sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A EXPANSÃO DA LAVOURA NA BAHIA SÉCULO 18


Fatos marcantes da época
“A lavoura da Bahia começou com a cana de açúcar moída nos Engenhos de almanjarra e de água, nos arredores da cidade e nos recôncavos e nas outras Capitanias.
A cultura de cana encontrou seu verdadeiro habitat nas terras do recôncavo e nas Villas: Matoim, Cotegipe, Mataripe, Marapé, Boca do Paraguassú, São Francisco do Conde, Santo Amaro e Cachoeira, foram-se erigidos por Senhores de Engenho. Seus terrenos eram ricos em argila preta ou massapé que é o terreno por excelência para esta cultura, terra humos, contém grande reservas de seiva e adubos químicos naturais. Mantém firme o solo em cinco e seis cortes. Passou a ser uma perene dádiva aos lavradores.
Nos fins do século XVI verificou-se um fenômeno econômico de grande alcance, “os Engenhos da Bahia, subiam de 36 e exportaram 120 mil arrobas de açúcar. Os alambiques eram oito. O movimento do tráfico para a Capital, vindo do recôncavo, era feito em embarcações em numero de 1.400, não havendo Engenho que não tivesse pelo menos de quatro embarcações para cima.”
D. Álvaro da Costa estabeleceu o regime de arrendamento aos pequenos colonos. Essa iniciativa deu grande impulso a agricultura, que contou, ao lado de outros elementos, com a ação das Ordens Religiosas que foram utilizando meios latifúndios. Os padres fundaram Engenhos nas sesmarias dadas pelos governos. Além dos jesuítas outros religiosos de São Bento e do Carmo, foram os mais privilegiados e fizeram os melhores Engenhos não só de cana de açúcar como também tinham plantações de fumo, algodão e hortas de legumes, não deixando o cultivo do mel que era usado como remédio. Essas propriedades agrícolas, chamadas: “Engenho dos Padres”, eram bem organizadas; os seus aparelhos bem montados e as sementes eram selecionados. Foram os jesuítas os inspiradores do aproveitamento hidráulicos para a moagem dos Engenhos. Ao contrario dos outros lavradores, os padres tinham viveiros próprios para a experiência em sementes e processos especiais para o fabrico do açúcar, além do perfeito acondicionamento das caixas de açúcar. As melhores sementes eram as da Índia, sendo que a cana mirim, eles preparavam um outro tipo de açúcar, especial mais fino, mais branco.
Logo, porém sofreu a agricultura um grande transtorno, seguidamente: a invasão holandesa, a peste da bicha e as secas constantes. Como não bastasse tudo isso, veio a concorrência das colônias da Inglaterra, com o fabrico da extração do açúcar da beterraba e a moléstia da cana de açúcar nas regiões do recôncavo.
Na criação do gado pelo seu pioneiro Garcia d’Avila, logo se estendeu para outras regiões sertanejas sendo ele o maior criador de gado. Como também, o criador Francisco Agostinho Gomes, introduziu na Bahia o gado Turina, propagou a cultura da pimenta e vez virem de Portugal e da Inglaterra, diferentes máquinas e instrumentos apropriados para o melhoramento dos processos agrícolas.
FUMO
A cultura do fumo teve início no século XVI e começaram a ser plantado nos arredores da cidade do Salvador, vindo ás primeiras sementes das Antilhas e da Ilha de Madeira. Era a “relva santa” de Gabriel Soares (o primeiro cronista). Entretanto, essa cultura só se desenvolveu no século XVIII, através da exportação para Lisboa, África e Ásia. Assim como a cana, em todo o recôncavo teve o seu habitat, em Santo Amaro e Villa de São Francisco do Conde, e principalmente nos campos de Cachoeira e São Félix.
Em 1791 foi introduzida a semente de fumo da Virgínia para Cachoeira, sendo o seu solo o mais indicado.
O fumo de primeira qualidade era exportado para as Índias e constituía esse comércio monopolista da Coroa, sendo exportado para a África o de ínfima qualidade para venda ou troca de escravo.
ALGODÃO
Foi cultivado na Bahia desde 1587, mas a sua produção desenvolveu-se no século XVIII. D. Fernando José de Portugal, o governador, foi quem mais se esforçou pelo plantio.A qualidade mais procurada, era a de origem da Pérsia, cultivado nos arredores da Villa de Abrantes, depois para o centro da Capitania a predominar em Villa Velha do Rio de Contas. Nosso grande comprador era a Inglaterra, depois passou a comprar nos Estados Unidos, com a guerra da Independência das 13 colônias que formaram os Estados Unidos o algodão da Bahia foi o grande exportador viveu progresso. Acabando a guerra volta os Estados Unidos a comercializar o algodão com a Inglaterra, que fornecia para as Índias e Egito.
O algodão da Bahia se restringiu para Portugal e consumo interno. É quando surgiu o interesse de se fabricar tecidos na Bahia e outras regiões do Brasil. Mas, a Bahia somente fabricava tecidos grossos os mais finos vinham da Inglaterra e muito tempo depois da França e Portugal.
OUTRAS CULTURAS
Mandioca, cacau, borracha, couro, solas, café.
A mandioca, já era conhecida nos primeiros anos de colonização. Os indígenas dominaram sua cultura e dela se faz a farinha de mandioca para o sustento da população, nunca tendo índice regular de exportação. Porque não era do hábito alimentar do estrangeiro este tipo de tubérculo, já o africano tinha o hábito e o cultivo era grande na África. Por isso o consumo interno sempre foi expressivo comercialmente no Brasil.
CACAU, de todas as culturas é a mais lucrativa para a Bahia. Seu habitat principal fora sempre regiões Sul do Estado. Originária da América Central, na zona tropical, que se estendeu de Norte a Sul, desde as províncias meridionais do México até a bacia do Amazonas, o cacaueiro achou aqui um clima propício e terras ricas para o seu plantio.
O primeiro plantador de cacau na Bahia foi Antonio Dias Ribeiro que em 1746, recebendo a semente do colono francês Luiz Frederico Warneaux, plantou-se na fazenda Cubículo em Rio Prado, Canavieira e dali se estendeu por todo o Sul do Estado.
BORRACHA – a borracha da Bahia é extraída da maniçoba e da mangabeira. A maniçoba foi descoberta na Bahia em 1887 em Maracás, mandando estudá-la a mando do Conselheiro Luiz Vianna. A maniçoba dicotiledôneo, foi conhecida em 1900 e descrita em 1907 pelo Dr. Ule. Seu habitat é a zona de Jequié, Maracás, Areia, Boa Nova, Conquista e Umburana, entre 12º e 15º de latitude. A maniçoba de Remanso, tem seu habitat entre o 8º e o 10º de latitude. Foi trazida para a Villa Nova com o nome de “Rasteiro do Galego” acredita-se que é plantação nativa, cresce em todos os tabuleiros arenoso.
CAFÉ, o café foi introduzido em Caravelas por missionários italianos barbadinhos de nomes: Fr. Pedro e Fr. Marcelo, os quais vinham do estremo Sul para pregar missões em Caravelas. “Traziam eles, em suas andanças, uns grãos pretos que duas vezes por dia, torravam uns grãos e moendo-os depois, preparava a bebida quente.” Depoimento de Manuel Fernandes Norinho, informado pelos ditos missionários, ser o café produto do Brasil, obteve meia dúzia de grãos e plantou no sítio do Sacco, uma légua distante de Viçosa. Anos depois, colheu o dito Norinho, mais de meia arroba dos poucos pés de café que cresceram extraordinariamente. E assim, popularizou-se o café brasileiro com largas exportações e consumo interno.
LARANJA – Foi iniciado na Bahia o cultivo pelos jesuítas, que tinham um horto de seleção na Quinta do Colégio ou Quinta dos Padres. As primeiras sementes, foram mandadas vir de Lisboa por Thomé de Sousa, em 1551, sendo distribuídas aos padres e a Garcia D’Avila que a cultivou em suas terras na estância de Itapagipe, anos depois deram o nome de fazenda do coronel.
A plantação por pevide, explicava o padre Nobre “era mais duradoura para a árvore e fazia com que frutificasse mais cedo”.
A cultura por enxertia, eram mais selecionadas (feitas por jesuítas). Em 1734, o conde de Sabugosa, cumprindo uma determinação do Conselho Ultramarino, mandou que se incentivasse o cultivo da laranja, chamado atenção para a “moléstia das manhas” que devia ser curada com “cal viva” caiando-se os troncos.
Em 1798, a maior cultura de laranja, fora a de Dnª Rita Campelo, moradora em Brotas e dona do solar que passou depois a ser o atual Hospital Militar do Exército.
Gabriel Soares descreveu a laranja em seu “Tratado Descritivo do Brasil” – o primeiro livro do cronista do século em 1647.
Meus Comentários:
As laranjas da Bahia eram famosas pelo seu aspecto e sabor inigualável. Não podendo ser exportadas por causa do rápido aproveitamento. Mas suas sementes foram para Portugal e Estados Unidos na Califórnia. Devemos saber que o clima ajuda muito nesta cultura.
Biografia
“A Margem da História da Bahia” – autor- Francisco Borges de Barros (Diretor do Museu do Estado – impresso em 1934)
“Breviário da Bahia” – autor: Afrânio Peixoto..
Trabalho de pesquisa - Álvaro

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