segunda-feira, 5 de julho de 2010

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE IX (culto ao Sr.do Bomfim)

A imagem do caboclo é obra do escultor baiano Manoel Ignácio da Costa, falecido em 1849 com pouco menos de 90 anos de idade. A imagem do "caboclo" foi esculpida em 1826 na Bahia e a cabocla foi esculpida por Domingos Pereira Baião. Nascido na Bahia em 1825 e faleceu em 1871. A imagem da "cabocla" foi esculpida em 1846, também na Bahia."

"A estátua de Castro Alves, foi projetada em 1894 e erguida em 13 de novembro de 1919, pelo escultor italiano Pasquale de Chirico. Aonde se encontra até hoje na praça do seu nome na Bahia."
(Fonte extraida do livro:"Bahia Historica" - autor: Silio Boccanera Jr. publicado em 31.12.1920/Ba.)
È bom saber: Até 1763, a Capital do Brasil era a Bahia. Transferida para o Rio de Janeiro por várias razões do Império, dentre todas a mais importantre fora o controle de mais perto do ouro das Minas Gerais."

A BAHIA DO SENHOR DO BONFIM NO TEMPO DOS MEUS AVÓS.
(segundo o autor: Afrânio Peixoto no seu livro: "Breviário da Bahia")

O culto do Senhor do Bonfim é do século XVIII. Essencialmente popular. Foi o Oficial da Armada Portuguesa, o capital de mar e guerra Teodorico Rodrigues de Farias, em meados de 1700, trouxera de Lisboa, uma imagem do Crucificado, reprodução da que se venera em igrejinha próxima a Setúbal, em Portugal.
Em 24 de julho de 1754 foi a imagem transportada com procissão para a sua igreja própia. O capitão Farias, foi morador próximo a igreja do Bonfim juntamente com a família. Dalí morreu três anos depois. Sendo enterrado junto ao presbitério da nova igreja.
A Irmandade se constituiu. A municipalidade e o Estado foram alinhando a colina da Igreja que hoje domina este extremo da cidade. Dentro da igreja, está cheio de pinturas de artista Franco Velasco os painéis do teto, e imagens de arte e ex-votos de reconhecidos milagres. Fôra cercado de respeito e da devoção de um culto que não é só da cidade, senão das províncias e de outros Estados. O Senhor do Bonfim por eleção popular, é Santo da Bahia. Na festa do Bonfim a Bahia se transporta para Itapagipe e o povo sobe a Colina Sagrada. Calcula-se em 30 a 50 mil os devotos. Muitos vão de véspera. Há casas para romeiros. Há hóspedes nas cercanias que vão "passar as festas no Bonfim". Há a famosa "lavagem do templo". Enorme fila de populares, mulheres e homens do povo, e mesmo devotos de outras classes que de moringa à cabeça, paramentados com jóias, flores e ramos. Tocam burricos com barris de água limpa, atravessam a cidade baixa, vindo da igreja da Conceição da Praia até o alto do Bonfim. As mulheres devotas, carregando morinhas, potes e jarros com água de Colonia ou perfumadas, chamadas de "água de cheiro". Carregando também vassouras. Derramando no adro da igreja e varrendo, vestidos de seda das damas, misturados a saias e anáguas rendadas das crioulas, tudo confundido. As vêzes estragando o vestido na faina, por entre risos, benditos, uma exaltação pia que confina com a bacanal. Sou cauteloso, dando a palavra ao nosso Xavie Marques(escritor e critíco da época) "extraordinária festa d'agua e alcool", enorme disparate de benditos e chulas, de rezas e gargalhadas, de gestos contritos e bamboleios desonestos". A Vênus hotentole lá exibia as suas opulências, despejavam os barris pequenos de água perfumadas e sambavam com garganteios estentóreos. Soavam bacias com sinos rachados; o estrépito das palmas formava um matraquear ensurdecedor. No mesmo instante joelhos que se dobravam diante dosb altares, estiravam-se agilmente nos passos e voltas do mais atrevido fandango. Enquanto as vassouras chapinhavam nas lajes da nave, olhares cabrinos. Incendiados em chamas alcoólicas vibravam colos negros e impantes, onde as contas do rosário vibravam como guizos de mascarado. Não faltava no espetáculo as gaiatices do espirituoso capadócio, nem músicas apropiadas ao som da colosal pagodeira".
A autoridade eclesiástica tem tendado sempre cobrir a estas festas pagãs, enxertados no culto cistão. Inultilmente Dom Luis Antonio dos Santos, Marquêz de Monte Pascal. Arcebispo da Bahia, por portaria de 9 de dezembro de 1889 proibiu terminantemente a "LAVAGEM", do adro ou interior do templo. No ano seguinte o governo deu força policial para impedir a quinta-feira da lavagem. Mas, não adiantou, ela recomeçou sem violência que a proiba. Lavam-se somente as áreas externa da igreja."
Isto é a quinta-feira da "Lavagem": a segunta-feira do Bonfim é outra história, grande festa religiosa, missa oficial, muitas luzes coloridas, incenso, encontros, festas de arrial e festas domésticas. Todo em louvor ao padroeiro da Bahia, Senhor do Bonfim."
(Fionte extrída do livro: "Breviário da Bahia" - autor: Afrânio Peixoto - RJ/1980 - MEC.)
MEUS COMENTÁRIOS:
O decreto do Marquêz de Monte Pascoal - faz valer até hoje. Por outros motivos, perdeu-se o brilho e outras tradições que tinham na época. Hoje tornou-se desfile político para saudar o povo e angariar votos para a futura eleição. Mas, continua as baianas com seus trajes tipicos e potes de flores e água de cheiro, porém muito mais esterizadas e menos autênticas do que as de antigamente. Naquela época os africanos e seus descendestes não podiam exercer seus hábitos e costumes da sua terra, suas crenças eram discriminadas pela igreja e povo católico. Eram policiados e condenados. Mesmo o escravo sendo católico tinha que demostrar através da música, canto e dança a sua felicidade ou tristeza com o Santo da igreja católica que adotou em terra estranha.

Tarbalho de pesquisa - Álvaro B. Marques.

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