segunda-feira, 30 de maio de 2011

BERIMBAU


Berimbau instrumento musical que os escravos africanos angolense trouxeram na lembrança e aqui fizeram a cópia usando material brasileiro.
Descrição: É um instrumento rude de madeira roliça, com aproximadamente 1,70 de comprimento tipo arco e arame preso nas extremidades a maneira de corda musical, uma cabaça desempenhando o papel de caixa de ressonância. O arame é percutido por uma vareta. O Berimbau na Bahia é sustentado no dedo mínimo da mão do tocador. Este se vale do laço que no extremo da parte inferior do instrumento, prende a cabaça ao arco. O arco fica em posição quase diagonal abertura voltada para fora, segurado pelos dedos anular e médio da mesma mão. Os dedos polegar e indicador desta mão fixam uma moeda de cobre de vintém ou dobrão entre o arco e a corda (fio de aço), o executante toma na mão direita uma vareta e, nos dedos anular e médio, prende o caxixi, é pequeno instrumento de percussão, tipo chocalho, trançado de palha fechado, estreito, alongada, contendo semente de bananeira brava ou semente de milho nativo cujo tamanho é de 20 centímetros. Com a vareta bate na corda (fio de aço) e as vibrações desta são interceptadas pelo dobrão ou moeda. Este, no momento oportuno, é encostado à corda (fio de aço) e rapidamente afastado. O som produzido pelo toque da vareta se propaga até a cabaça que amplia. A cabaça encontra-se junto ao abdome do músico que, abafa ou interrompe o som, aproximando mais ou encestando a cabaça à barriga. O papel principal do dobrão (moeda) consiste, no entanto, em dividir em duas partes, a corda (fio de aço) e permitir a obtenção de dois tons musicais. O músico para obter o toque que deseja basta, apenas bater a vareta ora na parte superior ora na parte interior da corda (arame) e aproximar ou afastar a cabaça do abdome, associando o som produzido com o ruído do caxixi, sacudido, ritmadamente, no ato de castigar a corda com a vareta. Desta forma a música é produzida no Berimbau.
O Berimbau é empregado em momentos de grande agitação quando os ágeis capoeiristas se enroscam e rebolam no chão, em golpes e contra golpes com as pernas exaltados. Animam-se num crescente da música, os golpes cada vez mais rápidos e os rústicos instrumentos entoando cadenciadas toadas.Tomando parte outros instrumentos o pandeiro, o reco-reco o violão ou triangulo (gonzá). Ás vezes só o Berimbau funciona. Capoeira sem pandeiro, reco-reco ou violão ou triangulo não pode existir. Nunca, porém, sem o Berimbau. Vivem uma e outro tão irmanados que implica necessariamente um depender do outro para harmonia sonora. Produz o Berimbau uma música inconfundível, tocada em variado ritmo, desde o lento, monótono, ao ligeiro replicado, ritmo de samba eletrizante. O som do Berimbau é metálico e triste na opinião de vários tocadores que assegura ter sido esse instrumento “veículo de derivação das mágoas dos pretos escravos no recesso das senzalas, quando as saudades da pátria e da liberdade lhe amarguravam a alma”. Música simples, em verdade oferecendo poucos recursos melódicos mas com muita cadência e variações. Seu poder de penetração deve-se à nota sentimental de que se reveste. Com refrão curto em cada verso de estrofe cantada pelos tocadores. A música é empregada na capoeira como uma força ativadora das energias dos lutadores de tal modo, a música se liga ao jogo que ele depende inteiramente dela e é por ela regulado. O ritmo determina o tipo da luta, lenta, enrolada, com golpes certeiros, ligeiros e duros. Os tons musicais variam nas escolas de capoeira, onde aquele arco musical é o senhor absoluto, quer na chamada capoeira de Angola quer na capoeira Regional.
A palavra capoeira é derivação de campo local de terra firme, aberto onde se pratica o esporte.A capoeira veio para o Brasil possivelmente através dos escravos de Angola como divertimento e defesa na prática da violência. Por outro lado o Berimbau era denominado urucunga, nome de origem angolês ou hungu em grande parte do continente africano também é conhecido por m’bolumbumba utilizado entre os quimbundos. Já em Portugal é conhecido como Berimbau de peito.
No livro de Caribe “Jogo de Capoeira” ele registra dois tipos de Berimbau que havia; o Berimbau de boca e o Berimbau de barriga. O Berimbau de boca era usado pelos velhos angolenses na Bahia. É um arco com corda de cipó “timbó,” a caixa de ressonância é “a boca e a percussão sobre o arame se faz com uma faca. O Berimbau debarriga, é o que hoje se usa “uma vara de pau” chamado “pombo” (por causa do seu formato da barriga ou peito de pombo), que mantém em “tensão um arame de aço”. A caixa de ressonância é uma pequena cabaça “unida ao arame e por um barbante. A vareta produz ao bater no arame o som e as melodias “são conseguidas com uma moeda de vintém e com a maior ou menor aproximação da boca da cabaça na barriga.”
Berimbau de barriga ou cunga, urucungo como era chamado pelos capoeiristas africanos.
BIOGRAFIA: “Berimbau o Arco Musical da Capoeira na Bahia”- autor:Albano Marinho de Oliveira // Parte extraída do livro: Rev. Do Inst. Geo. e Hist. da Bahia págs. 225/264 Vol.80.
Pesquisador:Álvaro B. Marques
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