sexta-feira, 26 de novembro de 2010

OS FAMOSOS CONVENTOS DA BAHIA


OS FAMOSOS CONVENTOS DA BAHIA E RECOLHIMENTOS DE MULHERES DURANTE TODO O SÉCULO XVIII E INÍCIO DO SÉCULO XIX
- Convento do Desterro – Fundado em 1677
- Recolhimento do Santo Nome de Jesus – Fundado em 1716 para abrigar meninas órfãs
Moças de classe média.
- Recolhimento do Bom Jesus dos Perdões, para abrigar mulheres que desejassem vida
Penitente – Fundado em 1723.
- Convento das Ursulinas das Mercês – Fundado em 1735.
- Recolhimento das Ursulinas da Soledade para ser casa de reclusas e educandário -
Fundado em 1739.
- Convento da Conceição da Lapa – Fundado em 1744.
- Recolhimento São Raimundo, para abrigar mulheres arrependidas em busca de
Regeneração – Fundado em 1755.
- Recolhimento de N.S. dos Humildes – Constituído para abrigar mulheres arrependidas
E atender finalidades educacionais – Fundado em 1807.
Note Bem: Geralmente quem patrocinava os Conventos eram os pais das reclusas. No ato da sua admissão os pais doavam para os Conventos os dotes das filhas e as escravas para servirem de companhia; as escravas além de cuidarem das sinhazinhas elas trabalhavam para o Convento. Assim também se procedia as Recolhidas arrependidas quando tinham família. Mas havia mulheres que passavam um período no Recolhimento como prova de castigo do seu erro consumado até o arrependimento total o que muitas resolviam ficar em definitivo. Muitas reclusas eram obrigadas a irem para o Convento ou Recolhimento a mando dos pais e outras por seu livre pedido, porque naquela época o cristianismo era forte e o povo temia a Deus. Havia outros motivos de caráter preconceituoso em não aceitar o namoro da filha com filho da terra ou daquele que não tinha dote.
“Durante todo o período colonial propunha-se um ideal de mulher pura, recatada, virtuosa e dedicada ao lar. Esta concepção era transmitida pela família e pela igreja. Considerada moral e Intelectualmente inferior ao homem, cabia a este tomar decisões sobre o seu destino, a ela só restava a obediência reforçada por leis civis, eclesiásticas e pelos costumes. Os Recolhimentos que atendiam a estes objetivos “casadoiros” eram fundamentais nesse processo. Administrada por uma instituição leiga a Santa Casa da Misericórdia, que se encarregava de escolher o pretendente e fornecer o dote às recolhidas este era o caso do Recolhimento do Santo Nome de Jesus.”
Textos de Maria José de Souza de Andrade – “Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia” págs. 225 a 226. vol. 90 – TRABALHO DE PESQUISA DE ÁLVARO.
OS CONVENTOS BAIANOS NA NARRATIVA DO HISTORIADOR THALES DE AZEVEDO NO SEU LIVRO: Igreja e Estado em Tensão e Crise”
“Construíram no período Colonial diversa igrejas, algumas de fina talha, e grandes Conventos masculinos e femininos. Nestes se recolham, quase sempre sem vocação, as moças que não têm dote para casar e aquelas cujos pais querem evitar o casamento com moços da terra: Indignado com esse costume, o conde dos Arcos, numa carta enviada ao conde das Galvêas, externava-se cruamente, dizendo que a Bahia era uma “terra de hotentotes”.Era uma tradição portuguesa a de família da nobreza, não aceitar união com os filhos da terra, por serem em geral muito pobres. Mas o demasiado orgulho para tratar de ganhar posição social ou para dar suas filhas em casamento a pessoas inferiores a elas, não achavam outro recurso senão manda-la definhar para um Convento, sem consultar suas tendências de preferência a casá-las. Compreende-se que a vida nesses Conventos não seja de todo piedosa, apesar do exemplo edificante de muitas monjas: ao contrário, as freiras de “véu preto” da camada superior da sociedade, filhas dos comerciantes, dos senhores de Engenhos dos “homens bons” da vereança e do governo, para ali levavam suas escravas como “serva”, e com estas ocupavam suas longas horas de reclusão no fabrico de doces, de flores, de bordados, e em recitativas e reuniões que davam ocasião e pretexto às visitas dos “freitráticos”, eram jovens admiradores seus, tudo a justificar medidas repressivas dos prelados aos namoros escandalosos e sacrílegos, inevitáveis frutos do regime de internamento forçado ou costumeiro das jovens que não conseguiam casar-se ou que não eram enviadas para os Conventos de Portugal para idênticos recolhimentos.
Esses internamentos de adolescentes e moças das melhores famílias, diversas vezes deram lugar ao protesto das autoridades da Colônia, as quais, alarmados com a falta de mulheres para constituir família, pediam ao rei providências preventivas.
O Convento do Desterro é exemplo típico desse costume, desde a sua fundação em 1677, foi por longo tempo o único desses claustros em que era permitida a profissão de brasileiras. Para tanto foram ali criadas 50 vagas para religiosas de “véu preto” e 25 para recolhidas de “véu branco”. As primeiras seriam moças brancas de comprovada limpeza de sangue e isentas de mancha da mestiçagem e de descendência de cristãos novos da nobreza colonial e capaze de trazer um dote suficiente ao seu sustento. Eram filhas dos nobres membros do senado da Câmara, Engenhos e mesmo dos grandes comerciantes de Salvador e do recôncavo baiano. Umas ingressavam na congregação religiosa por vocação. Outras eram internadas por seus pais ou tutores quando ficavam órfãs ou atingiam a idade de casar e não encontravam pretendente que conviesse às famílias. Algumas eram “moças” de famílias” em estado dependência. De todas essas, várias eram remetidas para Portugal, embora se tomassem medidas governamentais para impedir ou limitar essas transferências. Esses eram os meios pelos quais se regulavam os matrimônios, de modo a dificultar ou impossibilitar a mestiçagem e a alienação dos patrimônios pelo casamento entre pessoas de classes diferentes. Às religiosas ou antes, as seculares de “véu branco” eram jovens modestas,que ali procuravam abrigo e segurança. Ao lado das reclusas igualmente seculares, as “recolhidas”, ao lado das “educandas”, inscritas para receberem educação e voltarem ao mundo, e das “servas” que em sua condição subordinada, faziam os trabalhos domésticos”.
“ Sobre a presença, a vida de luxo, as intrigas das jovens da aristocracia rural baiana nesse Convento e os exemplos também, de santidade de algumas religiosas, eram comentados em saraus e rodinhas de estudantes.” ( “O Convento do Desterro” – autora: Ana Amélia Vieira do Nascimento.)
Meus Comentários – Álvaro
Os estudantes principalmente de Medicina naquela época, faziam muitas brincadeiras no período acadêmico dentro das “repúblicas” (casas que alugavam quartos a estudantes) e nas ruas também, quando eles cruzavam com as freiras diziam: “As freiras da Lapa e Desterro, só mijam em pé não mijam sentidas porque não querem”. Em realidade as freiras superioras eram francesas e usavam um chapelão e saias muito comprida arrastando ao chão. Eram as mais atacadas pelos rapazes.
Trabalho de pesquisa de Álvaro

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