segunda-feira, 25 de julho de 2011

A ARTE E A IMAGEM PERDIDA DOS DEUSES AFRICANOS NA BAHIA.


A ARTE E A IMAGEM PERDIDA DOS DEUSES AFRICANOS NA BAHIA.

O escravo africano revelou na arte da escultura em madeira, nas horas de folga, a dor e a esperança de sair do cativeiro. Lembrando as imagens dos seus Deuses africanos e reproduziu o melhor para colocar no Peji do seu santuário. A madeira era vasta e fácil dentro da mata envolta da cidade, mas era difícil a pratica do ritual sagrado porque o senhor do escravo era católico e não entendia a cultura africana, não permitia. Somente em alguns casos o nhô (como era chamado o dono do escravo pelo africano) admitia nas folgas dos dias santos e domingos realizarem os batuques. Lembrava da terra, sua morada, seus familiares, sua cultura e seus Deuses. Esses Deuses, suas imagens eram constantemente suplicados em pensamentos durante todo o cativeiro. E lá na mata, ainda intocada pelo homem, invocaram no clamor da clandestinidade os toques dos tambores em linguagem dos Deuses, saíram os rituais na música e no corpo a dança suas únicas expressões. Havia essa necessidade urgente de comunicação com os Deuses e que fora interrompida por várias vezes em brutais assaltos e destruições dos objetos sagrados dos orixás.
O medo da repressão era grande, teve os lideres das seitas o cuidado em medidas de proteção para esconder as imagens e objetos considerados “nocivos e participantes de movimentos de revoltas” era o que os senhores de escravos e autoridades da época Colonial pensavam das reuniões dos escravos. Quando um líder da seita antes de morrer pedia que se não pudesse permanecer as imagens na seita que fossem colocadas no mar. E assim foram encontradas por pescadores e mesmo na areia da praia, algumas imagens que retornaram ao culto. Imagens em diversas formas em tamanhos e corpo com expressões faciais diferentes. A proibição chegou até o inicio do século XX e assim mesmo não era aceita pelos católicos, tinham pavor. Mas já nesta época as imagens totêmicas esculpidas por escravos da sua seita não existia. Porém, nem todas as religiões africanas eram totêmicas, cada etnia vinda trazia no sentimento os seus Deuses com nomes diferentes e aqui foram semelhantes em rituais diferentes. Mas não podiam exercer os seus cultos com liberdade eram interpretados como “ritos satânicos” pela igreja e mau visto por católicos. Quando os primeiros toques saídos do tambor chamado "batacotó" anunciando o culto já eram ouvidos por adeptos e pela repressão que imediatamente seguia a direção dos sons dos instrumentos e davam fim ao culto, invadiam o local, quebravam e destruíam tudo que eles achavam que era objeto de feitiçaria. Prendiam os lideres e por vezes adeptos. Mas com toda a violência os Deuses africanos permaneceram no Candomblé com algumas características renovadas em virtude da fusão da cultura de outras etnias que também incorporaram  com liberdade na cultura brasileira. Perdeu muito a originalidade durante o período escravocrata da arte primitiva dos ancestrais escravos no Brasil por causa da repreenção e da ignorância dos senhores. Para isso, contribuiu e muito no passado os negros católicos que praticavam o culto dos orixás e formaram suas Irmandades Religiosas nas Igrejas Católicas, dando apoio as duas religiões. As imagens dos Deuses africanos do passado remoto já não tinha e não é mais cultuada na Bahia e pouco sabemos sobre essas imagens. Entretanto na Casa de Benin (museu) no Tapoão/ Pelourinho há duas ou três imagens que representam um dos Deuses africanos. Porém, o Candomblé floresceu da maneira dos grupos Yorubá angolanos e jêjes vindos com os escravos para fortalecer a hegemonia religiosa da Bahia.
Álvaro B. Marques
Ssa. 22.07.2011

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