segunda-feira, 24 de maio de 2010

O TORÇO, O PANO DA COSTA E OS ADEREÇOS - USO E COSTUME DO NEGRO NA BAHIA

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O TORÇO: - “ Seja de origem portuguesa, conforme presumimos, seja de origem africana, através dos pretos maometanos, como também, razões para se admitir, o turbante do traje das baianas veio até nossos dias em várias regiões do país, com especificação na Bahia.”
Mais de uma razão leva a crioula a conservar a cabeça protegida graciosamente com um torço. A primeira razão será sem dúvida a de resguardá-la contra as inclemências do sol tropical, contra o sereno e contra a chuva; é a razão de ordem higiênica. Mas há também razões de ordem religiosa, que são muitas, e das quais bastará citar apenas uma para se fazer idéia de sua importância. Realmente, como senão com um turbante, poderia sair à rua a filha de santo(abian) que por isso está com a cabeça raspada?
Filhas de santo antigas falam em que havia um modelo de torço para cada uma das diferentes etnias radicado na Bahia. e principalmente em Salvador; Torço gêge, torço ketu, torço ijexá, torço angola, torço congo, torço háussa em cerimônia cobria o rosto, torço mina, torço bantu e etc. Também falam numa correlação entre o tipo de torço e a posição da pessoa dentro do culto, ou de relação entre o torço e a divindade “orixá” a que se está consagrado. Tal analogia abrangeria tanto o formato do pano como seu colorido e o modo de amarrá-lo”.
( Fonte extraída do livro: “ O Torço da baiana” desenho de Caribe e texto de José Valladares )
publicado em 1952 – Ba.
Esse hábito de Torço é ancestral, fortemente usado em Salvador e cidades do recôncavo no passado não somente por causa do culto Candomblé, mas no seu dia a dia, dentro da casa e fora da casa era usado normalmente, principalmente por vendedeiras que além do torço conservavam uma rodilha de pano para apoiar o tabuleiro de mercadorias, lata de água, trouxa de roupas e outros objetos.
Pano da Costa ou manto: Também de uso ancestral, faz parte da indumentária das filhas de santo no Candomblé. No passado era em pano de algodão grosso, listrado em cores, tamanho e largura variável, jogado no ombro esquerdo ou direito preso as duas extremidades abaixo da cintura ou todo amarrado em volta da cintura. Esse Pano tinha por finalidade amarrar o filho nas costas em transporte ou cobrir as suas costas quando necessário. A maneira do uso caracterizava o seu étnico. Pano da Costa assim chamado por ser de origem de Costa da Mina e Costa de Ouro regiões da África. Como também, interpretado por historiadores do nosso passado como “ pano usado nas costas”.
Adereços: Tem sua conotação no sincretismo e nas superstições enraizado no escravo vindo da África para o Brasil. Principalmente nas mulheres em uso no seu balangandã em dias de festas.
Cachimbo: Havia vários formatos e eram confeccionados em barro cozido (cerâmica), madeira, chifre de animais, raízes de árvores e etc. Havia o comércio do cachimbo, fabricado aqui, por escravos e índios. Como também vinham da Europa cachimbos de várias procedências. Era comum ver-se pelas ruas, mulheres e homens trabalhadores ou não com cachimbos no beiço a tragar o fumo pilado. Negos, índios e brancos tinham esse hábito porque na Bahia havia o cultivo do fumo para exportação de qualidade muito boa.
O cachimbo faz parte do ritual sagrado dos povos ameríndios significando para algumas culturas, a união do mundo terrestre ( representado pelas folhas ) com o celeste ( representado
pela fumaça ). Também existe nos cultos africanos o uso do cachimbo em que a fumaça tem efeito místico.
Dança: Os negros escravos e forros manifestavam-se suas dores no canto, na música e na dança; Bangulê – dança com os pés e sapateados. Catugejê – dança com música. Eram muitas as canções populares quando reunidos em circulo, geralmente tinha dança ou capoeira, comum ouvir está canção popular:
"Bamba sinhá"
Bamba querê
Bamba obá
Catuguejê.”
Quando não tinham instrumentos musicais, eles faziam o compasso batendo suas mãos uma na outra juntamente com os pés, provocando assim o som desejado. No ritual do culto o som dos atabaques era um chamariz é lá que à dança se expressa nos seus orixás.
O samba tão brasileiro hoje é de origem dos escravos brasileiros, os chamados de “crioulos” nascidos no Brasil.
No livro de Edson Carneiro – “Samba de Umbigada” publicado em 196l. Ele esclarece as danças com instrumentos em várias etnias: Quizomba – dança de pares – origem congolesa
Tambi- dança de funerais, congolesa. Cafuinha – dança com facas. Lambaré – dança em circulo de homens e mulheres com pés descalço a bater no chão. Landú – dança remexendo os quadris com os corpos colados. Batucar, fazer som com os instrumentos. Zambê – pequenos tambores. Bambelô – dança de côco. Na Bahia as danças mais conhecidas são: Samba de Roda, Corta-jaca (separa-o-visgo, apanha o bago ) corrida, samba miudinho.
Trabalho de pesquisa - Álvaro
NOTA COMPLEMENTAR SOBRE A ESCRAVIDÃO NO BRASIL:
( OPINIÃO DO PESQUISADOR)
Eram alegres e tristes quando necessário, submissos e revoltados pelos castigos das chibatas e outros instrumentos de torturas. Homens e mulheres marcados pelo peso do preconceito brutal do branco em que achavam o negro inferior, igualando ao animal de carga. E o branco não entendia que na sua veia corria a mesma cor de sangue. Triste passado dos meus ancestrais. A Justiça chegou tardio para uma causa tão nobre e humana. Que jamais poderá ser esquecido.
Álvaro B.Marques.
SSA,30.05.2008

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