segunda-feira, 24 de maio de 2010

EDUCADORES BAIANOS DO PASSADO

-->
Santos Vilhena fala das classes de Retórica, Língua Latina e Grega e Filosofia Racional, que se ensinavam na Bahia de seu tempo (fim do século XVIII). Cadeira de Gramática Latina tinham em todas as regiões da província. Não são escolas primarias, são escolas régias ou cadeiras de Latim, isto é, humanidades; Sergipe e Espírito Santo ainda eram Bahia.
Em 1829, existiam na Província da Bahia, 96 cadeiras de ensino público, sendo 61 de primeiras letras, 26 de gramática latina, 01 de filosofia, 01 de grego, 01 de desenho, 01 de teologia moral, 01 de francês, 01 de inglês na cidade de Salvador, eram sete as de primeiras letras, quatro as de gramática latina; como as outras ficando para os subúrbios 4 cadeiras elementares: segundo a Coro grafia de Domingos Rabelo. Essas escolas “Regis”, cadeiras de Latim, núcleos de ensino secundário, pois que ensinavam até latinidade, continuariam até depois da Independência e elas explicam como, do interior da Bahia, vieram ter à Capital e à Corte esses homens eminentes que governaram e ilustraram o Brasil: Barão de Cotegipe, Vila da Barra, Fernandes da Cunha, os Spinolas, Abílio Borges, César Zama, Zacarias, etc.
Os nossos colégios tiveram no Império a fama do nosso Liceu. Eminentes mestres que foram também capazes educadores. O SEBRAO deixou nome. O Ginásio Baiano, de Abílio César Borges, no Barbalho e depois nos Barris,após o exercício aqui, foi levado ao Rio de Janeiro pelo seu criador Abílio Borges, foi professor de Castro Alves, seu aluno, refere que ele libertara a mocidade dos rigores, alusão a abolição dos castigos corporais, principalmente a aviltante palmatória.
Não é exagero dizer que seus alunos- de Castro Alves a Ruy Barbosa – marcam triunfos dessa educação. Foi Abílio o pioneiro do bom livro didático, bem impresso, assimilável, gradativo, que não serviu apenas aos seus alunos, senão a toda a Bahia e a todo o Brasil. Quem escreve estas linhas, estudou pelos seus livros, primores pedagógicos. Abílio foi um apóstolo da pedagogia nacional.
O Colégio Florêncio, do preto admirável, que foi Manuel Florêncio de Espírito Santos, que fez do ensino uma amizade e uma honra. O Sete de Setembro de Luiz da França Pinto de Carvalho, que fez do ensino uma magistratura; O São Salvador de Demétrio Tourinho, bom, ilustrado, capaz. O Carneiro, desse sábio, Ernesto Carneiro Ribeiro, honraram a Bahia e ao Brasil.
Resumo do texto do livro: Breviário da BahiaAutor: Afrânio Peixoto
MEUS COMENTARIOS:
Já na metade do século XVIII, em diante, o ensino dos nossos pais, em particular da nossa Bahia, floresceu, porque tiveram grandes mestres e que por sua vez receberam ainda os pendores pedagógicos dos Jesuítas. Estava longe de se imaginar o quanto de triste resta atualmente do nosso ensino.
De: Álvaro B. Marques
NO PASSADO SÉCULO XIX, OS MELHORES COLÉGIOS
Ginásio Baiano – Fundado em 03 de fevereiro de 1858 pelo grande educador baiano, Dr. Abílio César Borges, depois Barão de Macaúbas. Foi discípulo de Abílio, o outro apostolo Dr. João Florêncio Gomes. Não mais existe.
Ginásio da Bahia – Fundado em 24 de agosto de 1895, criado pela Lei n° 117, foi inaugurado no dia 1° de novembro do mesmo ano. Hoje Colégio Central – funcionando.
Ginásio Ypiranga – Fundado em 04 de fevereiro de 1904, por Dr. Alexandre Porfíro de Almeida Sampaio, no prédio n° 19 à Rua Visconde do Rio Branco, depois transferido para o Corredor da Vitória n° 64, ficando desde 22.06.1911 sob a direção do Dr. Isaías Alves de Almeida. Novamente transferido para o prédio à Rua do Sodré n° 43, onde faleceu o nosso inesquecível Castro Alves. Permanece até hoje no mesmo local. Neste local, já havia funcionado os colégios: Alemão, Piedade e Florêncio Gomes, dos eminentes professores: Manuel Florêncio do Espírito Santo e Raimundo Bizarria, este, continuador do famoso colégio, foi professor de vernáculo e filosofia. Morreu no Ceará, sua terra natal, em 02 de outubro de 1911 aos 63 anos de idade.
Ginásio Carneiro Ribeiro – Fundado em 18 de junho de 1906, pelo Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro, à Rua do Jenipapeiro n° 66, foi transferido para a Rua Dr. Augusto Guimarães na ladeira da Soledade, sendo até hoje, já pertence a rede publica de nosso ensino
.
Escola Normal: Fundada em 14 de abril de 1836, pela Lei n° 37 provincial, foi criada esta instituição, a primeira na Bahia e em todo o Brasil, para nela se habilitarem os que se destinassem ao Magistério Publico de instrução primária.
As aulas começaram em 26/03/1842 – em um prédio (andar térreo) a Rua do Colégio, esquina para a antiga das Campelas hoje três de maio (1926).
O curso Normal, foi criado só para homens, até que em 1850 criou a Escola Normal para senhoras e ficando alternado as lições dois sexos. No mesmo prédio. Em 1860 surge uma nova Lei autorizando o regime Internatos, uma para cada sexo em Escolas separadas. Depois de várias tentativas de ressurgir as duas instituições e de mudanças para outros endereços. Surge uma nova Lei de Assembléia do Estado, n° 117 de 24/08/ 1895, reorganizou o ensino primário e fundiu as duas Escolas Normais em uma só.
Dá-se o nome de Escola Normal, sob o regime de externato. Essa mesma lei criou escolas normais em outras cidades, de Barra e Caetité. Manteve o Instituto na Rua Conselheiro Almeida Couto no Barbalho, após grandes reformas o Governo do Dr. Luis Vianna. Até que hoje é chamado de Instituto Central Isaias Alves ou simplesmente ICEIA.( Trabalho de pesquisa - Álvaro B. Marques)


O PRINCÍPIO, O MEIO E O FIM DA EDUCAÇÃO
A política da metrópole em relação ao Brasil colonial foi sempre cercar por todos os meios o desenvolvimento cultural das colônias, deixá-la na mais absoluta ignorância para melhor mantê-la submissa à metrópole.
Com a transmigração da família real, em 1808, a mesma adotada pelos demais países europeus, com exceção talvez, da Inglaterra e Espanha. È que foi criada a abertura das instruções públicas.
Ao lado daquela carta régia de 1747, com a qual se pretendeu, proibindo a imprensa, evitar a difusão das letras em terras brasileiras, reinou, até fins do século XVIII, o maior descaso de Portugal no que dizia respeito à instrução da sua mais promissora colônia. Talvez que, pressentindo os sentimentos de independência e revoltas do povo que se ia formando, a administração de Além Mar procurava retardar o seu transbordamento irreprimível e inevitável.
Neste vislumbre ao fim do poço, revela inestimável a cooperação da Igreja. Jesuítas, franciscanos, capuchinhos, carmelitas, beneditinos e o clero secular, proporcionaram nos primeiros séculos de existência, o alimento espiritual, que a metrópole nos recusava. Os colégios religiosos, os conventos e seminários foram, na época, os centros exclusivos de formação moral e intelectual.
São os jesuítas, nessa função evidentemente social que a Igreja realizou os pioneiros do ensino no Brasil. Foram eles os verdadeiros mentores de um Brasil que arbitrariamente se dilatava os laboriosos educadores dos primeiros brasileiros que se distinguiram no trato das letras.
Três classes compreendiam o ensino ministrado pela Companhia de Jesus, entre nós:
O elementar- são aulas preliminares de “ler, escrever, contar e cantar”, com finalidade meramente alfabetizadora.
O secundário- preparação em letras e ciências sagradas e que, seriam, depois, aproveitados como professores. Eram chamados “Ratio Estudiorium” fazia homens letrados e casuístas; eram os “mestres em artes” – bacharéis coloniais em letras.
“Ao cabo deste curso, os mais capazes destinados ao sacerdócio - ingressavam no de Teologia: era o ensino superior, onde os jesuítas puseram a grande ambição da política educativa, que lhes viria trazer o extraordinário prestígio desfrutado em todo o mundo”.(01)
Assemelhavam os colégios jesuítas os “estudos gerais” ou universidade medievais, porque abrangiam os estudos clássicos e mesmo as “artes”, no sentido da expressão que ficou na terminologia universitária inglesa – master alarts. As humanidades eram aprendidas de maneira quase absorvente. A natureza preocupava menos que a retórica. Havia mais o gosto da imaginação, da palavra. Os alunos habituavam-se “à contemplação da beleza literária, à meditação da velha poesia, ao sentimento da moral antiga”.(02)
Foi somente após a expulsão dos discípulos de Loyola, em 1759, que se fizeram sentir as primeiras iniciativas leigas em matéria de instrução. Ainda assim, incompletas, insuficientes e mal distribuídas, incapazes de substituir o sistema inaciano. Representavam, sem dúvidas, muita coisa no esquecimento a que Portugal votara, até então, a sua própria instrução e a do Brasil, as medidas executadas pelo ministro de D. José I, Marquês de Pombal. Mas, não satisfaziam, nem preenchiam as lacunas deixadas no ensino com a expulsão da Companhia de Jesus.
“Nas principais cidades, criaram-se as primeiras cadeiras régis. Abrem-se ao mesmo tempo, classes de primeiras letras e cursos de latim, gramática portuguesa, geometria, matemática elementar, geografia, retórica, filosofia e grego. (03)
Apesar disso, porém, os estabelecimentos religiosos continuaram por muito tempo, os melhores centros de educação da juventude. O clero mantinha ainda a primazia educativa; não só o monástico, mas também o secular, que prosseguiram, infiltrando na vida colonial as suas opulências espirituais, quer diretamente, através de preparo, muitas vezes invulgar dos mestres que ocupavam as catedrais de ensino, quer pelo desenvolvimento intelectual que atingiram os principais vultos da nossa literatura colonial, todos eles, como vimos plasmados no ambiente da educação clerical. Merecem ser relembrados aqueles famosos atos públicos de exames finais, tão admirados nas crônicas de visitantes ilustres. “Eram verdadeiras juntas intelectuais, assistidas com interesse pela melhor gente do lugar, as quais, além de revelarem o bom aproveitamento dos estudantes graduados, não raro terminavam em porfiado debate de conhecimento humanístico e teológico, travado entre os examinadores convidados e os próprios professores.(04)
A educação como herança:
Nas famílias abastadas, o primogênito, herdeiro da terra, seguia o destino paterno; o segundo, esse ia estudar na Europa. O terceiro, entrava para a Igreja.
“A Universidade era um ideal comum; a magistratura, o canonicato, honravam por seus privilégios, elevavam o homem a um nível egrégio, davam-lhe principalmente, na colônia, uma eminente situação a par dos cargos de governo”.(05)
E isso já constituía motivo de orgulho para as principais famílias do período Colonial.
Voltando ao Brasil depois de formado, os estudantes patrícios, animados desse sentimento patriótico de libertar-se do jogo Português e influenciados pelas doutrinas políticas que empolgavam a Europa, para aqui traziam as idéias em voga, conjuntamente aos planos de emancipação, acalentados entusiasticamente nas folgas do estudo. Anunciavam ao Brasil a epopéia da liberdade norte-americana, enquanto incentivavam a rotina da colônia suas novas idéias revolucionárias.
Mas, foram poucos os brasileiros dominados por essas idéias. A maioria seguiram as tradições paternas de serem donos de terras, jesuítas ou padres e magistrados.
Nesse ambiente, saturado de doutrinas revolucionárias, ressurgem o sentimento nativista de um século atrás: brasileiros levantavam-se contra portugueses, acusando-os de monopolizar os melhores empregos civis e militares as mais altas patentes. Como também o comercio sob o controle português. Tudo de bom e rendoso estavam em mãos portuguesa e inglesa.
E assim, nasceram as idéias revolucionárias francesas: Liberdade e Igualdade. São os princípios fundamentais de além mar a se infiltrar nos ideais brasileiros. Trazida pelos estudantes brasileiros radicais na Europa e Coimbra, recém formados ou formados residentes no Brasil.
“Remonta a muito antes de 1827, a idéia de estabelecer-se, no Brasil, o ensino superior. Em 1776, os franceses conseguiram ver aprovado os estatutos de um curso que seria sem dúvida, o primeiro ensaio de ensino universitário entre nós”.(06) Mas nada foi resolvido.
Com o rompimento dos laços que nos prendiam à metrópole em referência aos ensinamentos. Começou a evidenciar-se a necessidade de cursos superiores que nos libertassem de Coimbra e dos demais centros estrangeiros de preparação da mocidade brasileira.
Coube à Bahia em 1808, a criação da Escola de Cirurgia e Anatomia, que viria a ser mais tarde a gloriosa Faculdade de Medicina. E a do Rio de Janeiro, criada em 1809- ambas funcionavam em dependências dos Hospitais Militares. Pela reestruturação, foram transformadas em Faculdades por decreto de 26 de abril de 1854.
Foi com a insistência dos inigistas, aqui da Bahia, em logar permissão oficial de Roma e de Lisboa, para a criação de uma Universidade- nesta cidade de Salvador. Levou reiterados pedidos durante 353 longos anos, para ser concretizado a UNIVERSIDADE DA BAHIA em 1946 (02.06.1946). Como também, foram criadas as duas primeiras Faculdades Jurídicas do Brasil, sendo uma no Recife e outra em São Paulo, depois no Rio de Janeiro e mais tarde na Bahia.
É BOM LEMBRAR:
“A Bahia tinha um centro intelectual bastante apreciável e cuja intensidade se estende até 1870. É o período em que pontificam D. Romualdo de Seixas, Frei Itaparica e Frei Raimundo Nonato, na oratória sacra; Fernando da Cunha, João Barbosa, Landulfo Medrado e Vitor de Oliveira, na oratória política; Guedes Cabral, na imprensa partidária; Agrário de Menezes, na dramatologia; Muniz Barreto, o repentista consagrado; Manoel Pessoa da Silva, satírico; Junqueira Freire, Laurindo Rabelo e Augusto de Mendonça, Ataliba e Malaquias Santos, no ensino médio. (“Renato Bahia- O Estudante na História Nacional”).
Em 1845, Abílio César Borges, fundara o “Instituto Literário da Bahia”. Em 1849, surgira “O Ateneu”, dirigido por Sacramento Blake, então, aluno do curso médico – era o primeiro jornal de estudante da Província. Outros, apareceram depois, em 1853, “O Acadêmico” em 1856, “O Estudante” periódico semanal, progressista. (Fonte extraída do livro: “O Estudante na História Nacional – autor: Renato Bahia – publicado em 1954 em SSA/BA. (08)
“No ano de 1874 , existiam na Bahia, 377 escolas de ensino primário, sendo 266 para o sexo masculino e 111 para o feminino, classificadas em 1ª, 2ª, e 3ª ordem.
Tem na capital 11 escolas noturnas sendo do governo e 4 particulares. Possui mais duas escolas normais para homens e para mulheres 1 externato, sendo externas e meio- pensionistas.
Para a instrução secundária, tem 1 Liceu, fundado no Hospício de Na. Sa. da Palma, designado pelo aviso de 30 de janeiro de 1837 e onde se lecionam os preparativos exigidos nas Faculdades do Império e outras matérias que fazem parte, obrigatórias em bacharelado.
Existem também muitas escolas particulares tanto na Capital como nas cidades e vilas do interior.
Os principais colégios da Capital são para meninos: Pedro II, Sete de Setembro, São João, São José, Ginásio Brasileiro, Alemão, Atheneo Baiano, Sto. Antonio, São Francisco, São Pedro, Bahia, Escola Comercial, São Vicente de Paulo, Paraense.
Possui mais um Liceu de Arte e Ofício, inaugurado em 20 de outubro de 1872- funcionando diurno e noturno. Para a instrução superior possui a Bahia de uma Faculdade de Medicina com curso de 6 anos. Habilita os candidatos ao exercício desta ciência tão útil e humanitária”.( “A Província da Bahia” – Manoel Jesuíno Ferreira)
Como vemos, a educação sempre foi relegado a planos secundários do nosso Governo. Só a partir da década de 50 foi que teve impulso com novas reformas. Até chegar em Anísio Teixeira o grande reformador. Daí até os anos de 1970 esses melhoramentos foram obtidos para logo em seguida, cair abruptamente para dar novos conceitos a promessas de políticos demagogos.
Hoje estamos com a nossa educação para os nossos jovens em grande debate nacional. Esperamos para ver.
Trabalho de Pesquisa
Álvaro Bento Marques
Em 30.10.2005
Bibliografia:
01- Pedro Calmon, “Espírito da Sociedade Colonial” págs. 114 à 120.
02- Pedro Calmon, idem, idem.
03- Moreira Azevedo, “Revista da Inst. Geog. e Hist. do Brasil” tomo 55.
04- Afonso E. Taunay, “Estudos da História Paulista”, 1927 págs 96/97.
05- Pedro Calmon, pág. 81, idem, idem.
06- Publicação do Arquivo Nacional, em 1922 artigo. No ano de 1922 vida pedagógica.
07- Alberto Silva – “Raízes Históricas da Universidade da Bahia”.
08- Renato Bahia- “O Estudante na História Nacional” – pub. 1954.

2 comentários:

  1. Excelente texto, este tema precisa ser mais difundido entre a juventude baiana.
    Biblioteca do Paiaiá.
    @bibliotecadepaiaia.

    ResponderExcluir
  2. O autor do texto favor entrar em contato comigo pelo whatsapp 75998718173, porque gostaria de fazer uma live sobre tema do texto pela @bibliotecadepaiaia
    Atenciosamente,
    Geraldo Prado

    ResponderExcluir