quarta-feira, 6 de abril de 2011

A HISTÓRIA DO ABOLICIONISTA LUIS GONZAGA PINTO DA GAMA


Luis Gonzaga Pinto da Gama nasceu em Salvador/BA. No dia 21.06.1830 e morreu no dia 24.07.1882 na cidade de São Paulo. Não era formado em Direito, na realidade era um rábula (assistia ás aulas de Direito como convidado) e defendia as causas da libertação dos escravos com brilhantismo. Era autodidata, trabalhava na impressa de jornais paulista, poeta e escritor.
É necessário que leia o livro: “ O Precursor do Abolicionismo no Brasil” – autor Sud Mennucci – publicado em 1938. A vida de Luis Gama, já foi biografada por vários historiadores e a sua origem nunca foi bem esclarecida. Não estou querendo desmerecer os méritos do grande defensor dos escravos, mas a História põe em dúvidas. Mesmo porque, na época da escravatura, o escravo e alforriado como também os descendentes só tinham valor comercialmente e o jovem, garoto (moleque) escravo, tinha mais valor do que um adulto. Seria natural que o suposto pai de Luis Gama lhe vendesse. Havia grande interesse do proprietário do escravo em ensinar ao jovem um ofício seja qual for ou vários, além de ser-lhe útil o seu preço dobraria. Não era crime, tudo que fizesse mal ao escravo, tudo era possível desde quando tenha o conhecimento e autorização do proprietário. Os pais de escravo nada podiam fazer em benefícios do filho, até a sua origem africana quando chegava de viagem ao porto do Brasil não era bem esclarecida. Os mercadores de escravos escondiam dos compradores as verdadeiras origens, porque havia interesses em escravos novos, perfeitos, dóceis, angolanos, jejes, tapas, bônus, congoleses, minas, moçambique e todos da região sudaneses. Como também, os mercadores tinham dificuldades para entender os vários dialetos de nações africanas. Por isso, preferiam receber e negociar os da Costa da África era os mais solicitados pelos compradores portugueses, os mais entendidos na língua Yorubá. Mas, os africanos distinguiam-se por dialetos e hábitos ancestrais. Chegavam aqui, sem lei e sem documentos.
O Luis Gama foi vendido pelo pai, segundo consta no livro de Edson Carneiro “Antologia do Negro Brasileiro” “quando ele já era livre e a mãe chamava-se Luizia Mehin de nação nagô(assim chamado na Bahia, refere-se a todos os africanos que fala a língua yorubá a mais falada na Bahia) Morava próximo a Igreja da Palma, na antiga rua do Bângala, hoje rua Luis Gama, no prédio nº 1 – está assinalado em placa dizendo: Nesta casa em 21.06.1830 nasceu livre Luis Gonzaga Pinto da Gama, filho de Luizia Mehin”. Está não é a Luiza Mahin que foi arrolada no processo do “Levante dos Malês” em 1835 na Bahia, participou junto com outras mulheres do movimento, foi presa e deportada, era alforriada, é outra história. Acredito até que houve erro de ortografia em referência ao nome.
Tenho um trabalho que ainda não foi publicado intitulado formalmente: “Bahia. Seu berço e sua alma” em datilografia e que não tive oportunidade para maiores vôos. Refere-se ao tema central do povoamento da Bahia em época Colonial até ao fim da escravidão. Neste termo acima tenho dúvidas em relação a paternidade de Luis Gama ou seja Luis Gonzaga Pinto da Gama por ser este nome de batismo de origem portuguesa e católico autorizado pelo primeiro proprietário do nascimento de Luiz Gama.
O Ministro da Fazenda Ruy Barbosa, mandou por decreto de 14 de dezembro de 1890 e a circular nº 29 de 13 de maio de 1891 destruir, queimar, todos os documentos históricos alfandegários os “assentos” dos senhores, os livros de matrículas de escravos as taxas do fisco e tudo que se refere a escravidão no Brasil e os órgãos públicos assim procederam juntamente com o povo. O que restou é muito pouco sobre a quantidade e a origem dos escravos africanos vindo ao Brasil.
O excelentíssimo Ministro quis apagar com gesto nobre uma mancha enorme na nossa República mais não apagou da nossa memória, ele aleijou a nossa História. “A intenção fora a mais generosa possível, mas o prejuízo histórico foi lastimável. Os poucos documentos que se salvaram não permitiram que se reconstituísse com fidelidade toda uma larga fase da HISTÓRIA BRASILEIRA.” (frases do livro:”O Negro na Civilização Brasileira” – autor Arthur Ramos) Independente disso, foram queimados em praça pública (séculos atrás) livros e documentos pelos invasores holandeses que encontraram nas Igrejas, Conventos e Prefeituras. Não bastando tudo isso, houve incêndios na biblioteca do Colégio dos jesuítas e muitos anos depois na antiga Biblioteca Pública do Estado isto já causa uma perda enorme de informações documentais. Resta os Arquivos Públicos preservarem o que sobram conjuntamente a acervos particulares.
É bom deixar bem claro, que o negro africano escravo no Brasil e seus descendentes contribuiram e muito pela formação do povo brasileiro, juntamente com os índios nativos e os brancos portuguese.
Álvaro Bento Marques

Um comentário:

  1. Que maravilha poder ter acesso a reflexões tão profunda que na maioria das vezes passa fora da história oficial do país. O professor Alvaro escreve/reescreve com profundidade e clareza coisa que nem todos os ditos "doutores" tem feito. Abraços.
    Analia Santana

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