sábado, 29 de maio de 2010

A HISTÓRIA NOS CONTA - PARTE VIII (assuntos:mocambos e cemitérios)

-->
CEMITÉRIO DA MASSARANDUBA
“Em 1877 obteve a Ordem Terceira da Santíssima Trindade e Redenção dos Cativos a doação do Cemitério de Bom Jesus, situado na periferia, hoje bairro de Massaranduba. Na ocasião era o único cemitério na região para escravos e indigentes. E fez também, essa Ordem Religiosa a aquisição da Capela de Nª. Sª. Das Candeias no arraial desse nome. Doação do Tenente Coronel Miguel de Teive e Argolo, em escritura pública, passada pelo Tabelião José Augusto Abrantes, em março de 1833 quando tomou posse juridicamente dessa instituição.
Conforme depoimento de historiadores da nossa Salvador, O Cemitério da Massaranduba, assim chamado pelo povo e que “ a água do mar ia perto do local em maré cheia, quando vazante transformava-se o local em manguezal.”
Havia já nesta época, o Cemitério dos Ingleses, afastado da cidade, perto da fazenda Gonçalo. Até 1833 era simples e abrigava outros estrangeiros. Depois foi reformado no ano de 1857, perto do Cemitério do Campo Santo como existe até hoje.
A religião católica não consentia de bom agrado, enterrar estrangeiros nas igrejas que não fosse católico, os Luteranos, Presbiterianos, Judeus e outros nem pensar. Já o Cemitério dos ingleses ou como era chamado pelo povo de Cemitério dos Estrangeiros, não era permitido enterramento dos filhos da terra. Antes os defuntos eram jogados no Cemitério do Campo da Pólvora, local dos escravos, indigentes e injustiçados Fechado em 1844. Como também, todos aqueles que foram mortos vindos do Hospital da Santa Casa da Misericórdia. Geralmente esses defuntos, tinham enterro simples, sem missa, com benção do padre e carregados em bangüê por familiares e amigos. Os ricos católicos ou aqueles que podiam pagar faziam aterramento nas igrejas de sua devoção, com muito luxo e ostentação, e o transporte do defunto vinha na “patusca” carro mortuário movido a tração animal com ornamentos pretos.
É BOM LEMBRAR
Que em 1855 foi proibido o enterramento nas igrejas, o que já havia sido solicitado principalmente nesta época do Cólera-morbus(epidemia) quando não mais havia local para enterrar os mortos.
Obs: Trabalho de pesquisa sobre a tradição de enterramento na Bahia, século 18
 Álvaro B. Marques.
FATOS MARCANTES DA ÉPOCA.
MOCAMBOS OU QUILOMBOS – É o mesmo sentido, esconderijo de escravos na floresta. Faziam fugas os elementos desordeiros, assassinos, ladrões e aqueles que não suportavam a lei da chibata como castigo nos tempos coloniais. Os Mocambos eram espalhados por vários lugares da capital e interior baiano, de sorte que lá não podia entrar nenhum aventureiro e nem sair.
Enquanto existiu a escravidão no Brasil, existia o Mocambo, terra do negro, refúgio da liberdade, sonhos de noites e dias de torturas. Caminho sem volta, uma pátria dentro do Brasil Colonial, com várias étnicas juntas e o mesmo grito de liberdade.”
Na Bahia foram essas localizações em que mais constituíram o Mocambo: Cayrú, Rio de Contas, Tucano, Geremoabo, Jacobina, Ilhéus, Camamú, Barra do Rio Negro, Serra Negra( fronteira com Sergipe ) e Rio São Francisco. Em Salvador se destacava o de Itapoã que levou muitos anos.
( Fonte do livro: “ A Margem da História da Bahia” – autor: Francisco Gomes de Barros)
Segundo o historiador Edson Carneiro no seu livro: “O quilombo dos Palmares”, ele diz:
“O quilombo dos Palmares, era um constante chamamento, um estimulo, uma bandeira para os negros escravos das vizinhanças, um constante apelo a rebelião, a fuga para o mato, a luta pela liberdade. As guerras nos Palmares e as façanhas dos quilombolas assumiram caráter de lendas, alguma coisa que ultrapassava os limites da força e do engenho humanos. Os negros de fora do quilombo consideravam “imortal” o chefe Zumbi; a fama da resistência contra as incursões dos brancos Somente a última expedição foi a de Domingos Jorge Velho em 1697 conseguiram êxito. Não obstantes as dezenas de expedições que os brancos, inclusive os holandeses em 1644 fizeram sem sucesso”.
MEUS COMENTÁRIOS: Na Bahia houve realmente vários quilombos. E nenhum deles os governos ou os proprietários dos escravos tinham interesses de resgatá-los, isso porque o custo dessa empreitada era muito alto, teria que formar uma expedição de homens corajosos e toda a manutenção, como seja: animais, alimentos, água, armas e etc. Havia sempre dúvidas do sucesso e a desvantagem sempre numérica dos escravos.
Como também a localização em que eles ficavam era sempre vantajosos para emboscadas. Geralmente em lugares de difícil acesso em montanhas.
Preferiam colocar anúncios em jornais com características dos fugitivos e fazerem novas compras de escravos, era mais econômico.
Até hoje não sabemos como se organizavam os quilombos dentro das florestas, como eles viviam e o que eles pretendiam fazer já libertos de alguma forma. Sabemos que em Pernambuco, o Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga, chamados de quilombolas, foram exterminados mas levaram 67 anos de 1630 a 1697 em apogeu e lutas com grandes expedições..
Os historiadores limitaram-se nas “historias contadas pelos soldados regressos das expedições,” mais não tinham a descrição exata de como era os quilombos e a sua vida social porque os comandantes e soldados só pensavam em matar e destruir os quilombos. Era a sua missão, o extermínio total. Nada foi registrado oficialmente para a História fatos verdadeiro dos Mocambos. Mas tudo indica que os quilombolas faziam intercâmbios de mercadorias, ferramentas e armas com os vizinhos abaixo da Serra da Barriga e eram avisados da chegada dos brancos invasores. Os quilombolas não permitia a entrada de brancos nos quilombos. Como também não consentiam a saída de ninguém pra fora dos quilombos, por essas razões, acredito que não havia muitas informações sobre a vida social dos quilombolas.
O medo da perda da liberdade era o fator principal para não saírem dos quilombos, preferiam morrer lutando pela sua liberdade.
MARCAR ESCRAVOS
Alvará de 3 de março de 1741; “ Eu el-rei faço saber que este alvará virem, que sendo-me presentes os insultos que no Brazil comettem os escravos, a que vulgarmente se chamam quilombolas, passando a fazer excesso de se juntarem em quilombos; e sendo preciso acudir com remédios que evitem esta desordem; hei por bem que a todos os negros que forem achados em quilombos, estando nelles voluntariamente, se lhes ponha com fogo uma marca em uma espádua com a letra F, para esse efeito haverá nas câmaras; e si quando for executar essa pena for achado com a mesma marca, se lhes cortará uma orelha por simples mandado do juiz de fôra ou ordinário da terra ou do ouvidor da comarca sem processo algum e só pela notoriedade do facto, logo que do quilombo for trazido, antes de entrar para a cadeia.” ( Fonte do livro: “Álbum Popular Brazileiro” – autor: Affonso Costa. – pags. 237/238 – publicado em 1913 SSA,BA.)
Meus Comentários:
Belos frutos do absolutismo medieval em que a Liberdade era um crime hediondo diante dos olhos dos opressores.
O texto acima está conservado o português da época.
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques

Nenhum comentário:

Postar um comentário