sábado, 24 de julho de 2010

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE XI (nomes de ruas antigas e suas Histórias)

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( nomes de ruas antigas de Salvador e suas Histórias )

CAMPO GRANDE, ex-Praça Duque de Caxias, hoje Praça 2 de Julho, onde se ergue o monumento aos heróis de 1823. Antes de ser praça, ali o revestimento do solo na época era irregular. Devido ao acumulo de lixo armazenado por vários anos. Na implantação de área pública foi nivelado o terreno para o local ser erguido o monumento.
“ O monumento aos heróis da nossa independência em 1823, teve lançado a primeira pedra em 2 de julho de 1892 e foi Inaugurando em 2 de julho de 1895, sendo governador do Estado o Dr. Joaquim Manoel Rodrigues Lima. Á sua inauguração teve duplo sentido: Render-se culto de perene veneração aos bravos soldados, índios e negros da nossa libertação dos domínios portugueses e suprimir a saída dos carros emblemáticos que muitos patriotas não queriam, achavam que eram costumes primitivos, destoante de uma terra civilizada. O povo recebeu com flores o monumento ao passar pelas ruas da nossa cidade, conservando-o com carinho. O caboclo foi esculpido em 1826 e a cabocla em 1846.” (Fonte extraída do livro: “Cantando e Rindo” autor: Aloísio de Carvalho – Lulu Perola – nascido em 1866 e morreu em 1942)
“ Constituía empolgante espetáculo o cortejo cívico que retornava os carros emblemáticos ao pavilhão da Lapinha. O trajeto era percorrido no Largo da Lapinha, rua São José e corredor da Lapinha, atual Rua Augusto Guimarães e Rua Teixeira Soares. Prosseguia no alto da Soledade, largo do Convento das Ursulinas, irmãs de caridade que ofereceram ao cortejo por intermédio do seu capelão, na tarde de 2 de julho de 1823, uma coroa de louros, feito pelas freiras, ao comando das forças libertadoras da Bahia. O convento foi destituído há muito tempo. Mantém atualmente um estabelecimento de ensino secundário com internato e externato.
O itinerário do cortejo era da Lapinha até o Campo Grande e retorno para ficar exposto o caboclo e a cabocla no Largo do Terreiro de Jesus para no dia seguinte retornar ao pavilhão da Lapinha. Em todo esse percurso o povo afluía em massa entusiástica, empunhando lanternas de papel com velas e archotes para iluminação. Essa prática, suspensa em 1876 e restabelecida anos depois, ainda se verifica essa tradição. Usam também, o “óxugó” torcidas em algodão embebido no querosene na ponta de uma haste de madeira, iluminava o trajeto.” (archote – facho de palha de que se muniam os populares, acompanhantes do préstito da levada dos carros alegóricos) Fonte extraída do livro: “ A Bahia de Outrora” autor: Manoel Querino)
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RUA SALDANHA DA GAMA. Foi construída por Manoel de Saldanha da Gama, filho de João de Saldanha da Gama, Vice-Rei da Índia e fidalgo português “ que vindo á Bahia para se casar com D. Joana Guedes de Brito, viúva de D. João de Mascarenhas, filho do Conde de Caculino”. Ela mandou carta para Portugal “ofereceu a sua mão a algum fidalgo de linhagem antiga”
“Quem se apresentou foi D. Manuel de Saldanha, que comunicando a sua licença a El-Rei D. José. D. Joana era filha do mestre de Campo da Bahia, Antonio Guedes de Brito (ex-fundador da Casa da Ponte) português que se havia casado com D. Isabel Guedes de Brito, viúva de Antonio da Silva.
D. Joana, índia muito rica, no seu primeiro casamento não teve filhos. No segundo, antes de efetuar o seu casamento fez passar uma escritura em que dizia: “se houver filhos no consórcio, todos os meus bens, ficaram em nome do casal; porém, se não houver filhos a minha meação revestirá em proveito dos meus parentes, salvo se meu marido, D. Manuel de Saldanha da Gama, deixar de ser apelido (sobre nome) e tomasse os dela. Herdado de meu pai.” O mestre de Campo Antonio Guedes de Brito, cavaleiro professo na Ordem de Cristo, fidalgo da Casa de Sua Magestade e Governador que foi da Bahia, onde faleceu e sepultou, bem como assim foi a sua filha D. Isabel Maia Guedes de Brito, cujo enterramento foi na igreja do Colégio dos Jesuítas, no ano de 1733.
Vivendo alguns anos os conjugues, não tiveram filhos e assim morreu D. Joana Guedes de Brito. Mas, D. Manoel de Saldanha para ficar com a meação, em vista da escritura, adicionou os nomes: Guedes de Brito e complementou ao seu nome de batismo.
Eles moravam no Solar que construiu D. Manuel, e de quando em quando vinham do recôncavo os parentes de D. Joana para visitá-la e D. Manoel não gostava das visitas. Para submeter a mulher no ridículo ele ia a janela e via os caboclos, corria para dentro e em alta voz chamava: “ Senhora, ali vem os seus parentes!... Venha os receber”. D. Joana, que era orgulhosa, ia para a janela e apontava para os caboclos e dizia ao marido: “Foram aqueles e outros que trabalharam para eu ter a grande fortuna que tenho com a qual, mandei comprar em Lisboa um fidalgo pobre como você.”
O Paço do Saldanha como era chamado, depois a Santa Casa da Misericórdia adquiriu e logo a seguir pertenceu ao rico proprietário Simão Álvares da Silva, que a deixou para a sua esposa D. Maria da Silva. Passou posteriormente a seu genro, o Barão de Pirajá e a sua cunhada D. Maria Custódia da Silva.”
Em 1875 o Solar passou a pertencer ao Liceu de Arte e Ofício. O portal de entrada é uma bela obra de estilo Colonial. Talhado em pedra figuras humanas e ornado florais da cultura baiana.
O Liceu de Arte e Ofício têm como finalidade é prover a instrução técnica e profissionalizar jovens. Com biblioteca para seus membros e filhos e praticar a beneficência. Foi instituído por iniciativa de operários e subsídios do desembargador Antonio de Araújo Freitas Henrique e inaugurado em 20 de outubro de 1872, sob a presidência do Dr. Joaquim Pires Machado Portela, então presidente da Província.”
(Fonte extraída do livro: Arqueologia e História” autor: Francisco Borges de Barros)
É bom saber que o Colégio João Florêncio Gomes que ficava no Solar, foi dirigido pelo professor Raimundo Bizarria, um dos educadores que deixou fama na Bahia. Alquebrado pelos anos e pelos golpes que sofreu, já no fim da vida com as perdas da esposa e depois da filha, que era o seu braço direito na direção do Colégio, resolveu acabá-lo. Terminou assim um ciclo do Colégio Florêncio Gomes, que percorreu 31 anos. Vendendo os mobiliários da escola aos jesuítas, que aí fundaram o seu primeiro Colégio na Bahia, em 15 de março de 1911 com o nome de Externato Antônio Vieira. Depois de 152 anos quando foram expulsos do Brasil, por ordem do Marquês de Pompal. Mais adiante em 1912, mudou-se o Colégio Antonio Vieira para a Rua Coqueiros da Piedade. Em 1914, estabeleceu no Solar o Ginásio Ipiranga em 9 de setembro com a direção do novo proprietário Professor Isaías Alves de Almeida, ex-Secretário da Educação e Saúde na Bahia e logo depois fundador da Faculdade de Filosofia.” (Fonte extraída do livro: “A Bahia de Castro Alves” – autor: Walter Mattos.)
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LADEIRA DO BERQUÓ, Denominação provinda de ter morado neste Solar o Ouvidor do Crime, Berquó da Silveira em 1760, conforme Mello de Moraes, “Ministro Ouvidor do Crime, Francisco Berquó da Silveira.”
Neste local, foi teatro de uma tragédia: Na madrugada do dia 25 de outubro de 1824 foi assassinado o Coronel Felisberto Gomes Caldeira, comandante do 3º batalhão do Exército, chamado dos “Periquitos”, morto pelos seus subordinados, uma sublevação.
Logo a sua morte, seu corpo foi para o jazigo da igreja de São Pedro Velho. Depois seus despojos foram transladados, ao jazigo da igreja da Catedral Basílica em frente da Capela do S. S. Sacramento, onde se vê uma grande lápide em mármore com inscrições sobre a sepultura.
Quatro dos assassinos perderam a vida em virtude de sentença do Conselho de Guerra, outros, temerosos se expatriaram voluntariamente, e o resto do batalhão foi confinado para a província de Mato Grosso.( Fonte extraída do livro: “Arqueologia e História” autor: Francisco Borges de Barros- públ. Em 1928/Ba.”)
“ Corredor da Vitória, Av. mais aristocrata de Salvador até o século XIX e principio do século XX. Nesta avenida tem um belíssimo Solar mais conhecido como “Palácio da Vitória”. Pertenceu ao antigo e rico negociante e traficante de escravo, José de Cerqueira Lima. Neste Solar, Cerqueira Lima construiu uma galeria ou subterrâneo que dava acesso ao mar, era destinado a conduzir os escravos que vinham do mar para serem vendidos no centro da cidade, uma vez que este comércio passou a ser clandestino em 1824 ele não mais mostra em praça publica os exportados. Mas, continua na sua clandestinidade.
Cerqueira Lima passava a vida nababesca, ostentando grande luxo, possuindo riquíssimas alfaias em prata e ouro e mobiliários com magníficas incrustações de marfim.”
Neste palacete, funcionou por muitos anos o Colégio Sebrão, passando posteriormente a pertencer à Província por compra. Destinado à residência oficial dos Presidentes de Províncias e depois para os Governadores do Estado. O último governador do Estado que nele habitou, foi o Dr. José Marcelino de Souza. No 1º Governo do Dr. J.J.Seabra, foi demolido e iniciado a nova construção para abrigar um Museu Escola, que não logrou ser terminado devido ás construções e reformas dos Palácios Rio Branco e Aclamação.
No Governo do Dr. Francisco Marques de Góes Calmon, foi terminada a sua reconstrução em estilo colonial e destinado à saúde pública. O detalhe mais importante deste solar é a sua porta principal, é toda de jacarandá marrom claro tipo raro, em talha, com variadas formas expressivas. No interior do salão, encontra-se uma escada em caracol que é uma bela obra de arte toreuta (artesão)”.
(Fonte extraída do livro: “Arqueologia e História” – autor: Francisco Borges de Barros)
Largo do Papagaio - Em Roma, os ciganos se reuniam no largo grande de chão batido. Alí eles montaram barracas e faziam vários tipos de serviços; consertavam panelas e outros utensílios domésticos, derretiam folhas de flanges, faziam ferramentas e vendiam cavalos e burros. Quase sempre, eles comerciavam aves e daí éque surgiu o nome de "Largo do Papagaio".(Fonte: Almanaque da Cidade de Salvador - ano 1893).
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Rua Carlos Gomes, em homenagem ao Maestro Carlos Gomes, foi aberta está rua por J. J. Seabra que teve de desapropriar vários casarões antigos e outros abandonados, dentre eles tinha o edifício do “Diário da Bahia” que pertenceu ao rico negociante dessa praça, Antonio da Silva Lisboa, um dos maiores traficantes de escravos e uma das maiores fortunas da época. Neste Solar, recebia o rico negociante e nobre do tempo a oficialidade das fragatas que ancoravam no porto.
Por morte de um dos últimos dos seus herdeiros, passou por compra ao Conde do Passe. Foi transferido por compra passando a ser o “Diário da Bahia” em 1856 em sociedade de Manuel Jesuíno Ferreira & Cia. Sede do jornal. Em 1858, foi novamente transferido a propriedade do jornal ao Dr. José Joaquim Landulfo da Rocha Medrado, o qual em 1860 transfere ao Dr. Demétrio Ciriaco Tourinho.
Em 2 de agosto de 1868, passou a sociedade anônima, foi órgão do Partido Liberal até a extinção do Partido. Foi uma das maiores tribunas liberais do segundo Império, tendo a frente o Conselheiro Manoel Pinto de Souza Dantas, Demétrio Tourinho e Rodolfo Dantas. O prédio e o jornal de propriedade do Dr. Demétrio Tourinho, passou para o Dr. Augusto Guimarães que representou uma outra sociedade. Depois ficou pertencendo a ele exclusivamente, adquiriu por compra das ações da Companhia e por morte deste, passou o prédio por compra ao Dr. Domingos Guimarães que por sua vez vendeu ao Dr. Severino Vieira. Morrendo o Dr. Severino veio a pertencer ao Dr. Geraldo Rocha. E assim não mais sei do destino do Solar que só restou o abandono”.
(Fonte extraída do livro: “Arqueologia e História” – autor: Francisco Borges de Barros – Diretor do Museu do Estado em 1928.)
Av. Sete de Setembro: "A principal rua da cidade alta segue até a Barra. Construida no Governo do Dr. José Joaquim Seabra em 1912 a 1916.
Largo do Terreiro, seu jardim era o ponto predileto dos estudantes da Faculdade de Medicina. Ali no meio está o chafariz de ferro bronze, fabricado na França.No topo é visto uma figura feminina em tamanho natural, representando a Deusa Ceres.(Fonte:Memória sobre o Estado da Bahia - autor Francisco Vicente viana.).
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Largo de São Joaquim, fica em Água de Menino. Localidade que tem o Colégio dos Órfãos de São Joaquim em honra do irmão Joaquim, seu idealizador, cujo retrato está colocado no salão nobre do Colégio.
A construção do edifício começou em 1706 sob os auspícios de Domingos Afonso Sertão, bandeirante que enriqueceu nos sertões brasileiros. Domingos, doara-o ao Povincial dos Jesuítas para nele funcionar o Colégio do Noviciado da Ordem. Expulsos os jesuítas, em 1749 passou o edifício a pertencer ao Estado que fez Leilão. Em 12 de outubro de 1825 tornou-se “Asilo dos Órfãos Desamparados” instituído por Joaquim Francisco do Livramento, que tinha fundado no Rio de Janeiro e em São Paulo o mesmo Asilo. Caindo em ruínas, a Corporação do Comércio, atendendo ao apelo do Conde de Palma e querendo solenizar a aclamação de D.João 6º, restaura-o. Em 13 de maio de 1822, El Rei doa o edifício à “Casa pia dos Órfãos”, por mediação, ainda no Governo de Conde da Palma. Concluídas as obras de restauração em 12 de outubro de 1825, data do aniversário natalício de D. Pedro I. A caridosa instituição ficou denominada definidamente “Colégio dos Órfãos de São Joaquim” – Joaquim Francisco do Livramento era português da Ilha dos Açores.” (Fonte extraída do livro: “Arqueologia e História” – autor: Francisco Borges de Barros.”
Rua da Matriz, hoje rua Anna Nery, sobrado nº 7.
“ Está localizado uma casa na cidade de Cachoeira, recôncavo baiano, junto a igreja matriz, a residência que nasceu D. Anna Nery de Jesus Medeiros no dia 13 de dezembro de 1814. Hoje é uma escola pública constituída no governo do Dr. Francisco Marques de Góes Calmon.
“Era viúva do Capitão de Fragata Isidoro Antonio Nery e irmã do Coronel Joaquim Mauricio Ferreira, comandante do 41º batalhão voluntários e do Tenente Coronel Manuel Jerônimo Ferreira, também voluntário. Anna Nery teve os seguintes filhos: Pedro Antonio Nery e o Dr. Isidoro Antonio Nery.
Em 10 de agosto de 1865 ofereceu-se ao Presidente da Província “como voluntária da caridade” para servir nos hospitais de sangue no teatro da guerra do Paraguai. Nos dizeres do povo: “ Para ela a dor não tinha pátria, o sofrimento não tinha milícia, a caridade não tinha cor natural; todos eram amigos ou aliados, indiferentes ou inimigos, todos eram infelizes, todos eram irmãos.”
Faleceu no Rio de Janeiro em 10 de maio de 1880. Em vida o Imperador concedeu-lhe uma pensão anual de 120$000 mil réis, medalha do 5ª classe e a medalha de campanha com passador de ouro nº 5.
No seu retorno do Paraguai, as senhoras da nossa sociedade baiana residente no Rio de Janeiro, ofereceram-lhe uma coroa de louros cravejada de diamantes. Em 28 de setembro de 1873 foi colocado o seu retrato em solenidade no Paço Municipal desta cidade e o povo deu-lhe o nobre título de “Mãe dos Brasileiros”.
Na casa sobrado, onde nasceu e casou Anna Nery, foi propriedade anterior o Dr, Guilherme Sampaio de Oliveira e filhos. Atualmente está alugado ao Dr. Cândido Magalhães e família.
Ainda palavras do povo: “Quando a bala inimiga vinha ferir aqueles que lutavam à sombra do pavilhão nacional, aí deles! Si não encontrassem, longe da Pátria, o amparo dos braços daquela mãe terna e carinhosa! E não era somente o soldado brasileiro”.”
(Texto extraída do livro: “Arqueologia e História” autor: Francisco Borges de Barros)
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques.

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