quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

JESUITA ALEXANDRE DE GUSMÃO

JESUITA ALEXANDRE DE GUSMÃO – nasceu em 1629 em Portugal e morreu no Seminário de Belém no dia 15 de março de 1724 com 95 anos. Foi um pedagogo e um educador, doutrina e exercício, teoria e prática. Escreveu os livros: “Árvore da Vida, Jesus Crucificado”, “O Corvo e a Pomba de Noé”(Lisboa,1734), “Rosa de Nazaré nas Montanhas de Hebron”, “ A Virgem de N.Sª da Companhia de Jesus”(Lisboa,1715)

“História do Predestinado do Peregrino”(1728) “Arte de Criar Bem os Filhos na Idade da Puerícia”, editado em Lisboa no ano de 1685 . Lançando com esses livros a Pedagogia intercalar. Portando, grande novidade, primeiras obras nesse gênero no Brasil, obras raras, mesmo em Portugal. É considerado o percussor da puericultura no Brasil.

Padre Gusmão, tinha convicção profunda sobre a educação, não só para a vida religiosa como também para a sociedade. O Seminário de Belém concorreu para a educação do Brasil, no começo do século XVIII.

O Seminário de Belém foi fundado com o nome de Escola Provincial no ano de 1686, grande escola à margem do Rio Paraguaçú, caminho de Cachoeira. Estabelecimento considerado sui generis, entre as casas ou noviciados de educação dos leigos da Companhia. Concorriam os alunos de toda parte do Brasil, principalmente dos recôncavos baianos, pobres e filhos de fazendeiros. Saem do Seminário com o saber das humanidades concluídas. Para serem admitidos na Companhia de Jesus (Colégio dos Jesuítas) e em outras ordens regulares como na Universidade de Coimbra. Assim, o Seminário é religioso e leigo. É o primeiro internato estabelecido no Brasil, por iniciativa particular se fundou e viveu uma instituição escolar, onde por espaço de 73 anos receberam a primeira educação e ensino cerca de 1.500 estudantes, filhos do Brasil, que ilustraram depois a diversas carreiras.

A Bahia se orgulha desta instituição nobre e da fama do Padre Alexandre de Gusmão, sua vida e suas obras. (Fonte do livro: “Livro de Horas” – autor: Afrânio Peixoto)

“Construiu o Seminário e a Igreja com “esmola” e doações, desenhou traços da Igreja e do Seminário. Era exímio na arte cerâmica. Construiu o retábulo do altar- mór com mestria.Por decisões do Marquês de Pombal, D. Sebastião José de Carvalho e Mello (n.1699 e m.1782-Lisboa) consta no Instrumento de Inventário e Seqüestro dos bens do período 1759-1760 os bens: ornamentos em prata e ouro em alfaias, 5 fazendas de gado e numerosos escravos feito em hasta pública todo o patrimônio revertido para a Coroa.”

(Fonte: Alberto Rabello no seu discurso de ingresso no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – sob o Seminário de Belém de Cachoeira e do padre Bartholomeu Lourenço)

NOTA DO PESQUISADOR: O Seminário de Belém, em Cachoeira não existe mais. Ficou a Igreja de Nossa Senhora de Belém, para comprovar a História, simples e abandonada, um golpe duríssimo que os jesuítas receberam do Marquês de Pombal em 1759. Eliminaram o berço da educação no Brasil.

DESAMBIGUAÇÃO: Alexandre de Gusmão - Diplomata, luso-brasileiro.Nascido no Brasil colônia em 1695 e morreu em 1753 com 58 anos.

Alexandre de Gusmão - jesuita português - nasceu em Lisboa no ano de 1629 e morreu em 1724 com 95 anos.

É BOM SABER:

Conforme narrativa de Affonso Costa no seu discurso no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia que se encontra no livro “O Seminário de Belém de Cachoeira e o Padre Bartholomeu Lourenço (erradamente chamado de Gusmão). Em sessão de 14 de maio de 1916. É confirmado que o Bartholomeu Lourenço foi seminarista de Belém, discípulo do jesuíta padre Alexandre de Gusmão seu padrinho e protetor. Como grande admirador adotou o sobrenome de Gusmão em referencia a sincera amizade. Na ascendência do padre “voador” assim chamado, por ter inventado o balão ou aeróstatos, não consta na família o nome de Gusmão.

O primeiro dos seus inventos, foi o mecanismo que canalizava água para o Seminário vindo de rio mais próximo. Podendo ser do lago ou mar, a altura que pretendesse. Sua idéia beneficiou vários Conventos, Igrejas e Engenhos causando admiração de todos.”

Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

SOLAR BARÃO DO RIO REAL


Situado na rua Almeida Couto, nº 01 – Largo de Nazaré “ construção do século XVIII e reformado no início do século XIX – Nota nesse casarão o mirante já implantado na construção civil da época em várias residências.”( frases do IPHAN, ficha do imóvel ).
Pertenceu ao Barão do Rio Real– José Dantas dos Imperiais Itapicurú ou como era chamado Dr. José Dantas Itapicurú, 1º barão do Rio Real, nasceu no dia 19 de março de 1798 no engenho Camuciatá, município de Itapicurú. Faleceu no dia 10 de novembro de 1862, nesta capital, e sepultado no cemitério do Campo Santo. Foi juiz em Itapicurú, agraciado barão. Filho legítimo de José d’Antas e Francisca de Sousa, casou em 1ª núpcias com D. Ana Ferreira de Jesus Velloso, não teve filhos, na 2ª núpcias casou com D. Eliza Pitanga Dantas, faleceu na Capital em 12 de junho de 1902, deixando quatro filho a saber: João Gualberto Dantas com 22 anos ( futuro 2º barão do Rio Real )
José Dantas Itapicurú com 21 anos
Maria Leopoldina Dantas com 18 anos
Praxeres Pitanga Dantas com 13 anos.
(Fonte, inventário pág.2 do livro de Inventário de José Dantas Itapicurú em 23 de agosto de 1902 – Itapicurú )
Assim sendo, é natural que o barão e sua família, sempre quando vinham para a Capital (Salvador) ficaram estabelecidos no casarão do bairro de Nazaré. Este Solar ou casarão, foi tombado pelo IPHAN sob nº 32 do livro de Belas Artes, fls,07 em 20.04.1938 (Arquitetura civil do período Colonial) cadastro imobiliário nº 20314 – Processo nº 118-T “ Tombado em agosto de 1937 sob nº 32 – época século XVIII (1748 mais ou menos).”Poucas referencias seguras sobre esse prédio. Conseguimos saber que ele seria um dos 3 edificios primitivos do bairro de Nazaré. Parece que, mais tarde, em pleno século XIX sofreu pequenas modificações. Estas, porém de natureza mais ornamental, longe de prejudicar, antes lhe aumentaram a discreta elegância de legitima casa palaciana.”
As anotações acima, estão registradas na ficha do imóvel mencionado, pelo arquiteto fiscal.
O imóvel passou por vários locatários. Foi pousada dos padres da Congregação das Missões. Em 29 de dezembro de 1944 pertenceu a D. Almerinda Martins Catarino da Silva. Já em fevereiro de 1945 pertenceu ao Colégio N. Sª de Lourdes e Escola Técnica. Depois em 11,08.95 foi transferido ao Colégio Democrata e novamente abandonado. Hoje esse casarão está sob a locação, segundo informações do IPHAN a um comerciante de antiguidade que por sua vez, ainda não abriu a porta.
NOTA DE ESCLARECIMENTO:
Certas pessoas de pensamentos Liberais da época substituíam os sobrenomes portugueses por um nativista, era comum esse sentimento para se identificar melhor, por exemplos: Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, advogado, jurista e político baiano, defensor da independência, visconde de Jequitinhonha – nome de batismo Francisco Gomes Brandão (Gê ou Jê homenagem ao índio brasileiro e Montezuma advém do Imperador Mexicano. Acayaba palavra de origem indígena Tupi)
Francisco Cortes Real, depois Corte Imperial editor do jornal “constitucional” principal jornal dos interesses baianos.
Padre Manoel José de Freitas Batista Mascarenhas, passou a ser Manuel Dendê Bus em homenagem aos africanos da Bahia e o seu “azeite de dendê”. Vigário da Igreja da Conceição da Praia, figura do movimento libertador de 1822. Esses são um dos casos de centenas de outros como forma de protesto ao regime Imperial. Não seria contrario o Dr. José Dantas dos Imperiais Itapicurú, acrescentando em seu nome o local de morada. Como também a sua esposa passa a ter “Pitanga” no nome, referindo-se a uma frutinha regional e baiana muito conhecida.
Visitei o casarão do barão do Rio Real no bairro de Nazaré em 2007. Na ocasião a porta estava aberta e deparei com o ex-Diretor do Colégio N.Sª de Lourdes, ex- locatário do imóvel que estava recolhendo ainda, documentos de ex-alunos e estava passando o imóvel para o referido comerciante de antiguidade. Percorri o casarão que tinha vários objetos e móveis amontoados e vi uma escada belíssima de madeira de lei. Fui até a parte inferior do casarão chamado de “socavão”, local amplo com pouca circulação de ar, lá nas paredes sem cor, úmidas, se encontravam argolas de ferro presas na parede, visível instrumento de suplício para prender escravos e no chão outros objetos que não consegui identificar. É lamentável o descaso público e oficial do governo com o patrimônio histórico de grande interesse.
É BOM SABER:  Constatei na Pasta - maço nº1575 referente as Sociedades Beneficentes - Seção do Arquivo Colonial e Provincial do Arquivo Público do Estado da Bahia as seguintes informações: "Faz menção a construção do Palacete Geremoabo na rua Cova da Onça em 21,01.1677". Está referência é o Palacete da rua Almeida Couto, 01 no Bairro de Nazaré - endereço de hoje.
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O ESTRAGO APÓS A ABOLIÇÃO DOS ESCRAVOS


SEGUNDO UM CAFEICULTOR – SÉCULO XIX.
Vamos acompanhar suas palavras: “ A Lei de 13 de maio de 1888, veio a ser para mim, assim como foi para outros lavradores, um golpe duríssimo. A minha fortuna que em 1885 eu havia avaliado em cento e setenta contos de réis, desceu logo e por assim dizer de uma só vez cerca de uns trinta contos de réis, e ainda assim puramente nominais, foi eliminado sem deixar o menor resíduo o valor dos escravos, é que o valor da terra descia a cem mil reis o alqueire e até mesmo a menos, e o do pé de café a cem réis e alguns a cinqüenta e a vinte réis. Por outro lado, nem mesmo por esses preços os compradores apareciam.
É preocupante, ver-se da noite para o dia aniquilado o fruto de tantos anos de esforços, de privações e até mesmo de capitais, pois que na minha lavoura eu havia aplicado a pequena herança de meus pais, o pequeno dote de minha mulher e um grande número de contos de réis que eu havia ganhado pelos serviços de advocacia e por outros modos de trabalho. Não é, com efeito causa com que facilmente se possa resignar, sobretudo quando se vê que a causa principal do tal golpe, não passou de uma sórdida ambição de um grande número de interesse inconfessável e quando aqueles que haviam vibrado esse tão rude e tão tremendo golpe, continuavam sempre a se conservar no seu mais completo “bem bom” e que em lugar de consolar ou de condoerem, pelo contrário riam-se das suas vítimas.
Felizmente, resignado e arruinado, reconheço que é absolutamente inútil procurar remédio. A Abolição estava para mim neste caso e tendo deste logo, reconhecido, que independentemente do grande mal, que teria para o futuro de se converter em um grande bem, nem mesmo para os outros, aqueles que se tornavam uma conseqüência imediata do primeiro, isto é, que nem mesmo para a reorganização da minha lavoura eu poderia descobrir um remédio qualquer, e quem além de pronto, fosse ao mesmo tempo convenientemente acertado, deste logo, também resolvi entregar-me de olhos fechados nas mãos da providência. Felizmente, porém ainda para mim, os meus libertos declararam-me que nem um só deles se retiraria, sem que primeiro  houvesse colhido o meu café. E com efeito, não só o cumpriram como seguiram as regras do antigo regime e da disciplina.
Quando concluíram a colheita, é que então, foram reuniram-se ás suas famílias, ou para terem consciência, era natural, de que se achavam livre. Foram pouco a pouco se retirando, mas dando-lhes eu condução e saindo todos na mais perfeita paz comigo. Afinal, fiquei reduzido a um que havia sido o meu primeiro escravo e que se chamava Antonio e a duas que servia dentro de casa, mucambas, uma delas se chamava Inocência, está foi ama de um dos meus filhos, preferiu ficar comigo a ir para a companhia da mãe que havia conseguido reunir toda a família e com muita insistência para que a Inocência fosse morar com ela.
As maiores fazendas de café, haviam perdido todas as suas colheitas por não encontrar quem colher, falta de braços. E muitas foram pagas por dividas com Bancos, acarretando desespero em famílias tradicionais.
Em abril de 1889, fui ao Juiz de Fora, buscar alguns colonos italianos, e creio que não fui infeliz na escolha. Foi isto uma simples experiência e por hora ainda não sei absolutamente o que terei que fazer para o futuro. Sejam, porém, quais foram as vantagens do serviço livre; um fato para mim está desde já verificado e vem a ser bem ou mal, o escravo trabalha muito mais que o homem livre, principalmente estrangeiro. Uma vez que o seu trabalho seja em feitoria.
A segunda Lei Saraiva como vulgarmente se chama, e tendo essa lei fixado o preço do escravo emancipado, muito inferior a metade do valor atual, isto já foi grande desfalque que se deu na fortuna do fazendeiro. E essa conseqüência provocou muita desavença entre escravo e proprietário. Os escravos querendo a sua carta de alforria dentro da Lei Saraiva. Geraram vários conflitos e fugas para os Quilombos, mortes de fazendeiros e determinações judiciais. Para se ter uma idéia, um escravo moço, sem defeito, custava na lavoura de café de Minas Gerais, no ano de 1885 mais ou menos 1.500$00 (hum mil e quientos contos de réis) e a mulher nova de 2.000$00 (dois mil contos de réis), sendo o homem com ofício o valor chegava a 2.500$00 (dois mil e quientos contos de réis). Depois baixou abruptamente para 800$00, l.00$00 e até 500$00 os negros já não queriam mais saber de lavoura só pensavam em garimpar ir para os fundos dos serrados mineiros.
A Abolição, filha de múltiplos interesses, do servilismo e da especulação, tal como foi feito, muito pouco teve o ideal. Pois, deixou rastos maléficos e prejuízos irreparáveis aos fazendeiros, senhores de engenhos e todos aqueles que tinham escravos. Por outro lado, os escravos não foram preparados para serem livres, numa sociedade ainda dominada em pensamentos extremamente agrícolas, oligarquia, patriarcais e conservadoras. Muitos escravos, aqueles que tinham algum ofício se deram bem, outros preferiram ficar com seus senhores, trabalhando para eles em troca de comida e outras migalhas. Alguns preferiram ser vendeiros ou vendeiras. Outros por quentões sentimentais permaneceram sem exigir nada e poucos obtiveram a sorte de juntar dinheiro e foram mais adiante ser comerciante os chamados “letrados” e a grande maioria sem instrução, doentes a viverem mendigando pelas ruas. Alguns outros voltaram para a África com seus próprios recursos.
Esse foi o quadro degradante nos primeiros anos após a Abolição da Escravatura no Brasil. A liberdade veio trazendo misérias para uma Nação em agonia. Foi tardio, mas um mal necessário”
Trabalho de pesquisa de Álvaro B. Marques - mantido o português da época, fiel ao original.
Fonte do livro “Minhas Recordações” – autor: Francisco de Paula Ferreira de Rezende.
Págs.437 a 442 – capítulo III – publicado em 1944.
N.B.: O autor deste livro descreveu a sua vida pregresso na cidade de “Campana” norte do interior de Minas Gerais, entre os anos de 1830 a 1890

RESUMO DOS GRANDES ACONTECIMENTOS NA BAHIA SÉCULO XIX


A Independência da Bahia em 1822
A Revolta dos Malês em 1835 ( promovida por africanos mulçumanos)
O mata-maroto ( reações no comércio contra os portugueses ) em 1831
A Revolta da Sabinada em 1837 – (movimento pela Federação)
O renascimento financeiro de 1840
A crise de 1846. Financeira e econômica.
A cólera-morbo, de 1855 a 1856 (epidemia que vitimou mais de 30.000 mil baianos na capital e interior)."O cholera morbus é uma infecção intestinal aguda causada pelo Vibrio cholerae que é uma bactéria capaz de produzir uma enterotoxina que causa vômitos, diarréias se multiplica com muita rapidez.A sua transmissão e diretamente dos dejetos fecais de um doente por ingestão oral, principalmente em água contaminada".
A guerra do Paraguai ( e suas conseqüências em 5 anos ).
A crise agrícola: algodão, moléstia da cana em 1873 e a concorrência do açúcar brasileiro com o fabrico de açúcar extraído da beterraba feito pela Inglaterra, em suas ilhas de possessões.
A abolição dos escravos em 1888 ( e suas conseqüências internas).
A seca no sertão baiano de 1889.
O desespero das empresas e a falência em 1891 ( a crise iniciou em 1873 a 1890 )
A guerra de Canudos, chamada de “o extermínio sem causa” em 1897.
Outra devastadora seca de 1898 a 1899.
Ano importante, socialmente foi 1890 é a Declaração da Liberdade de Todos os Cultos Religiosos e a Separação da Igreja do Estado, regulamentando-se em conseqüência ao Registro de Nascimento, Casamento e Batismo. São essas obrigações da Igreja Católica no Brasil. Foi um marco histórico.
COISA DIGNA DE NOTA: Durante o período que compreende o fim do século XVIII e o princípio do século XIX, formou-se neste país um espírito de Independência e Liberdade, como aprovam a Conspiração Republicana de 1798 (Conspiração dos Alfaiates ou Revolta da Sabinada ), a Revolução de 10 de fevereiro de 1821 e a Independência, os movimentos federalistas de 1831, 32 e 33.
Trabalho de pesquisa – Álvaro B. Marques – Fonte: “Vida Econômica e Financeira da Bahia no período de 1874 a 1922 – autor: Francisco Marques de Góes Calmon.
“Anais do Segundo Congresso de História da Bahia” publicado. Em 1952.
Livro Revista do Instituto Histórico e Geografico da Bahia nº46.