terça-feira, 25 de maio de 2010

SAUDADES QUE A MUCAMBA TEM

Ah! Meus brincos de ouro fino que o ioiô me deu!
Ah! Minha bata de renda que ioiô rasgou, por causa de uma risada, em uma noite
enluarada que no terreiro escutou.
Ah! Meu colar de missanga que ioiô me deu!
Ah! Meu cabeção de seda que ioiô feriu, com tanto beijo no seio, sem recato sem receio, numa tarde em que me viu.
Ah! Minha pulseira cara que ioiô me deu!
Ah! Minha anágua bordada que ioiô me trouxe para de sangue manchá-la. Bem me lembro, foi na sala... A virgindade acabou!
Ah! Meu anel de esmeralda que ioiô me deu!
Ah! Minha colcha branquinha que ioiô tirou da cama de sinhá, e veio dormir na minha e para a outra não voltou...
Ah! Minha barriga cresceu... Com nove meses, o filho branco nasceu.


(texto extraída do livro: "Bahia Flor" poemas. Autor: Wilson W. Rodrigues)

Meus Comentários

O poema acima retrata com muito carinho uma das maneiras de união do negro com o branco, como também foi os primeiros relacionamentos do índio com branco e negro com índio. Assim foi a cadeia da miscigenação do nosso Brasil, por mais de 300 anos de escravidão.
A palavra Mucamba ou Mucama têm os mesmos significados: "escrava negra, escolhida de estimação e de confiança da sinhá ou sinházinha de seu yoyô ou de sua yayá, como eles gostavam de ser chamados. Para ser ama de leite ou designada para qualquer serviços interno ou externo na Casa Grande.

Álvaro B. Marques.

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