segunda-feira, 19 de julho de 2010

O SOLAR DO SODRÉ E SEUS MORADORES

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“Construído no século XVII por Jerônimo Sodré Pereira, nascido na comarca de Ribamar em Lisboa no ano de 1631 no Solar de Águas Belas. Seus pais D. Fernando Sodré Pereira e D. Brites Tibão. Seu pai dedicou os restos da sua vida frade no Convento da Ajuda em Lisboa, de espírito aventureiro, embarcou para a Bahia com 30 anos, já Mestre do Campo. Moço, rico logo ele contrai núpcias ( em segunda vez a primeira em Lisboa ) com D. Francisca de Aragão de boa linhagem desta terra. Filha de Francisco de Araújo Aragão e de D. Anna de Barros Soeiro, neta de D. Balthazer de Aragão, o célebre Bangala. Surgem neste tronco os Sodrés ilustres da Bahia.
Possuidor de grandes cabedais, fidalgo da casa real. Escolheu um belo local, extra muros da cidade, perto do mar, numa rua estreita que até hoje conserva o seu sobrenome. Construiu um Solar para conforto da sua família, com seus recursos, uma esplêndida morada. Neste Solar, Jerônimo Sodré Pereira residiu até ao termino de sua existência em 9 de novembro de 1711, com 80 anos bem vividos. Sendo sepultado com todas as honras e grande solenidade em frente ao altar de São José, na igreja de Santa Tereza, junto ao convento, que o ajudou a construir.
Passado um século e meio de sua morte, o Solar já pertencia ao negociante Francisco Lopes Guimarães, cuja viúva, D. Maria Ramos Guimarães, casada em segunda núpcias com o Dr.Antonio José Alves, na morte da esposa teve como transferência de comunhão de bens o Solar que passa para a sua propriedade. Mas, já no fim do século XVIII, o velho Solar, pertencia ao Comendador Manoel Antonio de Andrade, que transferira por sua vez a D. Josefina Turvo de Andrade. Passou para as mãos do proprietário e professor Isaías Alves, que o adquiriu para instalar o seu Ginásio Ipiranga.
Desempenhou este bem falado Solar do Sodré um papel significativo na História Social e Cultural da Bahia, em particular no período oitocentista.
Está secular moradia, tombada pelo governo, foi sede preferida de vários colégios de renome da Bahia. Funcionaram por exemplo; o Colégio Alemão, o Colégio Piedade, o Colégio Florêncio Gomes, dirigido pelo professor Raimundo Bizarria, o Externato Antonio Vieira, e finalmente o Ginásio Ipiranga que neste ano de 1954 completa cinqüenta anos de sua fundação. Também o que notabilizou o Solar do Sodré foi a feliz coincidência do nascimento e morte de personalidades ilustres do nosso passado. Como recordações temos do Dr. Antonio Alves, catedrático da nossa Faculdade de Medicina, ilustre cirurgião, pai do divino Castro Alves, que também viveu neste Solar. O pai faleceu em 24 de janeiro de 1866 “ vítima de beribéri de forma cardíaca”. Neste lar, Castro Alves começa a passar nos últimos meses de vida a parte chamada “ a fase mais romântica e trágica”. Foi no Solar que Castro Alves avistou da janela do seu quarto, no ano de 1866 a Simy Amgalak, um dos grandes amores do poeta, como fora Eugênia Câmara, a sua Mimi. Os amigos mais chegados chamavam-no de Cecéu. Em 3 e ½ horas da tarde de uma sombria quinta-feira, 6 de junho de 1871, expirava finalmente no amplo salão de bailes do Solar do Sodré, Antonio de Castro Alves, o maior poeta do Brasil.
Causa morte: Ao retorno da viagem que fizera ao Rio de Janeiro em 1ºº de fevereiro de 1868 ao passar 21 meses, retorna na fria manhã de novembro de 1869 – volta doente do peito, com os pulmões frágeis, “ exangue, aleijado e com a alma saturada de amargura”. E todos dão o seu último adeus a seu amigo Cecéu que vai se encontrar com a sua amada Mimi. “Após morte de Castro Alves pouco tempo ficou morando no Solar os seus familiares e o Solar foi novamente vendido para a família Mangabeira e ali por incrível coincidência digna de nota nasceu no dia 8 de fevereiro de 1879. Francisco Cavalcante Mangabeira, também poeta fulgurante, irmão de João e Otávio. Também muito jovem faleceu.”
Passado quinze anos, no dia claro de março de 1886 o Solar do Sodré, recebe novos moradores em destaque uma estudante de medicina Rita Lobato Velho Lopes. ( glória do Brasil por haver sido a sua primeira médica ). Constituiu um dos orgulhos da nossa Faculdade de Medicina que a diplomou.
Finalmente, o Ginásio Ipiranga festejará em fevereiro deste ano 1954 o seu cinqüentenário de sua fundação.”
( Fonte extraída do livro: A Cidade do Salvador – autor: Alberto Silva – editado em 1954 Bahia.)
MEUS COMENTÁRIOS: o Solar do Sodré, hoje, é conhecido como Colégio Estadual Ipiranga, administrado pelo governo do Estado. Firme e nobre igual ao passado, porém, sem o brilho dos seus moradores. Uma referência Histórica e secular da nossa terra. Cuidemos desse patrimônio do saber.
Álvaro B. Marques. Trabalho de pesquisa.

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