terça-feira, 25 de maio de 2010

OS PORTUGUESE E SEUS HÁBITOS NA BAHIA SETENCENTISTA

Assim diziam os estrangeiros quando viusitavam o Brasil: "Os portugueses são os mais conservadores do Brasil. Não davam muita importância ao teatro, a conferências, as festas cívicas e literárias. Mas o Te-Deum, as novenas, as procissões é que não faltam".
"Quando todas as suas associações têm o caráter religioso, são extremamente católicos".
"Aos seguros de vida, preferem as Ordens Terceiras. Os que morrem ricos, deixam para as suas confrarias, igrejas e missas seus legados, muitas vezes grandes furtunas e seus familiares na misérias.
As escolas, as bibliotecas, os liceus e os hospitais nunca são contemplados em suas disposições testamentárias, como frequentemente acontece em França e Estados Unidos. O clericalismo, o fanatismo religioso, a supertição enraizada do povo português sempre na morte do pensamento; a escravidão determina o hábito da inércia, o desprezo pelo trabalho, a indiferença pela liberdade dos cativos, fatuidade e a corrupção leva os portugueses a decadência moral. Não procuravam viver em harmonia com seus irmãos nascidos e criados no Brasil. Preocupavam-se em obter os melhores cargos públicos, ter o melhor posto na escala militar, monopolizar o comércio como um fecho em suas mãos. Eram raros os brasileiros serem caixeiros. Só as profissões artísticas os brasileiros tinham direito.O preconceito era brutal e nocivo. Somente aqueles brasileiros, filhos de pais ricos e que estudaram no exterior, eram cerimonialmente respeitados pelos portuguese colonizadores. O resto eram escória, ralés, pessoas sem inteligência. Só pela instrução pública é que se pode chegar ao progresso e a vida industrial do país. Mas, não era o interesse dos portugueses radicados no Brasil, queriam explorar as riquezas nativas e comercializar em Portugal, Espanha e Inglaterra. Como também a mão de obra era farta e fácil de ser controlada. O pessimo estado financeiro não permitia ao tesouro pagar pontualmente aos professores, condição sem a qual o serviço regular da administração pública é impossível administrar. Os professores das primeiras letras muitas vezes não recebiam seus ordenados por doze e até vinte e quatro meses, o que deixava essa classe abandonarem a cadeira e as salas de aulas retornavam a ficar vazias. Imaginamos as consequências possíveis de semelhança prática." Em seu particular, vivia para a família, a igreja e os assuntos do Reino. Lamentando sempre a sorte de ter vindo para o Brasil, principalmente em situações irregulares como veio a maioria em busca de aventuras e prazeres carnais."
Dentro do lar, com a família era o sr. Patriarca nada passava sem o seu conhecimento e aprovação. O ciúme para com a família, levava certos senhores à loucura ou a bestialidade. Nada de aproximação com esrtanhos, principalmente estangeiros visitantes. O acesso à rua só era permitido para as missas nas igrejas ou festas íntimas em casa de amigos e com muita vigilância dos pais e das mucambas. Festas cívicas assistiam pela sacada das janelas e nas procissões religiosas. Tinham suas confrarias de acordo ao seu santo de devoção.
Nas famílias abastadas, viviam em seus lares com poucas roupas, leves e quase sempre descuidado. Nas festas ou saraus eram com outras vestimentas ao luxo e ao exagero ao gosto europeu. Essas são, no caso, os que moram nas cidades grandes. Nos recôncavos e nos interiores, nas famílias rurais. As vestimentas e hábitos são outros, completamente diferente da capital. Não havia o luxo ostensivo nas festas particulares nem as festas cívicas.
Na descrição de um viajante inglês, no início do século XVIII as modas masculinas e femininas usadas na Bahia: " Os homens se vestiam exatamente como em Lisboa e segundo os costumes ingleses, exceto quando em visitas ou nos dias santos, em que ostentavam excesso de bordados, laços e fitas nos casacos. As espadas iam ficando inteiramente de lado, exceto nas ocasiões de serviço e os chapéus de pancada estavam prestes a sair de moda. Fivelas nos sapatos e botas longas até os joelhos de manufatura nacional, eram comuníssimo, sendo os baianos muito amantes de todas as coisas de luxo e de mau gosto, vistosos."
Descrevendo os trajes feminino do vulgo. Saía e camisa largamente decotada (bata) usada publicamente. Algumas poucas senhoras de hierarquia vestem-se à européia". (Afonso de Taunay - "Na Bahia de D. João VI" PÁGS.76 e 77).
Os fidalgos, magistrados, clérigos, médicos, professores nobres, senhoras e senhores de Engenhos e outros potentados, só vão à rua em "cadeirinha de arruar", levada por dois negros. Geralmente seus escravos, mostrando assim, ser de boa situação financeira pelo luxo das "cadeirinhas" ou quando são alugadas esse meio de transporte para ir e vir a qualquer lugar. Mas isso não acontece com a maioria das pessoas que são cruzadas nas ruas; pessoas simples, negros, mulatos e mestiços com suas roupas de algodão grosso e chita, com e sem sapatos a caminhar nas pedras lisas das ruas estreitas da Bahia".
Sua alimentação é simples e frugal nada comparada do rico e fidalgo nas suas mesas repletas de iguarias e farta alfaias entrangeiras. Esse gosto por superabundantes em iguarias e serviços era tradição portuguesa. Vinha dos costumes da nobreza e dava modelo às exibições dos ricos, e estímulo, mesmo aos menos ricos, para ocasiões solenes ou festivas em bodas, batizados e "babadas". (Afonso de Taunay: Na Bahia de D. João VI).
Sobretudo de alimentos importados nos primeiros tempos da colonização: O queijo do reino, a farinha de reino, a pimenta do reino, o azeite português. Isto porque ainda não havia a mistura culinária do índio e do negro africano.
Tellenare, afirma que na Bahia os "trajos comuns em 1817, de rua, eram a calça branca e jaqueta; Os homens trajando calças e japonas brancas parecem ir à missa com indiferença "raramente os encontro com os sacerdotes em vestes eclesiásticas; de ordinário trajam jaquetas e calças de chita como os outros habitantes". (Tonellare, "Notas Dominicais").
Os divertimentos nesta época, eram: Touradas, festas cívicas e populartes, procissão religiosa, missa, De Teum, passeio público, bailes, saraus, teatros, comédia ao ar livre. Aqueles mais letrados preferiam um bom livro francês ou inglês, muito tempo depois surgiu livros de autores brasileriros, quando foi permitido o uso da Impressa no Brasil.
NOTA COMPLEMENTAR: "O sistema escravocrata da Metrópole, iludida no proveito dos lucros imediatos, aplicaram uma economia insensata, que dificultava a civilização da Colonia a prosperar; fechando manufaturas, proibindo oficinas, proibindo a impressa não entrava e nem saía, esgotando a besta sem dar-lhe o trato que a tornasse sadia e proveitosa. Refletia então, por todos os ramos da sociedade, o desprezo do Reino pelos nascidos no Brasil. Os brasileiros natos não tinhão o direito a cargos na administração e no Governo, esses só aos protegidos das cartas portugueses, filhos e parentes. Os estrangeiros tinhão mais previlégios do que os nativos. Até nos Conventos não cabiam em sedes e na catedral ser abades assento de brasileiros. Ainda a despeito da reação dos nativos contra o predomínio odioso dos que eles, já então, tratavam de estranhos".(pag.178 do livro nº 46 da Revista do Inst.Geo.e Hist. da Bahia - "Costumes Monasticos na Bahia" em 1757 - século XVIII).

Álvaro B. Marques

BIBLIOGRAFIA:

"Salões e Damas do Segundo Reinado. autor: Wanderley Pinho.
"Visitantes do Primeiro Imperio. autor: C. de Mello Leitão
"Os visitantes estrangeiros na Bahia oitocentistas - auora: Noema G. Angel.
"Mulheres e Costumes do Brasil" - autor: Charles Expilly, tradução Gastão Penalva.
"Brasil, Histórias, Costumes e Lendas" - autor: Raimundo Estrela.
"Senhora de Engenho" - autor: Mário Sette.
"Folclore Nacional" vol. I "Festas, Bailados, Mitos e Lendas" - autor: Alceu Maynard Araújo.

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