CAPELA DE JOÃO DE DEUS.
(padroeiro dos Hospitais e doentes)
“Foi inaugurada em 24 de junho de 1874 data também da
inauguração do Hospício dos Alienados São João de Deus. Prédio onde Castro
Alves teve a sua mocidade os melhores anos da sua vida. Esta pequena ermida
ainda existe na antiga fazenda Boa Vista, da qual foi seu primeiro proprietário
o conhecido negociante Manoel José Machado em principio do século XVIII no
caminho do Engenho Velho em Brotas”.(Fonte: Revista do Inst. Geo. e Hist. da Bahia
nº 56 narrativa de João da Silva Campos em seu livro “Tradições Baiana”.)
“Nesta Quinta, chamado de Boa Vista
onde se vê toda a beleza da cidade pelo alto coberto por vegetações. O Manoel
Machado como era conhecido, no topo da torre deste Solar, avistava os navios
chegando ao Porto e mandava a correr alguém ir á Alfândega avisar da chegada do
navio tal que trazia as suas mercadorias. Ali ele tinha a visão das torres mais
altas, igrejas e conventos. Falavam que havia um subterrâneo que saía no outro
lado da fazenda para refúgio de escravos novos. O Manoel Machado era também
comerciante de escravos.” (Fonte: Resumo Cronológico e noticioso da Província
da Bahia deste o ano de 1500 até 1885 autor: José Álvares do Amaral.)
Fatos marcantes da época
“O Hospício São João de Deus – inaugurado em 24 de junho de
1874, na Provedoria do senador baiano Conselheiro Manuel Pinto de Sousa Dantas.
O edifício foi arrematado em praça judicial por 58:289$700 sendo entregue à
Santa Casa da Misericórdia da Bahia, pelo Governo em 26 de setembro de 1869,
por contrato, em que á Santa Casa ficava encarregada de fazer as obras necessárias
para o Hospital-Asilo e administrar. Recebendo para este fim dos cofres
provincial a quantia de 39:633$799 e mais o patrimônio de 51:755$730 proveniente
de vários donativos, bem como 12:600$00 produto da subscrição particular,
promovida pelo Presidente da Província, o Desembargador Figueiredo Rocha. Desde
1874 até 1912 (durante 38 anos) o Asilo São João de Deus, esteve sempre na administração
da Santa Casa da Misericórdia da Bahia. Seu primeiro mordomo o Dr. João José
Sepúlveda de Vasconcelos e o primeiro diretor Dr. Demétrio Ciriaco Tourinho,
professor extinto da Faculdade de Medicina da Bahia.
Antes de instalado esse Asilo, os alienados nesta cidade,
viviam em úmidos e insalubres subterrâneo do antigo Hospital São Cristovam da
Misericórdia, à rua do mesmo nome. Depois foram para as prisões da Casa de
Correção em verdadeiras furnas, cavadas na própria rocha, guarnecidas de
sólidas grades de ferro, grutas infectas situadas em subterrâneos no antigo
Colégio dos Jesuitas na praça 15 de novembro(Terreiro) onde ficaram por mais de
30 anos os infelizes habitantes. “A opinião médica da época condenava o local e
o procedimento dos doentes, o local não mais suportava tantos, e as ruas
vizinha da Casa de Correção estavam cheia de mendigos doentes. A opinião
pública fez com que o Governo tomasse uma providência á compra da Fazenda Boa
Vista”.(Fonte: “Bahia Histórica – autor Sílio Boccanera Jr.)
O Asilo foi devolvido ao Governo (havia muita divergência
médica com a administração do Hospício por Madre Superiora “leiga”) e mais
tarde o nome do Hospital João de Deus mudou em 1936 para Hospício Juliano
Moreira em homenagem a este psiquiatra, reformador do sistema psiquiátrico da
Bahia.
Fatos de hoje: No dia
04.01.2013. O Parque Solar Boa Vista que
abriga a Secretaria Municipal de Educação do Estado, consumir-se em chamas a
torre do relógio, local que a Secretaria tinha o arquivo e mais abaixo as salas
funcionais lado direito. Destruindo assim a pequena ermida Capela de João de
Deus. Eu visitei a Capelinha, no altar-mor havia a imagem de Santo Antonio em tamanho médio e mais abaixo a imagem de Nossa Senhora dos Aflitos. O forro era de madeira pintado em alto relevo, um grande lampadário de prata. Era tão pequena o adro da nave que só tinha dois bancos grandes sem forro e uma pia de batismo. Todo o seu interior aspirava simplicidade e humildade. Coisa bela perdida. Espero que o poder público restaure este Solar de grande valor literário
da Bahia. Tombado pelo Inst. do Patrimônio Hist. e Artístico Nacional em 16 de
outubro de 1941.
Sempre é o incêndio o
causador de lamentações de perdas e danos Históricos da Bahia.
Álvaro B. Marques.
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