terça-feira, 27 de março de 2012


O PASSADO HISTÓRICO DA IMPRENSA E JORNAIS DA BAHIA.
                                DE  1811 A 1936
A carta régia de 6 de julho de 1747, proibiu o uso da Imprensa no Brasil em todo o período Colonial. Com a vinda de D. João VI e a sua comitiva, foi concedida por Carta Régia a abertura dos portos e a implantação da Imprensa no Brasil em 1808. Em 5 de fevereiro de 1811, concedeu licença a Manoel Antonio da Silva Serva, para montar uma oficina tipográfica.
“Tendo chegado da Europa a tipografia, foi montada a oficina em um dos “Arcos de Santa Bárbara” na freguesia da Conceição da Praia, no comércio”
Começou logo a funcionar, dando luz a várias publicações, hoje talvez muito rara como o “Plano para o Estabelecimento da Biblioteca Pública na Cidade da Bahia de Todos os Santos”.
O conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito dita a portaria que regulariza a Imprensa e determina regras que deve ser vista, para o relator No dia 14 de maio de 1811, surgiu o primeiro jornal baiano, “A Idade de Ouro”. Saía duas vezes por semana, às terças e sextas feiras, ao preço de 60 réis o exemplar e assinatura anual era de 8$000 réis, em pequeno formato, publicava notícias oficiais, comerciais e suas importações e exportações, sendo seus artigos sujeitos a Comissão de Censura. Durante muitos anos, até 1820, foi o único representante do jornalismo baiano. A tipografia funcionou até 1821, como proprietário Manoel Serva e por sua morte passou a viúva Serva e Carvalho depois viúva Serva e Filhos, sempre no mesmo endereço. Seus filhos José Antonio da Silva Serva e Manoel Antonio da Silva Serva constituíram outros estabelecimentos distintos. Mas sempre eles foram dedicados ao jornalismo.
O jornal “A Idade de Ouro”, periódico, trazia entre as duas primeiras palavras na capa o titulo, as armas reais e mais abaixo os versos de Sá de Miranda: “Falai em tudo verdade a quem em tudo as deveis”. Redigido pelo Bacharel Diogo Soares da Silva Bivar e o padre Ignácio José de Macedo, a “Idade de Ouro do Brasil” teve sua prolongada publicação até 24 de junho de 1823 e nos últimos três anos o periódico fez parte ativa nas lutas políticas da época, era conservador e estritamente a favor da coroa portuguesa. Assim teve confronto com o Diário Constitucional, órgão nacionalista, (1821 à 1822) nascido da iniciativa de Francisco José Corte Real, mais conhecido por Corte Imperial e redigido com brilho e denodo, por ele e por Francisco Gomes Brandão Montezuma, José Avelino Barbosa e Euzébio Venâncio. Também fez parte o tipógrafo Álvaro da Costa que fugiu desta cidade para levar as notícias da invasão da ilha para os itaparicanos em janeiro de 1823. Em 1822 passou a chamar-se “O Constitucional” só durou até 30 de agosto de 1822, fechado pelas tropas lusitanas estimulada por um português chamado “Ruivo”.
Sentinela da Liberdade”- Redigido por Cipriano José Barata de Almeida no cárcere do Quartel General de Pirajá em 1831 à 1834. Anterior a este chamava-se “Liberal” como também teve o nome de “Novo Sentinela da Liberdade” em cada fechamento do seu jornal ele abria outro com o mesmo timbre de revolucionário.
Diário da Bahia – Fundado em 1856 da firma de Manuel Jesuino Ferreira e Cia. Passou para Dr. Demétrio Cyriaco Tourinho. Em 1868, passou a ser sociedade anônima e foi órgão do Partido Liberal até a extinção desse partido. Teve como redatores: Conselheiro Dantas, Rodolfo Dantas, Ruy Barbosa, Belarmino Barreto, Augusto Guimarães, Severino Vieira, Aurelino Leal, Carlos Ribeiro, Carlos Brandão e outros. Foi órgão oficial de 1900 a 1907 em 1912 paralisou-se.
Gazeta da Tarde – Começou a funcionar em 1880 até 1889, jornal abolicionista de Pompilho Santa Cruz.
Estado da Bahia – Saiu o primeiro número em 1853, com o nome de “Jornal da Bahia” e pertencia ao Partido Conservador. Em 1879 passou a chamar-se “Gazeta da Bahia” e em 1890 já estava com o nome de “Estado da Bahia”
Jornal de Notícias – Fundado em 1878, reformado em 1886 e em 1889 obteve medalha de ouro na Exposição Universal .Aloysio de Carvalho e Irmãos.
Diário de Notícias – Publicado em primeiro de março de 1875 fundado por Manoel da Silva Lopes Cardoso.
Correio de Notícias – Constituído em 28 de abril de 1892. Foi órgão oficial até 1900.
O Monitor – Constituído em 1876 à 1881 foi órgão do Partido Liberal dissidente. Redigido por várias personalidades da época, dentre eles Belarmino Barreto, Pedro Antonio Falcão Brandão, Antonio Eusébio de Almeida e Antonio Alves de Carvalho.
As Chonicas – Saía sempre aos domingos, redigido pelo médico Dr. Carvalhal, muito apreciado pela sua veia humorista.
Gazeta da Bahia – Órgão do Partido Conservador, iniciou a publicação em 1879 a 1890. Era redigido pelos Drs. José Eduardo Freire de Carvalho, João Martins da Silva Telles, João Augusto Neiva, José Luiz de Azevedo, Américo de Souza Gomes, José Eduardo Freire de Carvalho Filho e Romualdo de Seixas Filho.
O Guaycurú – Fundado em 24 de agosto de 1870 de propriedade do Dr. José Álvares do Amaral. Por várias vezes teve advertência pela censura.
A República Federal – Fundado em 1888 a 1890 – Órgão do Clube Republicano Federal, destinado a propaganda Repubicana. Redadores: Landulfo Medrado, Cosme Moreira, Virgílio de Lemos, Eudoro Valle e Carlos Afonso.
Pequeno Jornal – Sua primeira publicação foi no ano de 1880 até 1892. Redatores: Eduardo Carigé, Dr. Antonio José de Mello, Cézar Zama e Cerqueira Lima.
O República – Fundado em 1897 até 1898. Órgão do Partido Constitucional. Era seus proprietários; Dr. José Gonçalves da Silva e o Barão de Jeremoabo Dr. Cícero Dantas Martins. Teve como redator o Dr. Odilon Santos.
O Tempo – Em 1901 deu inicio a sua publicação, teve como chefe da redação o Dr. Telemont Fontes. Com vida curta e no ano de 1917 existiu outro Jornal com o mesmo nome no Governo do Dr. Antonio Moniz.
O Norte – Fundado em 1905 até 1907, redatores Drs. Joaquim Pires Moniz de Carvalho, Luiz Pinto de Carvalho, Rodrigo Brandão e Antonio Moniz.
Gazeta do Povo – Deu inicio a sua publicação em 1905 a 1911 teve como redatores:  Virgílio de Lemos e Octávio Mangabeira. Já em 1910, passou a ser órgão do Partido Democrata e teve como redatores Drs. Pinto de Carvalho, Antonio Moniz, Simões Filho, Octávio Mangabeira e Xavier Marques.
O Dia             - Publicado em 1908 teve como redator Dr. Baptista de Oliveira.
Jornal do Povo – Publicado em 1906, redatores Drs. Aurelino Leal e Gilberto Velloso.
Jornal da Manhã – Publicado em 1908 até 1909, redator-chefe Dr. Ervídio Filho.
A Bahia – Órgão oficial, teve inicio a sua publicação em 1907 até 1912.
A Tarde – Fundado em 1912 no dia 15 de outubro por Ernestro Simões Filho.
O Democrata – Fundado em 1916. Este foi o jornal chamado Democrata o mais novo teve vida curta e o mais antigo também com o mesmo nome fundado em 1833 até 1836, republicano. Redator Domingos Guedes Cabral.
O Jornal – Fundado em 1925, levou poucos meses de vida.
O Imperial – Fundado em 1920 até o ano de 1933 circulava.
A Era Nova – Fundado em 1930 também teve vida curta.
Alabama – Fundado em 1872 como redatores: José Marques de Souza e Aristides Ricardo de Sant’Anna. Vida curta.
Jornal da Bahia – Fundado em 1872, redator Francisco José da Rocha. Teve pouco tempo em circulação.
Correia da Bahia – Fundado em 1872, redator-proprietário Inocêncio Marques de Araújo Góes Júnior.
Diário do Povo – Fundado em 4 de maio de 1883 proprietário Francisco Beltrão redator.
Os Jornais tiveram sempre mudanças de propriedade como no caso dos Jornais: Diário de Notícias= Manoel da Silva Lopes Cardoso. Diário da Bahia= Augusto Alves Guimarães. Gazeta da Tarde= Pampilho  de Santa Cruz.
Nota: Os Jornais baianos no século 19 faziam anúncios de escravos fugidos publicavam sempre escritos nesses termos, essas palavras: mucambas, moleque, bonita peça, rapaz pardinho, rapariga de casa de família e outros pejorativos muito comuns na época da escravidão. Sua maior atenção eram os anúncios comerciais que sustentavam os jornais.
Faço lembrar que todos os Jornais na Bahia no século 19 tiveram vida muito curta. Sendo o principal motivo o alto custo do papel na importação e o preço cobrado ao consumidor não era suficiente para cobrir todas as despesas. Quando fechava um abria outro, sempre acrescentando ou destituindo-se um sócio. Havia nos jornais caricaturas de políticos com motivos humorista. O único com vida longa neste período foi o Diário da Bahia – Fundado em 1856 até 1912. Hoje o mais antigo da Bahia é o Jornal A TARDE  que foi fundado em 15 de outubro de 1912 vai completar 100 anos no mês de outubro deste ano 2012. Parabéns, antecipado, querido Jornal.
“A primeira Revista de Agricultura no Brasil, foi a baiana em 1832 até 1836. O “Jornal da Sociedade de Agricultura, Comércio e Indústria da Província da Bahia” sendo o primeiro presidente Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá antigo companheiro de José Bonifácio. Permaneceu o Jornal até 1836. Funcionou no salão do Convento de São Francisco”. (Afrânio Peixoto, “Livro de Horas”)
“Em 1936, havia três vespertinos diários: “A Tarde” publicado na praça Castro Alves. O “Estado da Bahia”, publicado na rua Portugal, nº 6 – Comércio. O “Diário de Notícias”, publicado na rua Santos Drumont, nº 21 Comércio. Havia também dois matutinos: “O Imparcial”, publicado na rua Ruy Barbosa, nº 3 e o “Diário da Bahia” no inicio da rua Carlos Gomes, nº79. Publicavam-se com grande acompanhamento quatro Revistas mensais: “Única” fundada em 1929 – “Revista da Bahia”, fundada em 1935 “Bahia Rural” fundada em 1930 e o Boletim da “Associação Comercial da Bahia” cujo primeiro número saiu em 1910 e o último deixou de circular em 1932 mas foi substituído por Revista em 1977 até nossos dias.
Comentários do autor: Naquela época a população de Salvador era bem menor do que hoje, e o povo era ávidos por notícias, tendo a leitura o seu melhor divertimento. Contavam também com o hábito de ouvir as notícias pelo rádio de cabeceira de cama. Muito popular no Brasil e de grande participação nos meios de comunicações. Por isso, acho que no passado não muito distante, os redatores de jornais tinham mais coragem e polidez para criticar, acusar e derrubar políticos duvidosos. Dizer sempre a verdade, nada mais que a verdade importa. O jornalismo, sendo por sua finalidade um gênero útil a toda sociedade, no estrito dever de orientar, esclarecer e divulgar opiniões concretas ao leitor. É bom lembrar que: Palavras são palavras, meramente palavras. Sem as palavras o homem não sabe si expressar o que seus sentimentos pedem. É necessário pensar, sentir e falar.
Estevão Cruz em sua opinião diz: “O Jornal é uma publicação, diária ou periódica, de índole diversa, mas sempre de interesse geral. Pode ser político, literário, artístico e comercial etc., mas a sua missão é sempre orientar a opinião pública”. (“Programa de Vernáculo”-Estevão Cruz)
A VOZ DA IMPRENSA
“Certamente a imprensa que é o mais poderoso meio de educar e civilizar os povos, assim como de formar e dirigir a opinião; a imprensa que é a mais eficaz das garantias do direito e da liberdade; a imprensa que é a mais excelente e profícuo instrumento do progresso social, não pode desviar-se mais de seus altos destinos, nem servir a causa menos pobre.”
“A imprensa não foi inventada para os opressores, mas para a liberdade dos oprimidos, para a justiça, para a instrução, para a verdade das vozes presas nas gargantas daqueles que buscam a liberdade de opiniões.” ”(Texto extraído do livro: “A Escravidão o Clero e o Abolicionismo” autor: Luis Anselmo da Fonseca – publicado em 1887 na Bahia).
Em 1870 fundou-se a Associação Tipográfica da Bahia até a década de 30 quando foi extinta gradualmente essa instituição por força da implantação de novo sistema de impressão fotoquímico. (A Tipografia na Bahia/Ipanema)
Fonte Bibliográfica: A Margem da História da Bahia – autor: Francisco Borges de Barros
Anuário da Imprensa Baiana de 1811 á 1911.
A História da Imprensa na Bahia – (de 1811 á 1930)
Livro de Horas – autor: Afrânio Peixoto.
A Escravidão o Clero e o Abolicionismo – autor: Luis Anselmo da Fonseca
A Tipografia na Bahia – autor: Marcelo Ipanema e Cybelle.
Álvaro B. Marques



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