segunda-feira, 24 de maio de 2010

GANHADEIRA OU VENDEIRA

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GANHADEIRA OU VENDEDEIRA: Eram assim chamadas às mulheres que vendiam as suas mercadorias pelas ruas, cantarolando o produto e a qualidade dessas com entoação especial, chamavam a atenção de todos. Já nas primeiras horas da manhã surgiam as ganhadeiras com grandes panelas de flanges com mingaus, cada uma mercando seus sabores: mungunzá com leite de coco, mingau de carimã, mingau de milho verde, mingau de acaçá. Depois iam surgindo outras com tabuleiros, contendo cuscuz, banana cozida,batata doce, inhame, arroz doce de beber e de cortar, canjica, beijú variados, lêlê, pamonha e outros comestíveis para o café. Mais tarde, aparecia os balaios e os tabuleiros com verduras, frutas, acaçás em vários sabores, acarajés, abarás e os peixes fresco. Sempre se encontrava nas esquinas ou nos largos as vendedeiras chamadas de “fateiras” que vendiam miúdos de porco e fatos, fígados e testículos de boi. Nas proximidades da hora do almoço, iam aparecendo nas portas dos Colégios às mulheres com caixas apropriadas nas quais traziam todas as iguarias de doces e queimados, muito apreciados pelas crianças.
Não faltando nessas horas ouvir as vozes das mulheres mercando os peixes frescos e de boa qualidade. Principalmente as desejosas pititingas.
As mercadorias citadas eram de especialidade de cada africana ou mulata que sendo livre podia vender por conta própria e se fosse escrava venderia para a sua yayá ou seu yoyó. Geralmente em seus tabuleiros tinham uma pequena cruz de madeira e um galho de arruda, para espantar os maus olhados, como diziam. A superstição dominava o povo africano, principalmente nos dias de más vendas.
Havia na Capital, em determinadas praças públicas os chamados Quiosque, barracas de madeira com cobertura de telha de barro ou palha de palmeira, presa em barrote de madeira para sustentação do telhado. Era visto nesse local as africanas venderem fatos e verduras frescas. Principalmente nos horários da manhã, as vozes mercantes ouviam longe.
(Texto extraído do livro: “ Vida e Passado de Santo Amaro” – autor: Herundino da Costa Leal págns. 53 a 60)
OS GANHADORES
Para os homens escravos e alforriados, eram designados trabalhos pesados, por exemplo, os pequenos carretos eram conduzidos por “ganhadores”, as mudanças todas transportadas na cabeça, os negros tinham este hábito de carregar tudo na cabeça. O mais interessante, era o transporte de piano. Seis “ganhadores” equilibravam a luxuosa peça e em passos cadenciado de marca, conduzia o instrumento à cantarolar em yorubá(nagô): “oibô iatodgi
ungia quetô nodgê
agô, agô, agô um quê.”
Chamados também de “nego de canto”. Era um grupo de “ganhadores” de Nação Ketu, não se misturavam com outros grupos. Só eles eram escolhidos entre se para ser chefe do grupo e os únicos que faziam este tipo de serviço.
Havia nesta época, o transporte era de carroças e carroções, puxado por tração animal, burro, cavalo ou boi. Mas em se tratando de peças de luxo os donos preferiam o carreto de “nego de canto” por ser mais confiável. Imagine o esforço desses homens subindo e descendo ladeiras de pedras redondas e irregulares, com pés descalço, nas ruas estreitas de Salvador. Eram homens altos e fortes, escolhidos a dedo para este serviço e não negavam qualquer tipo de trabalho, era o seu ganha pão. Outros preferiam trabalhar em ofício ou artesão.
(Fonte do livro: “ Vultos, Fatos e Coisas da Bahia” – autor: Carlos Torres)
Fonte de pesquisa de Álvaro B. Marques.
SSA,15.07.2007

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