Na descrição de um viajante inglês, no século dezoito as modas masculinas e femininas usadas: “Os homens se vestiam exatamente como em Lisboa e segundo os costumes ingleses, exceto quando em visita ou nos dias santos nas igrejas em que ostentavam excesso de bordados, laços e fitas nos casacos. As espadas iam ficando inteiramente de lado, só mudavam de posição em serviço. E os chapéus de pancada estavam prestes a sair de moda. Fivelas nos sapatos até os joelhos de manufatura nacional eram comuns, sendo os baianos muito amantes de as coisas de luxo de mau gosto e vistosas.”
“Descrevendo os trajes feminino do vulgo – saía e camisa largamente decotada usada publicamente. Algumas senhoras da hierarquia vestem-se à européia”.
( Fonte extraída: Na Bahia de D. João VI – autor: Afonso Taunnay- págs.76,77)
“Os fidalgos, magistrados, clérigos, médicos, professores nobres, senhores e senhoras de Engenhos e outros potentados só vão à rua em cadeirinha de Arruar, levada por dois negros, geralmente em trajes a rigor, mostrando assim ser de boa situação financeira ou quando não alugava esse meio de transporte para irem a qualquer lugar. Mas isso não acontece com a maioria das pessoas que são cruzadas nas ruas, pessoas simples, negros, mulatos e mestiços com suas roupas de algodão grosseiro, com e sem sapatos a caminharem nas pedras lisas das ruas estreitas de Salvador e cidades do recôncavo. Sua alimentação é simples e frugal nada comparada do rico e fidalgo nas suas mesas repletas de iguarias e fartas alfaias estrangeiras.
“Esse gosto por superalimentação em iguarias e serviços era tradição portuguesa. Vinha dos costumes da nobreza e dava modelo às exibições dos ricos, e estimulo mesmo aos menos ricos para ocasiões solenes ou festivas em bodas, batizados, aniversários, casamentos e outras festividades menos simples.”
( Afonso Taunnay – “ Na Bahia de D. João VI “).
“Tollenare – informa que na Bahia os trajos comuns em (1817) de rua eram à calça branca e jaqueta: “Os homens trajando calças e japonas brancas parecem ir à missa com indiferença – “ raramente encontro os sacerdotes com vestes eclesiásticas; de ordinário trajam jaquetas e calças de chita como os outros habitantes”.
( Tollenare – “ Notas Dominicais”).
Os divertimentos nessa época eram: touradas, festas cívicas e populares, procissões religiosas, missas, De Te-déum passeio público, bailes, saraus, teatros e comédias ao ar livre. Aqueles mais letrados preferiam um bom livro francês ou inglês, pouco de autores brasileiros.”
(Fonte bibliográfica: Salões e Damas do Segundo Reinado – Wanderley Pinho)
Herança indígena: Tipo de construção, gêneros alimentícios, processos de caça e pesca, na agricultura, na tecelagem, no fabrico ( artesanato ) de cestas, cerâmicas, instrumentos musicais e nas embarcações ( canoas ). Mitos, lendas, práticas religiosas, mágicas, receitas de ervas medicinais, atividades recreativas, músicas, vocabulários.
Os elementos do quadro cultural indígenas foram igualmente aceitos pelos colonizadores e se estenderam às populações brasileiras. Dentre eles o uso do tabaco e outros hábitos muito enraizados principalmente nos grupos rurais, como o banho do rio, o pé descalço, o defecar ou descansar de cócoras. O uso da rede é também de procedência indígena, como permaneceram ainda os utensílios domésticos feito de barro cozido, como por exemplo: A gamela, a panela, o pote de água, a moringa, a cabaça para cuia de farinha ou para beber água. É a principal fonte do Folclore brasileiro.
Herança Portuguesa: Elementos de vários graus sociais vindo de Portugal para o Brasil na época Colonial seu início e depois várias entradas: Fidalgos, militares, padres, degredados, criminosos expatriados, homens bons, lavradores e artífices.
Mas foram os chamados “gente miúda” assim dita em Portugal que se constituíram o elemento mais forte na tarefa de colonização do Brasil; e não exclusivamente só ou preponderante o fidalgo, nem chegou a ser o criminoso. Foi o povo rural em busca de terras livres para melhor viver, iniciou-se assim o latifúndio no Brasil. Criando assim à pecuária.
As alimentações, sobretudo de gênero importados nos primeiros tempos da colonização eram: o queijo do reino, a farinha do reino, a pimenta do reino, o azeite do português, o vinho. Isto porque ainda não havia a mistura culinária do índio e do negro africano. Só mais tarde, foi que surgiu essa mistura do índio, do negro e do português no contexto brasileiro.
As alfaias, as louças, os tecidos, as jóias, os cheiros, as ferramentas e tudo o que fosse necessário a ser utilizado e que não tinha aqui. Abriu-se um comércio de exportação e importação, mas nem tudo era permitido pela metrópole portuguesa. Havia um controle muito rígido no embarque e desembarque das mercadorias.
( Fonte extraída do livro: “ Etnias e Cultura no Brasil” autor: Manoel Diegues Jr.)
Lendo o livro “ Vida Econômica – Financeira da Bahia” de 1808 a 1899 – autor: Francisco Marques de Góes Calmon – editado em 1925 na Bahia. Deparei com narrativas desse ilustre baiano do nosso passado, com os seguintes temas:
“ Em 1863, não existia a Rua das Princesas, atual rua Portugal. O mar vinha a bater na ribeira do Corpo Santo, hoje, rua Santos Drumont.”
“Em 1867, fez o aterro no mar uma grande extensão para surgir á rua das Princesas, em homenagem a D. Isabel e D. Leopoldina, filhas de D. Pedro II. Vários prédios foram edificados e os chamados “Trapiches” e a “Drogaria América”. Tempos depois, foram comprados pelo Visconde do Rosário, o qual, depois do pavoroso incêndio de 1898, que devorou todo o quarteirão, cedeu parte dos terrenos à municipalidade para a abertura das ruas Visconde do Rosário e Santos Drumont. Nesta época o centro comercial e financeiro da Bahia, chamava-se “ Cidade Baixa ou simplesmente Comércio”. Na medida em que o comércio foi se desenvolvendo os aterros foram se estendendo até formar à Av.Jequitaia de hoje.”
“ Os grandes comerciantes da época (1820 a 1835) sendo eles comissários de açúcar, cujas caixas recebiam uma marca à fogo do nome do Trapiche e a tara bem legível. Determinação do Governo para evitar fraude na qualidade e no peso das caixas, isto ocorreu por volta de 1835 acima. Geralmente os proprietários dos Trapiches eram os grandes comissários de açúcar. Também armazenavam outros produtos como sejam: Farinha de mandioca em fardos de 60kg., charque ( carne seca), tabaco em fardo ou em rolo, algodão em fardo, anil, pau de tinta, madeira para construção, goma, couro, aguardente(cachaça) – esses eram produtos que os proprietário dos Trapiches comerciavam em suas lojas. E também, vendiam para outros pequenos comerciantes.”
“O cacau só deu inicio a exportação em 1890 em diante, assim como o café.”
Principais produtos para exportação armazenados nos Trapiches:
“Açúcar, algodão, tabaco, anil, pau de tinta, couro, cachaça, madeira em geral. Artigos de pequenos faturamentos: Copahyba, goma, manufaturados em geral. Mais tarde entraram o cacau e o café.
Os Trapiches recebiam mercadorias dos navios vindo da Europa e Estados Unidos, principalmente da Inglaterra, França, Portugal, África e Ásia e outras nações amigas. São essas mercadorias: Vinho, Bacalhau, ferramentas, manteiga, louças, livros franceses e ingleses, produtos de armários e evidentemente escravos, esses tinham vários pontos de vendas na cidade baixa.
Glossário: A palavra Trapiche – Armazém de mercadorias importadas ou para exportação (sinônimo masculino). Trapicheiro: (adj. e s. m. que ou aquele que possui ou administra Trapiche. ( do livro: “Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa” – vol.03 editora Abril – publicado em 1972 – SP).
SENADO DA CÂMARA, PAÇO MUNICIPAL, CÂMARA MUNICIPAL
“Foi construída primeiramente de taipa e barro em 1549, até que por portaria de 23 de setembro de 1600 o Governador Geral, Francisco Barreto de Menezes, mandou reconstruí-lo de pedra e cal, reinava em Portugal D. Afonso VI.
Em 1698, no governo de D. João de Lancastro, mandou levantar a torre e foram construídas as casas das audiências, salas livres e sala fechada para reuniões privadas e enxovias públicas a custo das rendas do conselho.
Em 1795 D. Fernando José de Portugal, mandou ampliar a cadeia pública, fez enfermaria, cisterna e outras salas. Neste mesmo edifício funcionava: de um lado a “Casa das Vereações”, do outro lado a casa das Audiências dos Juízes de fora e civil, órfão e crime, e a “Casa dos Leilões” e no rez do chão as prisões (enxovias) de homens e de mulheres, separados.
Armas da Cidade de Salvador
“El Rei D. João VI, deu à cidade da Bahia o nome de Cidade do Salvador(Crônica do Império – Mello Menezes.) e para armas uma pomba em campo verde, com um rolo branco e legenda em letras de ouro – “Sic illa ad arcam reversa est” e a pomba com três folhas de oliveira no bico”.
NESTA CADEIA ESTIVERAM PRESOS
“João de Deus Nascimento, o soldado Luis Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manoel Faustino dos Santos Lira e Luis Pires, todos da revolução
de 1798 chamada “Revolução dos Alfaiates.Foram executados na Praça da Piedade no dia 8 de novembro de 1799. Também neste local foram presos: José Ignácio Ribeiro de Abreu e Lima (Padre Lima), Domingos José Martins, Miguel Joaquim de Almeida e Castro (Padre Miguelino) e José Luiz de Mendonça, da revolução de 1817 em Pernambuco e que foram fuzilados no Campo da Pólvora. em 29 de março de 1817, o primeiro e os demais em 12 de junho do mesmo ano, sendo governador D. Marcos de Noronha e Brito, o 8º Conde dos Arcos.”
“Com a remodelação de 1887 desapareceu a torre de forma abobadada, como também ficaram cobertos com argamassas, muitas pedras de cantaria. Na torre achava-se um sino que tangia por três dias “ O Juiz do Povo” – assim chamado para reuni-lo como era de costume.
Além do sino, havia também sobre a torre um grande catavento de ferro, representando uma lúgubre e ridícula figura humana, emblemática das antigas torturas, com instrumentos de súplicas nas mãos, cordas e correntes de açoitar, a que o povo chamava de “ o ginga da cidade”. Era hábito colonial colocar emblema até nas torres dos conventos. O Desterro possui um desses no ápice da sua torre movendo-se à feição dos ventos. Nesta torre, havia também, um relógio para regular os horários da cidade, durante o dia e à noite. Fabricado na Europa, era visível nas quatro faces da torre chamado de Campanário, mostrava-se as peças internas e o funcionamento. À noite era iluminado, medindo cada um 1,50mts de diâmetro, fazendo ouvir suas pancadas fortes e sonoras de horas e quartos em um raio de zona bem extenso.”
(Fonte extraída do livro: “Arqueologia na História” – autor: Francisco Borges de Barros – Diretor do Museu da Bahia. Imprensa Oficial do Estado – 1928 Salvador/BA.)
“Os sinos das igrejas regulavam a vida dos moradores, como também o Forte de São Marcelo dava um tiro de canhão às vinte e uma horas diariamente a noite. Era o sinal derradeiro para aviso aos conventos.”(Revista Trimensal do Inst. Geo. E Hist. Da Bahia – vol.VI)
TRABALHO DE PESQUISA
Álvaro Bento Marques
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