sábado, 22 de maio de 2010

A PENCA E O BARANGANDAN E OS SIGN IFICADOS

Adereços usados pelas antigas crioulas do “partido alto” do Candomblé.
Atualmente não se vê mais, como outrora, em dias de festas cívicas, procissões e certas festas populares, crioulas e mães de santos famosas, ostentando punhos de ouro com enfeites em relevo, nem os múltiplos e verdadeiros correntões do mesmo metal. À vida foi ficando difícil, a necessidade premente de manter tal luxo e a cobiça ou a ganância judaica dos mercadores russos e árabes que existiam antigamente, arrancando por importância muito abaixo do valor real, todas essas jóias que algumas receberam como presente de antigas yayás suas crias. Jóias que passaram de mãos em mãos de parentes mais próximos, foram desaparecendo no clamor de todas as dificuldades. Mesmo os ricos de tal época, ao saírem com suas mucambas faziam questão que elas usassem as suas jóias para mostrar aos outros o seu poder financeiro. Acabou, virou lendas do passado baiano.
OS ADEREÇOS DAS AUTÊNTICAS BAIANAS:
Era costume o uso de colares confeccionados com grandes contas, em cores do seu orixá, deixando-os cair livremente do pescoço sobre o colo, ou enfiado por dentro da camisa. Via-se também pender, a figa, a cruz e os bentinhos.
No braço esquerdo, parte da axila, é costume usar-se uma pulseira de búzios da costa, que são devidamente serrados e alguns protegidos por uma “tapa de pelica”.
Cordões de ouro ou belas “voltas” de vários feitios contornam o pescoço da rapariga, dando o seu brilho característico de ouro legítimo. Para as costas, preso numa corrrente esta o barangandan.
Embelezam as orelhas, lindos brincos de ouro ou prata, rosáceas ou filigranas desse metal, emolduradas de pedras ou corais, caem em forma de pingente.
Barangandan e não balangandan, berengueden ou balangangan como querem alguns mal entendidos no assunto. Barangandan é a reunião de todos os amuletos em miniaturas que trazem às costas, muito diferente de pencas, suspensa à cintura, por uma alça passada por uma corrente de prata e presa com uma chave do mesmo metal. Da alça estão suspensos os seguintes amuletos:
A FIGA: de todos os amuletos conhecidos no Brasil, incontestavelmente é a Figa o mais comum; o seu uso tornou-se obrigatório, criado pela crendice de que concorre para preservar a pessoa de doenças perigosas e maléfica. É uma mãozinha fechada com o dedo polegar metido entre o dedo indicador e o médio. Confeccionado de madeira da (planta da família das rutáceas) ou seja, muito odorífica, por exemplo: arruda, guiné ou pau-roxo, ou pau-d’agua.
Exercem no espírito do povo uma influência enorme, como dizem: “serve para tudo e espanta o mau olhado”.
A Figa balança nas costas parte de traz do pescoço, perto do encaixe do Balangandan.
PÃO DE ARGOLA: É amuleto que representa longevidade, confeccionado em madeira dura, ou seja; jacarandá, ébano ou massaranduba preta. Encostado em prata.
CILINDROS: Os cilindros que pendem da penca, todos revestidos de prata, são reservados para guardar guiné, arruda, manjericão ou fragmentos de outras madeiras julgado como preservadoras da má sorte.
O SINO OU DUPLO SINO: O sino ou duplo sino, chamado de “adjá” é um instrumento indispensável ás reuniões do culto afro-brasileiro.É usado para as danças dos orixás chamadas também de “batucagés” que produzem os sons característicos das divindades.
O CAGADO: É um fetiche de bom augúrio, como são as aranhas, o porco, o trevo, a figa, o corcunda, os triângulos mágicos, a palavra “Agha” e a expressão “Aoun”.
O CORAÇÃO: É o símbolo do amor, da paixão, da afeição sincera; quando em volta de chama, quer dizer “paixão ardente”.
MÃOS DADAS: Símbolo da amizade, da solidariedade.
O CACHORRO: Emblema da fidelidade; na penca representa São Lázaro e também São Jorge.
O CARNEIRO: É o símbolo cristão; na penca lembra São Jerônimo – Xngô.
A POMBA: Também representa o símbolo cristão; foi usado em grande escala entre os fiéis das catacumbas romanas. A sua inclusão na penca relembra todos os santos mártires.
A ROMÃ: símbolo do gênero humano.
A CHAVE: é o do tabernáculo ou do oratório.
A CHAVE DE FIGA: geralmente segurando um prato “farofa amarela” serve para “fechar o corpo”.
O PORCO: apesar de significar tentação está classificado entre os fetices para dar boa sorte – representa Stº Antonio e às vezes São Lázaro (depende da etnia ou linha do orixá).
FERRADURA: Simboliza á felicidade.
A LUA: É o talismã que representa São Jorge.
O GALO: É o símbolo de todos os Santos como a pomba.
O BURRO: Representa São Jerônimo ou Xangô.
O CARANGUEJO: Símbolo de Omolú ou São Lázaro.
O BOI: Representa São Isidoro que é Omolú Moço.
O VEADO: Representa Oxossi ou São Jorge, o santo guerreiro – caçador.
A ESPADA: É a de Oxossi ou São Jorge, o símbolo poderoso nos ritos afro-brasileiro.
A FACA: representa Ogun ou Stº Antonio.
O CACHO DE UVA: Representa oferenda a Oxun ou Nª. Sª da Conceição.
O CAJU, O ABACAXI, O MILHO, oferenda à São Jerônimo ou Xangô.
A MORINGA: Cerâmica de barro, recipiente para guardar água e vinho oferenda para São Cosme e São Damião.
A PALMATÓRIA: Representa á Stª Mestra ou Senhora Santana, Nana.
O TAMBOR: instrumento do ritual, atabaque.
O PEIXE: Aparece na penca, é o símbolo do cristão, São Pedro – as redes com peixes – no culto afro-brasileiro é Janaína, senhora das águas doce e salgada.
O PANDEIRO: Instrumento musical de percussão, no ritmo sonoro do batugagé.
O SOL: Símbolo no culto gegê-angolano representa Oxumaré ou São Bartolomeu, agente encantado que faz surgir o arco-íris.
A MOEDA: significa fortuna, bonança, principalmente as moedas de 2,000rs., com a esfinge de D. Pedro II.
( Fonte extraído do livro: “Fatos da vida do Brasil” – autor: Braz do Amaral – págs. 119 e 123 – Tip. Naval Bahia – impresso em 1941)
BARANGANDAN: É uma peça de prata, em forma de argola que pende de uma corrente, posta em torno do pescoço e que fica no meio das costas. Da peça aludida, estão suspensas variadíssimos amuletos protetores da pessoa. Aí estão agrupados em pequenos cilindros, madeiras, pós, orações, figas, corações, anéis, cachos de cabelos, pequenas cruzes, dentes de crianças, búzios de origem nagô, moedas, presas de besouros, cruzes conjugadas (fé, esperança e caridade), pequenos
bonecos representando os sete êres, o cangerê, raízes de folhas do mau olhado, as favas do olho da cabra boas contra os espíritos malévolos, a cola amarga empregada para o mesmo fim, grupos de pequenas contas enfiadas em estiletes guarnecidos de rosário de prata, representando cada cores diversas divindade, tais como: preto e roxo de Omolú, branco de Oxalá, vermelho de Xangô, azul e verde de Ogun, as de coral água ou ainda dourada e prateada é de Oxum, amarelas de Nanã e as contas bem pequenas de cor branca transparente é de Iemanjá.
(Fonte extraído do livro: “ Bahia Imagem da Terra e do Povo” – autor: Odorico Tavares.)
(Fonte do livro: Folclore brasileiro – Bahia – autora: Hildegardes Vianna.)
(Fonte do livro: “Memória Histórica sobre as Religiões na Bahia”- autor: Muller,
Cristiano – de 1823 a 1923.)
FONTE DE PESQUISA: ÁLVARO B. MARQUES
NOTA DO PESQUISADOR: A cultura de um povo esta na sua tradição. Se o povo não manter suas tradições elas serão esquecidas e novas tradições surgirão no decorrer do tempo. O povo perde, mas à história faz viver o passado que o presente não tem.
Transcrito por: Álvaro Bento Marques
SSA., 12.03.2003

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