sábado, 10 de julho de 2010

VAMOS LEMBRAR - FATOS HIST. ARQ. E O ÓLEO DE BALEIA

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FATOS HISTÓRICOS DA ARQUITETURA
Da Bahia e o óleo de baleia.
A parte superior externa da cúpula da igreja da Piedade é revestida de pedaços de faianças encravado em argamassa. Os pedaços são ajuntados de acordo com as cores e tamanhos uniformes, decorativos, dominando o branco e o amarelo, cortado por linhas azuis de pedaços de faianças em todo o circulo da cúpula. O processo resistiu aos rigores do tempo, esse sistema de revestimento estava muito em moda na arquitetura da época e evitava a infiltração na parte interna. Antes da reforma da igreja no inicio do século XIX, o templo tinha na sua fachada alguns revestimentos também de faianças e nas torres dos sinos.
A igreja da Piedade pertence a Ordem dos Capuchinhos Italianos, logo que chegaram a Bahia fez construir a sua igreja dedicando-se a CATEQUESE DOS ÍNDIOS.
A reforma foi modelada ao estilo “ inteiramente ao gosto romano “. O arremate das colunas é trabalho de Presciliano Silva e Alberto Valença.
( Fonte extraído do livro: Brasil Apontamentos sobre a Bahia em 1842/1857 – nos olhos do estrangeiro Jemes Wetherell – traduzido por Miguel P. do Rio Branco – pág.45)
MEUS COMENTÁRIOS:
Várias construções seculares que ainda existem em Salvador, principalmente no centro histórico; solares, conventos, igrejas e fortalezas. Foram aplicados nas suas construções, argamassas com óleo de baleia para evitar a umidade interior. Mas o custo desse material era caro e muito explorado comercialmente. Naquela época, havia uma verdadeira caçada ás baleias em nosso litoral. Era uma monstruosidade carnificina a favor do progresso. O extermínio contra o crustáceo mais admirado da face da terra.
É bom lembrar que o óleo de baleia era chamado de “azeite de baleia” a sua utilidade na construção civil era pequena “misturar com argamassa e aplicar na superfície do local infiltrado de água” era um impermeabilizante de hoje. Porém, nem todas as construções se aplicavam o “óleo de baleia”, só em determinados locais, principalmente em paredes externas. Mas o maior uso do “azeite de baleia” como era chamado pelo povo usuário, estava na iluminação pública.
Sumiram ás baleias da nossa costa marítima e levaram anos. Hoje elas voltaram para a ilha de Abrolhos e adjacências. Ali fazem a sua reprodução e depois retornam aos mares gelados.
Hoje existem Leis Internacionais que proíbem a pesca predatória no mundo inteiro. Mas, essa lei não é respeitada em terminados países Orientais.
Veja abaixo o texto do autor Afrânio Peixoto no seu livro: “Breviário da Bahia” – O óleo de Baleia no tempo colonial:
“ Em 1602 aprendemos a caçaram-nas, pescaram “mamotas” e adultos com vários tamanhos entre 20 a 25 metros de comprimentos, formando no corte montanha de carne chegando a 70 toneladas, que daria 10.000 litros de azeite ou 35 toneladas para 20 a 30 pipas ou mais. Diz frei Vicente de Salvador: “ao tempo do governador Diogo de Botelho em 1602, trouxe Pedro de Urecha a companheiros os quais ensinaram a pesca dos cetáceos aos portugueses mediante dois navios carregados de azeite.”
“No tempo colonial, até o meado do século XIX, era com azeite de baleia que se fazia a iluminação pública e a residências particulares. O azeite servia para argamassa de cal nas construções, a prova d’agua. Era o lubrificante de couro e máquinas. Além disso, a carne das baleias se vendia para comer. E a cola de peixe? E a barbatana? Serviam para muitas utilidades, inclusive para espartilhos e coletes das damas.
Trabalhava-se nas “armações” de Itaparica, Ponta de Areia, Amoreira, Gameleira. Uns fazendo a pesca, preando primeiro os baleotes e depois os madrijos, a arpão e depois lançados, esgotando o animal sangrando, até que um último repuxo de sangue tinisse o mar, o cetáceo ficasse sem força a disposição dos seus perseguidores, conduzindo preso no grande arpão para a praia. Ai, havia “engenho de frigir”, para extrair o azeite, a quente, e desgordura da carne a ser seca, ou em salmoura, metida em barris, para exportação. O local era uma verdadeira fedentina horrível. Trabalhavam três meses da safra com 420 operários, livres e escravos. Tinha meses que eram de grande fartura e outros de baixa pesca. Em 1768 em Itaparica, pescaram-se 146 madrijos e 33 baleotes. Em 1774, apenas 8 adultos e 1 mamote. Houve anos de mais de 200 chegando até a 500 pescas. As armações e o baleeiro tinham lucros.
Logo depois do meado do século XIX, surgiu nova iluminação pública e a diminuição do cetáceo em nossos mares foi sentido.”
Álvaro B. Marque – Trabalho de pesquisa. Em out. de 2009
A PESCA DA BALEIA EM ITAPARICA.
A pesca da baleia foi iniciada na Bahia pelo biscainho Pedro de Urêcha em 1603. Segundo o testemunho valioso de Frei Vicente do Salvador. Ele veio com o governador Diogo Botelho, no ano de 1602.
As baleias são assim designadas pelos baleeiros da ilha de Itaparica: Cacharéo, o macho. Madrijo, a fêmea. Baleote, a cria nova. Seguilhote, a cria que ainda mama; meio-peixe, a cria desmamada.
A pesca dura em média 3 ou 4 horas dependendo do mar no mês de junho quando elas começam as desovas. Uma baleia produzia setenta toneladas de carne, e trinta a quarenta tonéis de óleo (azeite). A carne era moqueada e vendida a peso nas Armações. O óleo era exportado para a Inglaterra, Espanha e Portugal. Como também, vendido na cidade do Salvador. A fim de ser empregado como limpeza de máquinas dos engenhos do recôncavo, no preparo para as argamassas de paredões e na iluminação pública e particulares nos candeeiros e tijelinhas de barro, com mechas de algodão torcido. Tudo extraído da baleia dava lucro, os ossos serviam de estacas para proteger das ondas do mar.
As Armações mais conhecidas eram: Ponta das Baleias, do Manguinho e do Porto dos Santos em Itaparica. Lá, trabalhavam na safra, centenas de operários em sua maioria escravos e forros africanos. Na safra de 1768, foram pescados, pelos baleeiros da ilha, 146 madrijos e 33 baleotes. As baleias dão crias de dois em dois anos, sendo os meses de junho e julho os mais propícios para a desova. Eles vêm dos mares gelados para ter suas crias nos mares quentes da América do Sul. O período da gestação varia de dez a doze meses, conforme a espécie, nascendo um baleote de cada vez, raramente dois. Com a idade de dois anos está o animal adulto e apto á procriação.
A baleia azul, ou de ventre amarelo, é a que mais se desenvolve. Com tamanho variável e peso; média de tinta e sete metros e peso em cento e setenta toneladas.
Além de Pedro de Urécha que foi o primeiro armador de baleias, teve na ilha João Francisco de Oliveira. Foi ele que construiu a sua armação de pesca em Ponta da Cruz e Antonio Pimentel se estabeleceu na praia dos Calafates.” (Fonte extraída do livro: “ A ilha de Itaparica” – história com tradução do autor: Ubaldo Osório – Fundação Cultural do Estado da Bahia – 1979) 
 pesquisa por Álvaro B. Marques.
SSA, 24.01.2004

Um comentário:

  1. Sr. Álvaro,

    Gostei muito deste espaço, ficou ótimo, vou divulgar!
    Um abraço da bibliotecária amiga
    Graça Nunes Cantalino

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