montanha de carne chegando a 70 toneladas, que daria 10.000 litros de azeite ou 35 toneladas para 20 a 30 pipas ou mais. Diz frei Vicente de Salvador: “ao tempo do governador Diogo de Botelho em 1602, trouxe Pedro de Urecha a companheiros os quais ensinaram a pesca dos cetáceos aos portugueses mediante dois navios carregados de azeite.”
“No tempo colonial, até o meado do século XIX, era com azeite de baleia que se fazia a iluminação pública e a residências particulares. O azeite servia para argamassa de cal nas construções, a prova d’agua. Era o lubrificante de couro e máquinas. Além disso, a carne das baleias se vendia para comer. E a cola de peixe? E a barbatana? Serviam para muitas utilidades, inclusive para espartilhos e coletes das damas.
Trabalhava-se nas “armações” de Itaparica, Ponta de Areia, Amoreira, Gameleira. Uns fazendo a pesca, preando primeiro os baleotes e depois os madrijos, a arpão e depois lançados, esgotando o animal sangrando, até que um último repuxo de sangue tinisse o mar, o cetáceo ficasse sem força a disposição dos seus perseguidores, conduzindo preso no grande arpão para a praia. Ai, havia “engenho de frigir”, para extrair o azeite, a quente, e desgordura da carne a ser seca, ou em salmoura, metida em barris, para exportação. O local era uma verdadeira fedentina horrível. Trabalhavam três meses da safra com 420 operários, livres e escravos. Tinha meses que eram de grande fartura e outros de baixa pesca. Em 1768 em Itaparica, pescaram-se 146 madrijos e 33 baleotes. Em 1774, apenas 8 adultos e 1 mamote. Houve anos de mais de 200 chegando até a 500 pescas. As armações e o baleeiro tinham lucros.
Logo depois do meado do século XIX, surgiu nova iluminação pública e a diminuição do cetáceo em nossos mares foi sentido.”
Álvaro B. Marque – Trabalho de pesquisa. Em out. de 2009
A PESCA DA BALEIA EM ITAPARICA.
A pesca da baleia foi iniciada na Bahia pelo biscainho Pedro de Urêcha em 1603. Segundo o testemunho valioso de Frei Vicente do Salvador. Ele veio com o governador Diogo Botelho, no ano de 1602.
As baleias são assim designadas pelos baleeiros da ilha de Itaparica: Cacharéo, o macho. Madrijo, a fêmea. Baleote, a cria nova. Seguilhote, a cria que ainda mama; meio-peixe, a cria desmamada.
A pesca dura em média 3 ou 4 horas dependendo do mar no mês de junho quando elas começam as desovas. Uma baleia produzia setenta toneladas de carne, e trinta a quarenta tonéis de óleo (azeite). A carne era moqueada e vendida a peso nas Armações. O óleo era exportado para a Inglaterra, Espanha e Portugal. Como também, vendido na cidade do Salvador. A fim de ser empregado como limpeza de máquinas dos engenhos do recôncavo, no preparo para as argamassas de paredões e na iluminação pública e particulares nos candeeiros e tijelinhas de barro, com mechas de algodão torcido. Tudo extraído da baleia dava lucro, os ossos serviam de estacas para proteger das ondas do mar.
As Armações mais conhecidas eram: Ponta das Baleias, do Manguinho e do Porto dos Santos em Itaparica. Lá, trabalhavam na safra, centenas de operários em sua maioria escravos e forros africanos. Na safra de 1768, foram pescados, pelos baleeiros da ilha, 146 madrijos e 33 baleotes. As baleias dão crias de dois em dois anos, sendo os meses de junho e julho os mais propícios para a desova. Eles vêm dos mares gelados para ter suas crias nos mares quentes da América do Sul. O período da gestação varia de dez a doze meses, conforme a espécie, nascendo um baleote de cada vez, raramente dois. Com a idade de dois anos está o animal adulto e apto á procriação.
A baleia azul, ou de ventre amarelo, é a que mais se desenvolve. Com tamanho variável e peso; média de tinta e sete metros e peso em cento e setenta toneladas.
Além de Pedro de Urécha que foi o primeiro armador de baleias, teve na ilha João Francisco de Oliveira. Foi ele que construiu a sua armação de pesca em Ponta da Cruz e Antonio Pimentel se estabeleceu na praia dos Calafates.” (Fonte extraída do livro: “ A ilha de Itaparica” – história com tradução do autor: Ubaldo Osório – Fundação Cultural do Estado da Bahia – 1979) 
 pesquisa por Álvaro B. Marques.
SSA, 24.01.2004

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE IX (culto ao Sr.do Bomfim)

A imagem do caboclo é obra do escultor baiano Manoel Ignácio da Costa, falecido em 1849 com pouco menos de 90 anos de idade. A imagem do "caboclo" foi esculpida em 1826 na Bahia e a cabocla foi esculpida por Domingos Pereira Baião. Nascido na Bahia em 1825 e faleceu em 1871. A imagem da "cabocla" foi esculpida em 1846, também na Bahia."

"A estátua de Castro Alves, foi projetada em 1894 e erguida em 13 de novembro de 1919, pelo escultor italiano Pasquale de Chirico. Aonde se encontra até hoje na praça do seu nome na Bahia."
(Fonte extraida do livro:"Bahia Historica" - autor: Silio Boccanera Jr. publicado em 31.12.1920/Ba.)
È bom saber: Até 1763, a Capital do Brasil era a Bahia. Transferida para o Rio de Janeiro por várias razões do Império, dentre todas a mais importantre fora o controle de mais perto do ouro das Minas Gerais."

A BAHIA DO SENHOR DO BONFIM NO TEMPO DOS MEUS AVÓS.
(segundo o autor: Afrânio Peixoto no seu livro: "Breviário da Bahia")

O culto do Senhor do Bonfim é do século XVIII. Essencialmente popular. Foi o Oficial da Armada Portuguesa, o capital de mar e guerra Teodorico Rodrigues de Farias, em meados de 1700, trouxera de Lisboa, uma imagem do Crucificado, reprodução da que se venera em igrejinha próxima a Setúbal, em Portugal.
Em 24 de julho de 1754 foi a imagem transportada com procissão para a sua igreja própia. O capitão Farias, foi morador próximo a igreja do Bonfim juntamente com a família. Dalí morreu três anos depois. Sendo enterrado junto ao presbitério da nova igreja.
A Irmandade se constituiu. A municipalidade e o Estado foram alinhando a colina da Igreja que hoje domina este extremo da cidade. Dentro da igreja, está cheio de pinturas de artista Franco Velasco os painéis do teto, e imagens de arte e ex-votos de reconhecidos milagres. Fôra cercado de respeito e da devoção de um culto que não é só da cidade, senão das províncias e de outros Estados. O Senhor do Bonfim por eleção popular, é Santo da Bahia. Na festa do Bonfim a Bahia se transporta para Itapagipe e o povo sobe a Colina Sagrada. Calcula-se em 30 a 50 mil os devotos. Muitos vão de véspera. Há casas para romeiros. Há hóspedes nas cercanias que vão "passar as festas no Bonfim". Há a famosa "lavagem do templo". Enorme fila de populares, mulheres e homens do povo, e mesmo devotos de outras classes que de moringa à cabeça, paramentados com jóias, flores e ramos. Tocam burricos com barris de água limpa, atravessam a cidade baixa, vindo da igreja da Conceição da Praia até o alto do Bonfim. As mulheres devotas, carregando morinhas, potes e jarros com água de Colonia ou perfumadas, chamadas de "água de cheiro". Carregando também vassouras. Derramando no adro da igreja e varrendo, vestidos de seda das damas, misturados a saias e anáguas rendadas das crioulas, tudo confundido. As vêzes estragando o vestido na faina, por entre risos, benditos, uma exaltação pia que confina com a bacanal. Sou cauteloso, dando a palavra ao nosso Xavie Marques(escritor e critíco da época) "extraordinária festa d'agua e alcool", enorme disparate de benditos e chulas, de rezas e gargalhadas, de gestos contritos e bamboleios desonestos". A Vênus hotentole lá exibia as suas opulências, despejavam os barris pequenos de água perfumadas e sambavam com garganteios estentóreos. Soavam bacias com sinos rachados; o estrépito das palmas formava um matraquear ensurdecedor. No mesmo instante joelhos que se dobravam diante dosb altares, estiravam-se agilmente nos passos e voltas do mais atrevido fandango. Enquanto as vassouras chapinhavam nas lajes da nave, olhares cabrinos. Incendiados em chamas alcoólicas vibravam colos negros e impantes, onde as contas do rosário vibravam como guizos de mascarado. Não faltava no espetáculo as gaiatices do espirituoso capadócio, nem músicas apropiadas ao som da colosal pagodeira".
A autoridade eclesiástica tem tendado sempre cobrir a estas festas pagãs, enxertados no culto cistão. Inultilmente Dom Luis Antonio dos Santos, Marquêz de Monte Pascal. Arcebispo da Bahia, por portaria de 9 de dezembro de 1889 proibiu terminantemente a "LAVAGEM", do adro ou interior do templo. No ano seguinte o governo deu força policial para impedir a quinta-feira da lavagem. Mas, não adiantou, ela recomeçou sem violência que a proiba. Lavam-se somente as áreas externa da igreja."
Isto é a quinta-feira da "Lavagem": a segunta-feira do Bonfim é outra história, grande festa religiosa, missa oficial, muitas luzes coloridas, incenso, encontros, festas de arrial e festas domésticas. Todo em louvor ao padroeiro da Bahia, Senhor do Bonfim."
(Fionte extrída do livro: "Breviário da Bahia" - autor: Afrânio Peixoto - RJ/1980 - MEC.)
MEUS COMENTÁRIOS:
O decreto do Marquêz de Monte Pascoal - faz valer até hoje. Por outros motivos, perdeu-se o brilho e outras tradições que tinham na época. Hoje tornou-se desfile político para saudar o povo e angariar votos para a futura eleição. Mas, continua as baianas com seus trajes tipicos e potes de flores e água de cheiro, porém muito mais esterizadas e menos autênticas do que as de antigamente. Naquela época os africanos e seus descendestes não podiam exercer seus hábitos e costumes da sua terra, suas crenças eram discriminadas pela igreja e povo católico. Eram policiados e condenados. Mesmo o escravo sendo católico tinha que demostrar através da música, canto e dança a sua felicidade ou tristeza com o Santo da igreja católica que adotou em terra estranha.

Tarbalho de pesquisa - Álvaro B. Marques.

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE III (assuntos diversos e Biog. do padre Antonio Vieira)

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O gênio da eloqüência – Padre Antonio Vieira.
“No antigo Colégio dos Jesuítas, professou e morreu, a 18 de julho de 1697, contando 89 anos de idade, havendo nascido em Lisboa em 6 de janeiro de 1608, o mais extraordinário vulto do seu século, pelo talento e erudição. O padre Antonio Vieira, ornamento perfulgência da tribuna sagrada e das letras, o maior gênio da eloqüência portuguesa no século XVII.
Morreu ao receber a extrema unção, em uma hora da manhã. Passara setenta e cinco anos na Companhia de Jesus. Foi sepultado nas catacumbas dos jesuítas, situadas exatamente por baixo da atual sacristia da igreja da Catedral Basílica. Vinte e dois anos e meio depois da sua morte, aos 19 de janeiro de 1720, foram exumados seus restos, e guardados em uma urna, cujo paradeiro se ignora. Restou sua cela em perfeito estado de conservação, onde muitos anos viveu e meditou em silêncio.
A notícia desta morte todo o Brasil se comoveu e a Bahia quis honrar seu grande orador com magnífico funeral.. O clero, a nobreza, a magistratura, o exército e o povo, era unânime sentimento de dor e admiração, acotovelaram-se á volta do corpo do religioso. Em Lisboa o pesar não foi menos. Quando a triste notícia lá chegou no mês de novembro do mesmo ano, a nobreza lusitana resolveu render igualmente a Vieira homenagens dignas dele. Nem Portugal, nem o Brasil sabiam o que mais fazer para honrar o sacerdote de Deus que alternadamente os fora ilustrado.
Causa da morte: “Surdo e meio cego, experimentava freqüentemente o auge da febre, e para cúmulo numa grave queda abaixo de uma escada o deixara meio paralítico”.Assim se quebravam pouco a pouco todos os fios que prendiam à terra.
O Colégio dos Jesuítas ficava ao lado da atual Catedral Basílica e ao lado da antiga Faculdade de Medicina no Terreiro de Jesus.”
(O texto acima foi extraído do livro: “Bahia Histórica” – autor: Sílio Boccanera Jr.)
Vejamos este lindo sermão que vez o padre Antonio Vieira. Já naquela época um ardoroso defensor dos escravos, em meados do século XVII, na íntegra: “Oh! trato desumano em que a mercancia são homes! Os senhores poucos, os escravos muitos. Os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus. Os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome. Os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros. Os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e tremendo-os como se fora Deus. Os senhores em pé aprontando os açoites, como estátua da soberba, e da tirania, os escravos prosternados com as mãos atadas atrás, como imagens vilipendiados da escravidão. Estes homes não são filhos do mesmo Adam, e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os cobre o mesmo céu? Não os aquece o mesmo sol?”
(Fonte extraída do livro: “Branco e Preto na Bahia” – autor: Donald Pierson.) Somente o sermão acima, reflete o pensamento do padre Antonio Vieira,” que o domínio do preto pelo branco é devido à força e não a razão ou natureza” diz Donald Pierson na sua interpretação. Livro publicado em 1936 quando aqui esteve o autor há morar 3 anos e fez o livro.
CURIOSIDADE DA ÉPOCA.
“Coisa singular! Os dois maiores oradores de Portugal, Antonio Vieira e Manoel de Sá, viveram e morreram no Brasil, no século XVII. Dir-se-ia que essas belas terras são feitas para inspirar a eloqüência e a poesia. Vieira dizia que a sua ausência não era notada quando o padre Sá estava no púlpito”. (Fonte do livro: “Vida do padre Antonio Vieira” – autor: E. Carel)
Bibliografia:
Bahia Histórica – autor; Sílio Boccanera Jr.
Branco e preto na Bahia – autor: Donald Pierson.
Vida do padre Antonio Vieira – autor: E. Carel
É BOM SABER: O Teatro São João, foi o berço e a glória da Arte Cênica da Bahia, nele foi revelado o grande ator baiano Xisto Bahia. Inaugurado em 1812 e desapareceu no incêndio em 1922.
Eram dois Teatros que atraíram as maiores e melhores companhias, conjuntos e grupos que visitaram o Brasil. O Teatro S. João e o Politeama.
“O ator João Caetano dos Santos, considerado na época o melhor ator do Rio de Janeiro. Tem a medalha de Comendador da Ordem de Cristo. Recebeu do Ministério do Interior em 1861/62 uma pensão que excede á soma respeitável de 106$600 contos de réis.”
Em 1827 estréia no Rio de Janeiro a peça de João Caetano dos Santos. Fundador da 1ª Companhia Brasileira de Teatro o drama “Carpinteira de Livonia”. Ele tinha o cognome: “O príncipe do palco”. Nasceu em 1808 e morreu em 1863. Escreveu “Lições Dramáticas”.
(Fonte do livro: “Mulheres e Costumes do Brasil” – autor Carles Expilly – Trad.por Gastão
Penalva.)
“ Todos os chafarizes públicos, estátuas ou monumentos eram confeccionados por artistas franceses, geralmente feita na França. D.Pedro II encomendava obras por meio de vultosas importâncias a estrangeiros. O governo Imperial proclamou oficialmente a incapacidade dos artistas nacionais.”
“O Brasil na era colonial, tinha por hábito e apreciação ser um povo consumidor dos produtos da Europa e Estados Unidos. Todo o comércio vinha desses países. Um povo que por falta de fábricas e de literatura nacional, recebia da Europa e dos Estados Unidos as seguintes mercadorias: vestuários, vinho, trigo, móveis de luxo, vários tipos de alimentos, livros em seus idiomas que lhe comunicam as conquistas das indústrias, romances e novas idéias avançadas. Vindo também os progressos das artes, os filósofos romanos, os novos lançamentos da moda de uma civilização mais cultuada. Em troca os colonizados enviavam café, algodão, pedras preciosas, fumo, açúcar e outras mercadorias de baixo valores.”
(Fonte extraída do livro: Mulheres e Costumes do Brasil” – autor; Carles Expilly traduzido por Gastão Penalva em 1935.)
“Pé de Cabra” nome depreciativo (apelido) dito por portugueses à brasileiros, como também “Cabra” designação de mistura da raça mulato/negra.”
FATOS DA ÉPOCA
“O mulato baiano Francisco Chagas, mais conhecido por “Cabra”, esculpia imagens com tal perícia que pelo menos cinco delas são conhecidas registradas; Nossa Senhora do Carmo, São Benedito, São João, Madalena - Nossa Senhora das Dores e o Senhor da Redenção. Ainda podem ser vistas na igreja do Carmo. Já o artista Valentim da Fonseca e Silva, conhecido por Mestre Valentim, tornou-se famoso como perito em ourivesaria. Jesus, também foi figura notável de uma influente escola de pintura, que floresceu na Bahia no século XVIII.Crispim do Amaral, mais conhecido por seu pseudônimo “Falastaff”, e Pedro Américo, figura entre os pintores brasileiros considerados como os mais competentes e talentosos do século XIX.”
“O psiquiatra Juliano Moreira, tornou-se diretor geral do Hospital do Rio de Janeiro e foi eleito professor honorário da Faculdade de Medicina da Bahia. O nome do Hospital João de Deus foi em 1936 mudado para Hospital Juliano Moreira na Bahia em sua homenagem.”
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques
Em14.05.2002 – SSA.
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É BOM SABER:.
Biografia do Padre Antonio Vieira
Antonio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608 a 6 de janeiro. Começou a sua educação no colégio dos jesuítas na Bahia para onde fora com os seus pais, tendo, então, oito anos de idade. Aos 15 anos fez noviciado na Companhia de Jesus, pronunciado em 1625 os votos solene de religião. Foi em breve encarregado da cadeira de retórica, por seu dom em oratória, e pouco depois do curso de dogmática. Notabilizou-se logo como pregador. Não indiferente aos interesses políticos da época. Prestou reais serviços à sua Pátria. Tal foi a sua nomeada na tribuna sagrada, que chegou a pregar perante o papa Clemente X, junto a quem defendeu a causa dos judeus de Portugal “injusta, tirânica e barbaramente perseguidos pela inquisição”. Duas vezes esteve preso: no Maranhão, por se opor à escravização dos indígenas, e no reino, pela Inquisição, “que levara a mal certas arriscadas proposições do Quinto Império”.
Faleceu em 1697. A produção literária de Vieira está reunida nas Obras Completas em 26 volumes, encerrando pouco mais ou menos 200 sermões, mais de 500 cartas, grande números de Informações Políticas, curiosas notícias sobre a Inquisição, estudos políticos e literários.
“A Arte de Furtar” não é de sua autoria, embora dizem que é sua à obra. Vieira é um dos mais lídimos modelos em prosa portuguesa. Alguém já disse que as suas obras “são minas inexauríveis onde o vilão de ouro se não quebra nem esgota”. Não obstante, deixou-se inquinar de algum modo, pelos defeitos do gongorismo. Foi apesar de tudo o maior orador sacro da época.
Fonte do livro: “Programa de Vernáculo” – autor: Estevão Cruz
Publicado em 1937 – pág. 254.
"A Peste Negra na Europa ou Peste Bulbônica, disseminado por ratos e pulgas vindo nos porões dos navios e matou quase que a metade da população da Europa durante a Idade Média, por voltra de 1343."
"A Febre Amarela - pela primeira vez apareceu com o nome de "Bicha" no fim do século XVIII e reapareceu em 1849 importada de Nova-Orleans e em sete em sete anos apresentava entre nós com menas mortandade".(Fonte do livro: " Doenças Africanas no Brasil" - autor: Otávio Freitas.)
Álvaro B. Marques - trabalho de pesquisa